Rafael Barifouse da BBC Brasil
Uma seleção de palavras para quando você precisar xingar alguém, mas não quiser descer do salto.
Abantesma: Assombração, figura que assusta, espectro. Pessoa cuja presença causa desconforto, repugnância. Vem do grego phántasma.
Bonifrate: Boneco articulado e movido para representar cenas. Pessoa dócil que age comandada por outro. Fantoche. A origem do termo é nebulosa, mas parece que seja derivada do latim: bônus + frater − bom irmão.
Concupiscente:
Pessoa que tem desejo irrefreável pelo gozo. Luxurioso, lascivo. Essa ânsia
pode ser por bens materiais ou pela posse sexual. Ou por ambas simultaneamente.
Um concupiscente é voraz, tarado. O conhecimento exato do termo, em alguns
ambientes sociais, pode transformá-lo
Dendroclasta: Destruidor de árvores, agressor da natureza. Do grego dendron − árvore − e klatos − quebrado.
Espurco: Sujo, sórdido, torpe, que vive na espurcícia. Vale para o indivíduo que aprecia a imundície e se apresenta imundo. Usa-se, ainda, para a pessoa moralmente suja. “Nasceu e cresceu num chiqueiro moral e é tão espurco quanto o meio onde vive.”
Futre: Do francês, froutre. Homem desprezível, vil. Pode, também, ser sinônimo de avarento.
Grasnador: Indivíduo que fala com voz desagradável, que grasna como o corvo ou o pato.
Histrião: No antigo teatro romano, o histrione era o comediante que representava farsas. Designa o sujeito ridículo, farsante, palhaço ou charlatão. “Foi eleito, mesmo sendo um histrião ou, talvez, por isso.”
Intrujão: Se um sujeito que se aproxima de um grupo e finge participar de seus valores e atividades com o objetivo de enganar os seus membros e obter vantagem para si próprio está cometendo uma intrujice. “Quem iria desconfiar daquele intrujão golpista? Ele parecia o mais bonzinho de todos...”
Jacobeu: Nome dado ao partidário de uma seita fanática que apareceu em Portugal no século 18. Acabou designando um sujeito hipócrita, falso.
Liliputiano:
Baixinho como os habitantes de Lilipute.
Misólogo: Quem tem aversão ao raciocínio, à lógica, à ciência. Do grego miséo − odiar + logos − palavra, estudo.
Nóxio: Nocivo.
Obnubilado: O que tem o pensamento obscuro e lento. Obnubilare, em latim, é “cobrir como nuvem”. Emprega-se no caso da incapacidade de enxergar com clareza. O obnubilado é o que está em campo escuro, sem a luminosidade necessária à visão.
Peralvilho: Indivíduo que se veste para estar elegante e só consegue ser ridículo. É o metido a elegante sem o ser. Janota, almofadinha.
Quebra-louças: Pessoa desastrada, que provoca confusão.
Réprobo: Perverso, malvado. Do latim, reprobu.
Soez: Vil, reles, ordinário.
Traga-mouros: Homem brutal, violento.
Usurário: Usura é palavra latina para juro de capital. O usurário é o que exige juros altos pelos empréstimos feitos a quem precisa de dinheiro. Agiota.
Valdevinos: Pode ser vagabundo, um esperto que vive à custa dos outros. Ou um doidivanas, amalucado. É derivado do nome próprio Balduíno ou Valdovinos, um cavalheiro que aparece nos romances de cavalaria que, em séculos passados, tornou-se popular. O personagem transformou-se em substantivo comum.
Xenômano: Quem tem mania por tudo que vem do exterior. É o oposto do xenófobo, que despreza o que é de fora. A xenomania leva o sujeito a gostar do ruim porque tem um rótulo estrangeiro e a menosprezar o melhor porque tem um rótulo com texto em sua própria língua.
Zoantropo: Pessoa perturbada mentalmente que se sente transformada em um animal. Vítima de zoantropia. Do grego zôon − ser vivo + ánthropos − ser humano.
Fonte: Dicionário Brasileiro de Insultos (2002, Ateliê Editorial)
Xingando um presidente, qualquer presidente...
“Esse futre e espurco dendroclasta, misólogo nóxio, peralvilho soez, abantesma zoantropo, está a ustular numa aravia mesta, como grazina a engodar, cainhando num estorcegar não mais homiziado, mas achavascado, a ensejar um acoimar com acrimônia no intuito de coarctar a compunção desse descoco sem pejo, porém percuciente e perengue, sem pospor, mas precatando o prélio que antevejo rutilar sem safa, no plenilúnio da vesânia de um valdedino valetudinárico, useiro e vezeiro no vilipêndio do calão.”
(Do blog do Eduardo Affonso)
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