segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Grandes escritores brasileiros

 

Por Carlos Alberto Veit* 

São indiscutíveis os benefícios da leitura. Através dos livros expandimos nossa imaginação, despertamos emoções, adquirimos conhecimento, nos socializamos, ativamos nossa criatividade, aprendemos a cultura de outros povos; enfim, ler é sempre abrir novos horizontes em nossa vida. Obviamente que não existiriam livros se não houvesse quem os escrevesse. Então, que tal conhecer alguns dos nossos maiores escritores?

 Gonçalves de Magalhães (1811-1882)

Nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 13 de agosto de 1811. Foi médico, filósofo, político e escritor. Ele é considerado o precursor do Romantismo brasileiro, embora não seja muito conhecido. Suas principais obras são: “Suspiros poéticos e saudades”, “Confederação dos Tamoios” e “Cânticos fúnebres”. 

Gonçalves Dias (1823-1864)

Nasceu em 10 de agosto de 1823, em Caxias, Maranhão. Foi advogado, jornalista, etnólogo e escritor, também pertencendo à geração romântica, mas introduzindo a temática indianista em algumas de suas obras. Morreu precocemente em um naufrágio quando se dirigia de volta a sua terra. Suas principais obras são: “Canção do Tamoio”, “I Juca-Pirama”, “Canção do Exílio” e “Cantos”. 

Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)

Nasceu em 24 de junho de 1820, em Itaboraí (RJ). Ele também pertence à primeira geração do Romantismo no Brasil. Formado em Medicina, não exerceu essa profissão por muito tempo. Dedicou-se a escrever, sua grande paixão. Ficou famoso e sempre será lembrado por sua principal obra: “A Moreninha”. Outras obras de destaque: “O moço loiro” e “Os dois amores”. Também foi político tendo sido eleito deputado federal. 

José de Alencar (1829-1877)

Nasceu em 1° de maio de 1829, em Messejana (CE). Mais tarde, esse local perderia o status de município e se tornaria um bairro de Fortaleza. José de Alencar foi, sem dúvida, um dos maiores escritores brasileiros, tendo também sido advogado, jornalista e político. Morreu precocemente acometido pelo assim chamado Mal do Século, a tuberculose. Suas principais obras são: “Iracema”, “O Guarani”, “O gaúcho”, “Senhora”, “Lucíola” e “O tronco do ipê”. 

Manuel Antônio de Almeida (1830-1861)

Nasceu em 17 de novembro de 1830, no Rio de Janeiro (RJ). Formado em medicina, nunca exerceu a profissão, pois já trabalhava como diretor da Tipografia Nacional. Uma curiosidade, em uma época de muito preconceito, ele, como diretor, deu emprego a um jovem e pobre mestiço, o que surpreendeu a todos. Tratava-se, nada mais nada menos, do que Machado de Assis, que viria a se tornar um dos maiores escritores do nosso país. Manuel escrevia folhetins para o jornal Correio Mercantil. Dessas publicações surgiu sua obra mais famosa: “Memórias de um sargento de milícias”. Essa obra também se enquadrava no romantismo, embora tivesse características diferentes das obras de então. Outra obra de destaque foi “Dois amores”. 

Ele também morreu precocemente, com apenas 30 anos, no naufrágio do navio Hermes, no litoral do Rio de janeiro. 

Álvares de Azevedo (1831-1852)

Nasceu em 12 de setembro de 1831, em São Paulo (SP). Era estudante de Direito quando foi vitimado precocemente pela tuberculose, morrendo com apenas vinte anos. Ele é também integrante da segunda geração romântica brasileira. Como ele morreu muito cedo, sua obra foi toda publicada após a sua morte. Suas principais obras são: “Lira dos vinte anos”, “Noite na Taverna” e “Se eu morresse amanhã”. Os escritos de Álvares de Azevedo foram marcados pelo pessimismo. Curiosamente, ele escreveu a poesia “Se eu morresse amanhã” apenas um mês antes do seu falecimento. 

