segunda-feira, 26 de junho de 2023

Noite de São João

 Paulo Mendes

Imagem do Diário Gaúcho 

A fogueira estava acesa

Era festa de São João

Bochincho bem animado

Xiru de gaita na mão.

Milho, pipoca, amendoim,

Canha, canjica e pinhão. 

A piazada no terreiro,

Gritaria e confusão

Faziam a maior bagunça

Alguns soltavam balão

Outros atiçavam cuscos

Nos gatos lá do porão. 

Os velhos davam risadas

Sob o caramanchão

Queriam dançar c'as velhas

Apagavam o lampião

Se ouvia até o arrastar

Das botas no vaneirão. 

Mas que festança buenaça

Que era feita no rincão

Muita alegria e fuzarca

E quitutes de montão

Vinha gente de todo lado

A pé, trator, carroção. 

Cada um trazia algo

Faziam distribuição

Não cobravam nenhum pila

Era a maior diversão

Porque assim rezava o santo

A quem se tinha devoção. 

Hoje só guardo saudade

Das festas de São João

Daquele primeiro beijo

Na filha do Sebastião

Não arde mais a fogueira

Só cinzas no coração.

(Em Campereada, no Correio do Povo, 25 de junho de 2023)

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