Professor Francisco Paulo
O emprego da vírgula está relacionado com a estrutura sintática da oração. Talvez por isso o uso seja difícil para quem não sabe análise sintática.
A vírgula serve para assinalar as pausas e inflexões da voz (fluência fonética), para esclarecer o sentido de uma frase (evitar ambiguidades do pensamento do leitor) e para separar palavras ou expressões e orações que o escritor quer destacar (ênfase).
Orações grafadas em ordem direta dos termos − sujeito-predicado-complemento (SPC)* – facilita o uso da vírgula, pois tal sequência inibe ambiguidades de sentido.
Diversos autores contam histórias para mostrar como o emprego incorreto da vírgula, às vezes, muda completamente o sentido de uma oração.
Para não fugir à regra, relato um caso interessante que se passou com o amigo e mestre José Raimundo, ilustre professor da UDF, que cumulava a função de titular de certa disciplina com a de coordenador de estágios.
Certa vez um aluno recorreu do resultado de uma avaliação que lhe parecia injusta, pois o professor não considerara uma resposta escrita no verso da prova.
O professor analisou o recurso com a acuidade e o senso de justiça que lhe eram peculiares, concluindo que assistia razão ao aluno.
O ilustre mestre, assoberbado pelas tarefas de leitura de monografias, recorrera a seu filho para digitar o texto. Assim, enquanto o nobre José Raimundo ditava seus considerandos e parecer final, o petiz escrevia o que entendia.
O menino, de apenas onze anos, fora bem na digitação, exceto no despacho final, pois grafara:
“Corrigir impossível, reprovar o aluno”.
Meticuloso que era, o professor revisou o texto e pediu ao filho que corrigisse o veredito, que era:
“Corrigir, impossível reprovar o aluno”.
E assim fez a revisão. O aluno foi aprovado.
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*SPC: (Serviço de Proteção ao Crédito) macete para que os alunos decorem a sequência lógica de uma oração em ordem direta = Sujeito − Predicado − Complemento.
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