Casimiro de Abreu (1839-1860)

Nasceu em 04 de janeiro de 1839, em Barra de São João (RJ). Hoje essa localidade é um município que leva o seu nome. Também pertence ao romantismo e muitos o consideram o poeta da infância, pois seus escritos remetiam frequentemente a essa primeira fase da vida. A tônica de sua obra é a simplicidade e a ingenuidade. Suas obras de destaque são: “Meu oito anos”, “Minha mãe”, “Primaveras” e “Camões e o Jau”. Estava noivo e com apenas vinte e um anos morreu de tuberculose. 

Fagundes Varela (1841-1875)

Nasceu em 17 de agosto de 1841, em Rio Claro (RJ). É considerado uma transição entre a segunda e a terceira geração do nosso romantismo. Ingressou no curso de Direito, mas não o concluiu. 

Vivia uma vida de boêmio e morreu com apenas 33 anos. Também fez parte da escola romântica. Obras de destaque: “As bruxas”, “Anchieta ou o Evangelho nas selvas”, “Noturnas” e “Cantos Meridionais”. 

Castro Alves (1847-1871)

Nasceu em 14 de março de 1847, em Muritiba (BA). Hoje essa cidade tem o seu nome. Na adolescência foi morar em Recife, onde teve contato com ideais abolicionistas. Formou-se em Direito e ficou conhecido como “o poeta dos escravos”. Castro Alves pertenceu à terceira geração do romantismo brasileiro, dando a ele um sentido social. Morreu precocemente de tuberculose, aos 24 anos. 

Suas obras mais famosas foram: “O navio negreiro”, “Espumas flutuantes” e “Os escravos”. 

Machado de Assis (1839-1908)

Nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro (RJ). É quase unânime a opinião de que se trata do mais importante nome da literatura nacional. Para o crítico literário norte-americano, Harold Bloom, trata-se do maior escritor negro de todos os tempos. Ele é comparado a Shakespeare e Camões. Um verdadeiro gênio. Sobre ele eu* escrevi um artigo para essa revista** em abril de 2006. Vindo de uma família muito pobre, Machado chegava a ler à luz de velas para poder estudar. Escreveu em quase todos os gêneros literários, mas se destacou como romancista. Também foi jornalista e crítico literário. 

Suas principais obras são: “Memórias póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Helena”, “A mão e luva” e “Iaiá Garcia”. 

Aluísio Azevedo (1857-1913)

Nasceu em 14 de abril de 1857, em São Luis (MA). Ele pertencia à escola literária Naturalista, que descreve a vida como ele é, sem suavidade. 

Com o passar do tempo se tornou jornalista e diplomata, abandonando o seu lado escritor. Suas principais obras foram: “O cortiço”, “Casa de pensão” e “O mulato”. 

Simões Lopes Neto (1865-1916)

Nasceu em 09 de março de 1865, em Pelotas (RS). Passou a infância nas estâncias dos avós e na adolescência foi para o Rio de Janeiro, estudar medicina. Não terminou o curso por motivo de saúde e retornou ao Sul. 

Foi representante da escola literária regionalista, abordando temáticas gaúchas. Suas principais obras são: “Contos gauchescos”, “Lendas do Sul” e “A Salamanca do Jarau”. 

Olavo Bilac (1865-1918)

Nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de janeiro (RJ). Jornalista e escritor, é considerado o principal representante do Parnasianismo no Brasil. Ele também é conhecido como “o príncipe dos poetas brasileiros”. Cursou medicina e direito, mas não se formou em nenhum dos dois cursos. 

Suas principais obras são: “Poesias”, “O caçador de esmeraldas”, “Via Láctea” e “Alma inquieta”. 

Monteiro Lobato (1882-1948)

Nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté (SP). Sobre ele eu* escrevi um artigo para essa revista** em abril de 2002. Ele foi um dos pioneiros e mais destacados autores da literatura infantil não só no Brasil, como em toda América Latina. Suas principais obras são: “Sítio do Pica-pau Amarelo”, “Reinações de Narizinho” e “O Saci”. 

