Deep
São assim as árvores: cúmplices e companheiras num aparente mutismo. Por vezes, sob o impulso do vento, esse agitador, sussurram-nos suaves melodias, outras parecem protestar de uma raiva desconhecida, agitando os ramos e as frágeis folhas.
São incoerentes as árvores: vestem-se quando o calor se avizinha e despem-se, atirando com fingida displicência a folhagem ao chão, quando o frio ameaça e, depois, se impõe.
São assim as árvores: generosas – e gratas − na partilha do fruto, da lenha e da sombra, numa obediência voluntária às necessidades dos homens.
Como anciãos experientes e sábios, as árvores falam-nos, sem voz que se ouça, do tempo, do que passou e do que há de vir.
São assim as árvores: monumentos de raízes no chão e de braços erguidos ao céu, agradecendo a chuva que as alimenta e o sol que as ilumina e revigora.
(Do Blog letras são papéis)
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