De novo, fui ao norte do Estado. Era
uma sexta-feira e chovia um pouco. Como não estava ao volante, dediquei-me a
ver a paisagem verdejante enquanto a brisa de fim de tarde me trazia o ar úmido
das cercanias.
Interessante como um pouco de chuva
fina torna verde das matas bem mais cintilante, mais vivo. Os tufos de capim,
que sem dúvida estavam a ponto de secar, estão agora viçosos, robustos. A paisagem
irradia vida.
Aqui e ali, estradinhas (aquelas de
que tanto gosto), aparecem e desaparecem, circundando barrancos avermelhados.
Nela vemos sulcos provocados pelas carroças, todos agora cheios d’água de
chuva.
Pinheiros estremecem com a brisa e
lançam nuvens molhadas para o solo, parecendo tiritar de frio. Como se
desenvolvem em grupo, deixam a impressão de que procuram se aquecer uns aos
outros.
Logo aparece a via férrea de bitola
simples. Os trilhos brilham com a fraca luz da tarde que morre. Logo, avisto o
tremzinho, com poucos vagões, todos de carga, que se arrasta lentamente, como se
quisesse, como eu, sentir toda magia que o local, a hora, a chuva, irradiam.
Fim de tarde chuvoso, triste e
terrivelmente lindo.
A chuva aumenta. Fecho o vidro do
carro. No rádio, está tocando “Dream a Little Dream of Me”.
Tudo a ver.
Clarival Vilaça
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