Graciliano Ramos (1892-1953)

Nasceu em 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo (AL). Escritor da escola literária modernista. Embora nas suas obras apareçam problemas sociais do Nordeste, ele sabia como poucos abordar as relações humanas em uma abrangência universal. Ele também foi político e funcionário público. Suas principais obras são: “Vidas Secas”, “Memórias do Cárcere” e “São Bernardo”. 

Oswald de Andrade (1890-1954)

Nasceu em 11 de janeiro de 1890, em São Paulo (SP). Pertence à escola literária modernista. Juntamente com Anita Malfatti e Mário de Andrade foi um dos principais articuladores da Semana de Arte Moderno de 1922, em São Paulo. 

Esse evento revolucionou o modo de se ver e fazer arte em nosso país. Sobre a Semana de Arte Moderna eu* escrevi um artigo para essa revista** em setembro de 2012, por ocasião dos 90 anos daquele evento. As principais obras de Oswald foram: “Manifesto Pau-Brasil”, “Manifesto Antropófago” e “Os condenados”. 

Mário de Andrade (1893-1945)

Nasceu em 09 de outubro de 1893, em São Paulo (SP). Foi funcionário público e professor. Ajudou a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922, sendo, portanto, um autor modernista. 

É autor de uma das mais importantes obras da literatura nacional: “Macunaíma”, onde apresenta o “herói sem nenhum caráter”. Outras obras importantes são: “Pauliceia desvairada” e “Amar, verbo intransitivo”. 

Cecília Meireles (1901-1964)

Nasceu em 07 de novembro de 1901, em Rio Comprido, hoje um bairro do Rio de Janeiro (RJ). Foi jornalista, pintora, professora e escritora. É considerada uma das maiores poetisas do Brasil. Sua obra tem características simbolistas e modernistas. Em 1934, Cecília Meireles fundou a primeira Biblioteca infantil do Brasil, no Rio de Janeiro. 

Suas primeiras obras são: “Romanceiro da Inconfidência”, “Espectros” e “A festa das letras”. 

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira (MG). Foi um dos mais destacados poetas do nosso país. Foi também professor, funcionário público e jornalista, pertencendo à escola modernista. Suas principais obras são: “Alguma poesia”, “José”, “Sentimento do mundo” e “A rosa do povo”. 

Érico Veríssimo (1905-1975)

Nasceu em 17 de dezembro de 1905, em Cruz Alta (RS). É considerado um dos mais populares escritores nacionais, pertencendo à segunda geração do modernismo. Vinha de uma família rica, mas que perdeu tudo, fato que o fez trabalhar desde cedo. Foi balconista, bancário, professor e jornalista até conseguir se manter com seus escritos. 

Suas principais obras são: “O tempo e o vento” (trilogia), “Olhai os lírios do campo”, “Clarissa”, “O resto é silêncio” e “Incidente em Antares”. 

Mário Quintana (1906-1994)

Nasceu em 30 de julho de 1906, em Alegrete (RS). Trabalhou como balconista, jornalista e tradutor. Ficou conhecido como “o poeta das coisas simples”. Escrevia muitas vezes em forma de aforismos, que ficaram conhecidos como Quintanares. 

Descrevia o cotidiano como ninguém, demonstrando uma sensibilidade ímpar. Sem dúvidas, trata-se de um dos maiores poetas que nossa nação já teve. Por mais inacreditável que seja, a Academia Brasileira de Letras o recusou por três vezes! Depois a Academia o convidou para se candidatar pela quarta vez. Ele recusou. Perdeu a Academia, certamente. 

Mário nunca casou e passou a maior parte da vida sozinho. Nas últimas décadas de vida morou em hotéis, em Porto Alegre. Suas principais obras são: “Esconderijo do tempo”, “O aprendiz de feiticeiro”, “Baú de espantos” e “Caderno H”. 

Guimarães Rosa (1908-1967)

Nasceu em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo (MG). Foi médico, diplomata e escritor. Um dos maiores autores brasileiros. Foi inovador na linguagem e ambientou muito dos seus romances e contos no sertão brasileiro. 

