quinta-feira, 16 de julho de 2020

Desvendando os medicamentos

Como as duas drogas agem no organismo

Por Larissa Roso


Cloroquina e Hidroxicloroquina

Indicações: Ambas são indicadas para o tratamento da malária, de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatóide e doenças fotossensíveis.

Contraindicações: São contraindicadas para quem já teve qualquer tipo de arritmia cardíaca (descompasso nos batimentos do coração), crianças, idosos, gestantes, lactantes, alérgicos a compostos da fórmula e doentes hepáticos (hepatites, cirrose). Pessoas que nunca tiveram problemas cardíacos − ou que não sabem que têm − também podem sofrer arritmias.

Por que foram cogitadas contra o coronavírus: Em experimentos laboratoriais, observou-se que vírus não se multiplicava por conta da ação anti-inflamatória dos fármacos, mas estudos com foco no coronavírus não conseguiram demonstrar eficácia.

Estudos: As duas drogas têm sido motivos de acirrada disputa cientifica desde que o coronavírus começou a se alastrar a partir da China, em dezembro passado. Até agora, não há uma pesquisa robusta e respeitável que sustente a indicação para utilização dessas substâncias tanto para casos leves quanto para quadros graves de covid-19. Diversas investigações foram interrompidas porque não estavam se mostrando promissoras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu suspender seus testes em diversos países.

Ivermectina

Indicações: É usado para combater lombriga, piolho, sarna e estrongiloidíase, uma infecção por parasitas intestinal que pode causar quadros bem graves, inclusive com comprometimento pulmonar. Também se aplica à oncocercose, conhecida como cegueira do rio, comum em certas regiões da África.

Contraindicações: São poucas, uma vez que se trata de um remédio considerado seguro quando ingerido nas doses adequadas. Doentes hepáticos graves (com cirrose, por exemplo) precisam ser bem orientados.

Por que foi cogitada para combater o coronavírus: Depois de descoberta, a droga ficou anos em stand by. Quando constado seu efeito sobre os vermes, passou a ser utilizada mais intensamente. Com o avanço das pesquisas com cultivo de vírus, testaram-se inúmeros medicamentos na tentativa de se descobrir quais seriam eficazes no combate a eles − aí se constatou que a ivermectina conseguia inibir o avanço e a multiplicação desses micro-organismos.

Estudos: Idealizado pela Universidade Federal de Pernambuco, um ensaio clínico randonizado (estudo em que os participantes são sorteados pelos pesquisadores) será realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Serão acompanhados pacientes infectados pelo coronavírus, com diferentes níveis de gravidade, em Recife, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Um grupo será medicado com ivermectina, e outro receberá placebo. A partir dos resultados, será possível determinar se o medicamento é eficaz contra a covid-19 ou não.

Fontes: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
e infectologista Cláudio Stadnik

(Do jornal Zero Hora, 16 de julho de 2020)


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