A lenda dos beijos
Giuseppe Ghiaroni
Quando Deus se apiedou
ligeiramente
da amarga condição da
humanidade,
inventou esses beijos com que
a gente,
ainda hoje, se esquiva à claridade.
Chamou seus anjos
sucessivamente
e, com beijos de pura suavidade,
descobriu tanto beijo
diferente
que ofuscou a visão da Eternidade.
Mas como o Céu é a cúpula
parada
onde não há mais luta, nem
desejo,
seus beijos eram beijos de chegada.
Eis porque quando eu parto,
minha vida,
beijo-te tanto, e quanto mais
te beijo,
menos encontro beijo da partida.
Beijos
Giuseppe Ghiaroni
Eu beijo as lindas mãos da
minha amada
e vou sozinho pela noite,
ouvindo
o eco dos meus passos
construindo
as muralhas da ausência na calçada.
Pois eu não sei que pérfida
cilada
arma-lhe a vida que lhe está
sorrindo,
mas sei que um rosto, quanto
mais é lindo,
mais mostra a mágoa, na expressão magoada.
Eu beijo as lindas mãos da
minha amada.
Se ela sofrer, chorando de
desgosto,
Pondo o rosto entre as mãos, desesperada...
Nesse momento, como por
encanto,
as suas mãos hão de beijar
seu rosto
e os meus dois beijos secarão seu pranto!
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