Eduardo Hugbes
Galeano: 03.09.1940 − 13.04.2015,
Montevidéu, Uruguai.
Montevidéu, Uruguai.
“Somos o que fazemos, principalmente o que fazemos para
mudar o que somos.”
“Na parede de um botequim de
Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de
Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.
Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.”
“Na América Latina, a liberdade
de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou em jornais de
escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia: os
preços já os proíbem.”
“A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o
horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para
que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
“O corpo não é uma máquina como
nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.”
“Gente infeliz, essa que vive se comparando“,
lamenta uma mulher no bairro de Buceo, em Montevidéu. A dor de
já não ser, que outrora cantava o tango, deu lugar à vergonha de não ter. Um
homem pobre é um pobre homem. “Quando não tens nada, pensas que não vales
nada“, diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, em Buenos Aires. E
outro confirma, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: “Meus
irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas, e vivem suando
feito loucos para pagar as prestações.”
“As massas consumidoras recebem
ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto
quis e não pôde.”
“O mundo inteiro tende a
transformar-se em uma grande tela de televisão, na qual as coisas se olham, mas
não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços
públicos.”
“Mata-se muito à bala, vende-se
cada vez mais armas. Mata-se também de fome e de doenças curáveis. E matam o
ar, a água e a terra. E o mundo.”
“... quando Diego não conhecia o
mar e seu pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse a imensidão.
Viajaram para o sul. Quando o menino viu o mar, sentiu algo mais forte que ele
que ficou mudo de tanta beleza. “E quando finalmente conseguiu falar, tremendo,
gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar.”
“Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é
melhor calar e esperar.”
“Eu não acredito em caridade. Eu acredito
em
solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para
baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o
outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras.”
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