Dimas Costa
Chinoca, meiga, trigueira,
Descendentes das
missões,
Exigente nas
lições,
Reclama e briga
por tudo.
Mas eu fico
sempre mudo
Ao ver aquela
carita,
Quando repreende
e grita,
Numa expressão
sedutora.
Essa é a
professora
Do colégio onde
estudo.
Que me importa com estudo
De história ou
geografia,
Se eu gosto é da
anatomia
Dessa prenda
encantadora.
Eu que sou índio
de fora
Meio matuto, por
certo,
Vou decorando o
alfabeto
Com muita
dificuldade,
Porque só
aprendo, é verdade,
Nas lições que
ela me dá,
Que coisa mais
linda não há
Do que os olhos
da professora.
Esses dias me surpreendeu,
Quando mui séria
ensinava,
Que apaixonado eu
a olhava
Sem escutar a sua
fala.
E, por assim eu
mirá-la
Acho que bem
entendeu,
Pois de pronto
enrubesceu
E tomando-me a
lição,
Diz que por falta
de atenção,
Me pôs pra fora
da aula.
Professora, professora,
Deixa de manha,
mimosa!
Chinoca quando é
dengosa
Ressalta mais o
primor.
Desculpa, mas
minha flor
Entende a minha
paixão:
Deixa pra lá essa
lição
E vem comigo,
querida,
Viver as coisas
da vida
Num recreio só de
amor...
Se tu quiseres mesmo
Unir-te em laços
eternos,
Bota fora os
cadernos
E vem seguir os
meus passos.
Se larguemo pelos
espaços
A procura de um
cantinho,
Onde ergueremos
um ninho
Debaixo do céu
aberto,
E eu morro
analfabeto
Só pra viver nos
teus braços!
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