Cleiton Leal
O orelhão de telefone
tem a voz do povo
e a inércia e solidão da rua,
é mais um esquecido
que ninguém ouve.
Um objeto projetado
para ouvir e falar
tudo que está errado...
O orelhão de telefone
presta atenção na fome
do pedestre sem lar,
da injustiça que assume
a violência de cada lugar.
O orelhão de telefone
é o passado diante do futuro.
Ele ouve a fúria dos homens
e o choro das mulheres,
tenta discar o número
porque todos os celulares
estão ocupados filmando...
os olhares da vida artificial.
O orelhão de telefone
é um psicólogo social.
A escuta coletiva dos excluídos.
(Do Almanaque Gaúcho de Zero Hora)
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