sábado, 27 de abril de 2024

Chico Buarque fala sobre seu pai

 

Sérgio Buarque de Holanda e Chico Buarque 

“A partir da adolescência eu comecei a entrar no escritório dele, e a minha entrada foi pela porta da literatura. Ele não impunha nada, isso nunca. Mas a presença dele, daqueles livros todos, de certa forma despertavam curiosidade na gente. A maneira de eu me aproximar mais dele talvez tenha sido através da literatura. Então, já com meus 17 anos, não sei bem quando eu comecei a ler mais... Eu ia lá e perguntava. E ele me indicava isso, aquilo... A gente conversava, mas engraçado, nunca sobre História, que era a especialidade dele. E quando a gente perguntava alguma coisa sobre história era em função de trabalhos de escola. Mas ele era um péssimo professor pra gente, porque a gente precisava saber aquela coisa que se dava na escola. Ele entrava nos detalhes e se empolgava, entrava a fundo na matéria, de uma forma que pra gente não servia. Agora, na literatura, ele também sabia tudo e, comigo, o diálogo foi conquistante a partir desse momento. Eu comecei a me interessar. E me perguntei: eu estava mesmo interessado na literatura, ou interessado, através da literatura, em me afirmar diante do meu pai. Mas na literatura, você solicitando, ele foi um professor.” 

“Chico Buarque fala sobre seu pai”, matéria publicada na Folha da Manhã, domingo, 5 de julho de 1992. 

Sérgio Buarque de Holanda foi um historiador, sociólogo e escritor brasileiro. Foi também crítico literário, jornalista e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.  

Nascimento: 11 de julho de 1902, São Paulo, São Paulo.

Falecimento: 24 de abril de 1982, São Paulo, São Paulo.

Filhos: Chico Buarque, Miúcha, Álvaro Buarque, Maria do Carmo Buarque, Ana de Holanda, Cristina Buarque, Sérgio Buarque.

Netos: Bebel Gilberto, Helena Buarque, Luísa Buarque,

 


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