sexta-feira, 24 de julho de 2020

A assinatura de um diretor



Hitchcock por Pino

Em quase todos os filmes de Alfred Hitchcock (1899-1980), ele aparecia, de maneira fugaz, numa das cenas da película. Vamos ver em quais filmes e em quais cenas ele apareceu.

Corpo presente


(Hitchcock passeando com dois cachorrinhos, em Os Pássaros)

Durante as filmagens de quarto filme, O Inquilino Sinistro (The Lodger), rodado na Inglaterra em 1926, Hitchcock descobriu, de repente, que precisava aumentar a figuração de uma cena. Sem tempo para contratar um extra, ele próprio sentou-se à mesa de uma redação de jornal, fingindo-se de repórter. Três anos e oito filmes depois, voltou a aparecer rapidamente numa cena de Chantagem e Confissão (Blackmail), lendo jornal no metrô, ao lado de um garoto irrequieto. Foi aí que tomou gosto pela brincadeira, transformando suas fugazes aparições numa espécie de assinatura, de marca registrada, cuidadosamente programadas para as primeiras cenas, a fim de evitar que os espectadores se distraíssem durante a projeção, à espera de sua passagem diante da câmera.

Hitchcock passa por uma rua em Assassinato (Murder, 1930), Os 39 Degraus, Festim Diabólico (Rope, 1948), Um Corpo que Cai e Intriga Internacional. Faz um fotógrafo desajeitado em Jovem e Inocente (Young and Innocent, 1937). Desfila por uma estação de trem em A Dama Oculta (The Lady Vanishes, 1938) e atrás de uma cabine de telefone em Rebeca, a Mulher Inesquecível. É visto jogando bridge num trem em A Sobra de uma Dúvida, saindo de um elevador em Quando Fala o Coração, bebendo champanhe em Interlúdio, ouvindo um discurso em Sob o Signo de Capricórnio (Under Capricorn) e carregando um violoncelo em Agonia de Amor (The Paradine Case, 1947) e um contrabaixo em Pacto Sinistro.


Hitchcock sentado num ônibus, ao lado de Cary Grant,
em Ladrão de Casaca (To Catch a Thief, 1955).

Em Tortura do Silêncio (I Confess, 1952), ele cruza o alto de uma escadaria no Quebec, e em Janela Indiscreta dá corda num relógio. Surge sentado num ônibus da Côte dʼAzur, ao lado de Cary Grant, em Ladrão de Casaca (To Catch a Thief, 1955), apreciando acrobatas marroquinos em O Homem que Sabia Demais (1956), parado numa calçada (com um chapéu de caubói) em Psicose (1960), passeando com dois cachorrinhos em Os Pássaros (The Birds, 1963), perambulando pelo corredor de um hotel em Marnie, com um bebê no colo em Cortina Rasgada (Torn Curtain, 1966), numa cadeira de rodas em Topázio e misturado aos circunstantes à beira do Tâmisa em na abertura de Frenesi. Em seu último filme, Relíquia Macabra (Family Plot, 1976), é apenas uma silhueta, atrás do vidro fosco de um cartório.

Por duas vezes apareceu apenas em fotografias: de uma festa de formatura, em Disque M para Matar (Dial M for Murder, 1954), e no anúncio de um remédio para emagrecimento, em Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat, 1943).


Hitchcock, numa fotografia de jornal,
quando não podia estar presente na cena
  
(O Show da Vida em Revista: Fantástico, abril de 2008)

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