Programa e escalação
dos times
Grêmio:
Em pé: Kallfels,
Depperman e Becker.
No meio: Carls, Black
e Mostardeiro.
Sentados: Brochado,
Moreira, Booth, Schröder e Grünewald.
Diretor de campo
(capitão do time): Guilherme Kallfels
Internacional:
Em pé: Poppe II,
Portella e Simoni.
No meio: Vinhola,
Pires e Wetternich.
Sentados: Poppe I, Horácio,
Carvalho, Cezar e Mendonça.
Diretor de Campo
(capitão do time): José Eduardo Poppe
(...) A
Federação ao anunciar o jogo na quarta página de sua edição de 17 de julho
de 1909, um sábado (o jornal não circulava aos domingos), o periódico lançava
uma conclamação que, lida cem e dez anos depois sob a luz de uma das mais
ferrenhas rivalidades esportivas do Brasil, não deixa de soar irônica:
O
encontro de domingo será o mais brilhante para o melhor conceito do “foot-ball”
entre nós e deverá ser o exemplo para o maior estimulo e incentivo, que
romperão as rivalidades que existem, dando ao foot-ball seu completo
desenvolvimento.
Às
duas da tarde, os footballers rubros saíram em bonde expresso da sede
do club, na Avenida Redenção*, em direção ao Moinhos de Vento. Uma hora e
dez minutos depois, as duas equipes cruzaram lado a lado a roleta à margem do
campo e entraram no gramado, precedidas pelos respectivos presidentes e pela
banda da Brigada Militar. As 2 mil pessoas da assistência aplaudiram com
entusiasmo. Os jogadores do Grêmio ostentavam fardamento estilo inglês, com
camisas metade azul, metade branca, e calções pretos; os colorados, camisas
listradas de vermelho e branco e calções brancos, à moda italiana. O árbitro
foi Waldemar Bromberg, auxiliado por Castro Silva e Sommes (juízes linha) e
Theobaldo Förnges e Theobaldo Bugs (juízes de gol). Os juízes de gol ficavam
sentadinhos num banquinho ao lado das goleiras. Eram muito necessários por uma
razão bem simples: as goleiras ainda não estavam equipadas com redes. Aí,
qualquer chute que passasse próximo às traves originavam a maior discussão: foi
gol, não foi. Aos juízes de gol competia deliberar acerca dessas angustiantes
polêmicas.
Às
15h25min “foi dado o signal de kick-off” (pontapé inicial), batendo na
bola o center-forward Booth, do Grêmio. Nos primeiros minutos,
indecisão. O Grêmio estudava a força do adversário. Mas logo os “porto-alegrenses”,
como eram chamados os gremistas, tomaram conta da partida. Aos dez minutos,
Booth marcou o primeiro gol do jogo e da história do clássico Grenal. O goleiro
do Inter, Poppe II, até então bem na partida, começou a dar sinais de
nervosismo. Aos vinte ele tomou o segundo gol. O Grêmio faria um terceiro,
anulado por off-side (impedimento). O primeiro tempo terminou em 2 X
0.
Naquela
época, cada tempo durava quarenta minutos, às vezes só meia hora, com um
intervalo de dez minutos. O primeiro Grenal teve dois tempos de quarenta
minutos. O Grêmio voltou para o segundo período ainda mais empenhado em provar
a sua superioridade. O Inter tentou dois ataques, mas, em ambas as vezes, a
bola parou nas poças de lama do campo de defesa do Grêmio. Aos dez, quando os
gremistas ampliaram para 3 X 0, os colorados mostravam-se cansados. Só os forwards Mendonça,
Carvalho e Poppe I continuavam correndo. Foi uma tranquilidade para os bem
treinados e experientes jogadores do Grêmio. Em trinta minutos, assinalaram
sete gols. O jogo transcorreu todo no lado do campo do Internacional. Estava
tão fácil que o goleiro Kallfels e os beques Deppermann e Becker passaram
vários minutos conversando com os torcedores à beira do gramado. No dia
seguinte, o juiz Bromberg confessaria ter se cansado de dar a saída de jogo
tantas vezes. Quando ele encerrou a partida, o placar estava 10 X 0 para o
Grêmio.
O
campo foi invadido pela torcida, que carregou os jogadores do Grêmio sobre os
ombros. Às seis da tarde, juízes, jogadores e dirigentes foram até a sede dos
Atiradores Alemães, ao lado da Baixada, e lá beberam cerveja e bailaram até a
madrugada. Os colorados brindaram a homenagearam os vencedores, como rezava a
boa educação, e aproveitaram a festa.
Alguns,
contudo, se deixaram abater pela humilhação do primeiro Grenal. Caso do
presidente João Leopoldo Seferin. Aos poucos, desanimado, ele foi se afastando
do clube, dedicando-se mais ao seu trabalho na Phamacia Fischer. No final do
ano, entregaria a presidência em definitivo para Henrique Poppe. O time passou
três meses sem jogar, bem próximo do fechamento. O que não ocorreu devido à
fibra de alguns bravos. Com destaque para dois, entre eles: o maragato gritão
Antenor Lemos e o primeiro ídolo da torcida, Carlos Kluwe.
*Avenida
Redenção é a atual Avenida João Pessoa, ao lado do Parque Farroupilha
(Redenção).
Carlos Kluwe, no
centro da foto, ajoelhado, o primeiro craque colorado.
(Do livro “A História
dos Grenais”, de David Coimbra, Nico Noronha,
Mário Marcos de Souza, Carlos André Moreira)
triste por perdermos o primeiro classico da historia
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