Pinturas de Jean Baptiste Debret*
O jantar
O jantar de um negociante era um
ato íntimo sem o menor vestígio de etiqueta. O patrão queria comer inteiramente
à vontade e já se preparando para o descanso que se seguia à refeição. A mulher
entretinha-se com seus negrinhos de estimação. O calor e as moscas exigiam a
presença de uma escrava com uma espécie de abano-espanador. Mulheres e crianças
comiam com os dedos.
Funcionário público saindo com a família
Esta é uma das mais divulgadas
litografias de Debret. O chefe da família, ao sair para um passeio, faz
observar uma rigorosa ordem de precedência. Ele, naturalmente, rompe a marcha.
Seguem-se os filhos, com os mais novos à frente, a mulher, já esperando outra
criança, sua criada de quarto. As amas, o criado do patrão e mais alguns
escravos do serviço doméstico. Esclarece o artista que esse costume alterou-se
durante sua estada, passando os homens a dar braço às mulheres.
Uma senhora brasileira em seu lar
O trabalho do lar ocupava a dona
da casa, as filhas e as escravas cada qual com suas atribuições especiais. Só
depois de 1830 a
educação musical e a leitura tornaram-se hábitos cultivados pelas famílias de
posses.
Loja de sapateiro
Debret manifestou espanto diante
do número considerável de pequenas fábricas de sapatos − especialmente
femininos − que encontrou ao chegar ao Rio de Janeiro. Nesta loja, um sapateiro
português castiga seu escravo dando-lhe uma série de “bolos” com uma
palmatória. A mulher, enquanto aleita a criança que traz no colo, espia,
curiosa, o castigo. À direita, os dois operários prosseguem, amedrontados, no
serviço. As plantas representadas na parte inferior da prancha fornecem a cola
destinada aos calçados
Negras vendedoras de angu
De longa data se encontraram nas
ruas do Rio de janeiro as vendedoras de angu. Começavam cedo suas atividades
que duravam o dia inteiro. Como se pode observar, alguns fregueses levavam de
casa suas sopeiras para enchê-las com o suculento petisco.
Barbeiros ambulantes
Estes barbeiros ambulantes tinham
grande freguesia entre os chamados negros de engenho (constituídos de
carregadores e de moços de recado), pedreiros, carpinteiros e marinheiros.
Conduzindo seus instrumentos aboletavam-se em qualquer local para exercerem
suas atividades. Segundo informações de Debret, eram obrigados a se
apresentarem duas vezes por dia na casa de seus senhores para se alimentarem e
entregarem o produto do trabalho.
O cirurgião negro
As moléstias mais comuns entre os
negros eram os furúnculos, as doenças venéreas, a sarna, a erisipela e a tuberculose
derivada, esta última, segundo Debret, do uso excessivo da cachaça. A cirurgia
consistia, via de regra, na aplicação de ventosas ou de bichas, acompanhada de
larga distribuição de amuletos.
Do livro:
“Debtret:
Todas as pranchas originais de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”
Todas as pranchas originais de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”
Com legendas de
Herculano Gomes Mathias,
(do Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro)
*Jean-Baptiste Debret (Paris,
França 1768 − idem 1848). Pintor, desenhista, gravador, professor, decorador,
cenógrafo.
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