Eu* escrevi um artigo sobre ele nessa revista** em março de 2017. Suas principais obras foram: “Grande sertão: veredas”, “Sagarana” e “Corpo de baile”. 

Rachel de Queiroz (1910-2003)

Nasceu em 17 de novembro de 1910, em Fortaleza (CE). Foi escritora e jornalista, sendo a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1977. 

Seu primeiro romance, intitulado de “O Quinze”, retrata a seca que se abateu sobre o Nordeste em 1915, mostrando a dura realidade do povo da região e dos retirantes. Suas principais obras foram: “O Quinze”, “Memorial de Maria Moura” e “Lampião”. 

Jorge Amado (1912-2001)

Nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna (BA). Foi advogado, político e escritor. Sua obra é marcada pelo regionalismo e pela denúncia social. Seu segundo casamento foi com a também escritora Zélia Gattai. Seus principais livros foram: “Capitães da Areia”, “Gabriela, cravo e canela”, “Mar morto”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Teresa Batista cansada de guerra”, “Tieta do agreste”, “Tocaia grande” e “Tenda dos milagres”. 

João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

Nasceu em 09 de janeiro de 1920, em Recife (PE). Foi funcionário público, diplomata e escritor. Embora não fosse engenheiro, é conhecido como “poeta-engenheiro” devido à forma objetiva e calculada com que escrevia. 

Suas principais obras são: “Morte e vida severina”, “Poemas para ler na escola” e “Educação pela pedra”. 

Clarice Lispector (1920-1977)

Nasceu em 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia. Chegou ao Brasil muito criança ainda, com menos de dois anos, por isso é considerada uma escritora nacional. A família foi morar em Maceió e depois em Recife. Na vida adulta foi morar no Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista e tradutora, já que era poliglota, dominando sete idiomas. Suas principais obras foram: “A hora da estrela”, “Laços de família” e “Felicidade clandestina”. 

Josué Guimarães (1921-1986)

Nasceu em 07 de janeiro de 1921, em São Jerônimo (RS), iniciou o curso de medicina, mas não deu continuidade. Gostava das letras e foi jornalista, político e escritor. 

Suas principais obras são: “Aferro e fogo”, “Depois do último trem”, “Tambores silenciosos” e “Dona Anja”. 

Ariano Suassuna (1927-2014)

Nasceu em 16 de junho de 1927, em Parahyba do Norte (atual João Pessoa), na Paraíba. Conhecido como “o cavaleiro do sertão”, foi advogado, professor e escritor. Suas principais obras são: “Auto da compadecida”, “O rico avarento” e “O castigo da soberba”. 

Moacyr Scliar (1937-2011)

Nasceu em 23 de março de 1937, em Porto Alegre (RS)... enfim, um conterrâneo. Foi médico, professor e escritor. Um dos escritores mais queridos da nossa pátria. Conseguiu levar com êxito suas múltiplas atividades, sendo consagrado tanto como médico quanto como escritor. 

Suas principais obras são: “O centauro no jardim” (que trata sobre a condição judaica). “A guerra no Bom Fim” e “O exército de um homem só”. 

Paulo Leminski (1944-1989)

Nasceu em 24 de agosto de 1944, em Curitiba (PR). Foi tradutor, professor e escritor. Ficou conhecido como “escritor maldito” pela sua forma polêmica de escrever. Sua poesia foi muito original e influenciada por sua admiração pela cultura japonesa e pelo zen budismo. Seu segundo casamento foi com a também escritora Alice Ruiz. 

Suas principais obras são: “Catatau”, “Distraídos venceremos” e “Agora é que são elas”. 

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Artigo retirado da revista “Rainha dos apóstolos”, outubro de 2020) 

*   Escritos por Carlos Alberto Veit 

** Para a revista “Rainha dos apóstolos” 

A revista “Rainha dos apóstolos” é uma publicação mensal da Sociedade Vicente Palloti, Província Nossa Senhora Conquistadora, Padres e Irmão Palotinos, Santa Maria (RS).

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