Cornélio Pires em uma de suas anedotas, registrada em livro, conta que um grã-fino, a passeio pelo interior, alugou um cavalo e saiu percorrendo os arredores da cidade, indo parar na casa do caipira. Bem acolhido, entrou e começou a examinar a sala. Ao notar que na parede havia numerosas fotografias, perguntou ao dono da casa:
- De quem é esse retrato?
- É retrato de mea mãe...
- E aquele outro?
- Aquele é de meu pai...
Finalmente, vendo a fotografia de um
burro bem escanelado com sete palmos de altura, arreio prateado, rédea
bambeada, peitoral enfeitado, perguntou:
- Esse também é da família?
- Nhor, não. Mercê tá enganado. Esse num é retrato.
- Quem é então?
- É espêio...
*****
Cornélio Pires nasceu no dia 13 de julho de 1884, na cidade paulista de Tietê, e morreu de câncer na laringe no dia 17 de novembro de 1958, na capital de São Paulo. Muito cedo, com 14, 15 anos, Cornélio deixou a tranqüilidade do lar e partiu para ganhar a vida, primeiro como biscateiro e aprendiz de tipógrafo, depois como jornalista, poeta, contista e folclorista. Publicou 23 livros, o primeiro em 1910. Fora isso, criou uma companhia de teatro e realizou quatro filmes sobre o dia-a-dia da gente caipira, que tão bem entendia. Em 1929, através do selo Columbia, representado no Brasil de então por Byington & Company – depois Continental e agora Warner Continental – conseguiu realizar o seu grande sonho, que era gravar em disco as diversas manifestações culturais e artísticas do povo.
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