Edson Aran
Se você acha que amar é tolice, bobagem e ilusão, é bossa
nova.
Se amar foi sua ruína, é samba-canção.
Se a ingrata deu pro Assum Preto, pro Pintassilgo e pro Ditão, é música
sertaneja.
Se você acordou de manhã se sentindo miserável, não é bossa
nova, é blues.
Se a última fileira do teatro consegue te escutar, não é
bossa nova.
Se a primeira também não escuta, é show do Philip Glass.
Se você vai à praia de tardinha para ver o barquinho, é
bossa nova.
Se você só viu barcão, solzão, canção ou outra coisa terminada em “ão”, é
samba-enredo.
Menos improvisação. Aí é jazz.
Música com maçã, Iansã e febre terçã, é coisa do Djavan.
Mas, se tiver pau, pedra e um resto de toco, é o fim do caminho.
Se você fica deprimido quando pensa no amor, é bossa nova.
Se você pensa no amor e fica deprimido, é impotência.
Se você é cantora e mostra o joelho, é bossa nova. Se mostra
a bunda, é axé music.
Se mostra que só sabe gemer com voz fina e estridente, é a Sandy. Ou o Junior.
Uma das duas.
Se as mulheres jogam calcinhas no palco quando você canta,
definitivamente não é bossa nova.
Se você é homem e tira a calcinha no palco, é Tropicalismo.
Se você é mulher e entra no palco sem calcinha, é a Lady Gaga.
Se ela passa num doce balanço a caminho do mar, é bossa
nova.
Se a sua alegria atravessou o mar, é outra coisa.
11 versos inéditos do Djavan
01 – Iansã / Sabor de febre terçã / Pera, uva ou maçã
02 – Anil cor de canil / Céu de barril / Pega no funil
03 – Festa de São João / Fanta com empadão / Vou soltar
rojão
04 – Dinossauro samurai / Barquinho vai / Enfia, amor, vai
05 – Mullah sem razão / Jihad de paixão / Ih, lá vai o avião
06 – Idade do céu / Sabor caramel / Me vê um chops e dois
pastel
07 – Tutu-marambá / Ioruba Babalorixá / Chega de blábláblá
08 – Mugido animal / Roupa no varal / Cadê meu Sonrisal?
09 – Mar de orgasmo / Índio pasmo / Aquele som do Erasmo
10 – Foi tão bom / Baile com acordeom / Respira fundo e fala
“Ooooommmm”
11 – Espada de sereia / Lua meio cheia / Óia lá a baleia
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