O vendedor de mate
Rio de Janeiro, tarde de domingo em Ipanema, mês de janeiro de 2017. Praia lotada, areia escaldante, gente de muitas partes do Brasil, alguns turistas estrangeiros, moradores do bairro, pessoal do subúrbio e da baixada fluminense.
Vendedores anunciando, aos gritos, os seus produtos: cangas coloridas, biscoito Globo, sanduíche natural, caipirinha, refrigerantes, cervejas, mate...
Nisso,
uma turista americana se encanta com o jaleco laranja do vendedor de mate.
Interpela-o fazendo algumas propostas para comprá-lo, até que fecha em 100
reais.
O cara não tem dúvida, retira-o na hora e o entrega à turista, fechando o negócio.
Mais tarde, sinto sede e vou beber alguma coisa gelada. O primeiro que aparece é justamente um vendedor de Matte Leão, a marca do produto.
Puxando conversa com ele, digo que, alguns minutos atrás, um colega seu vendeu o jaleco por 100 pilas a uma turista. O cara arregala os olhos, dizendo, espantado:
− Caraca, meu! Cem pilas! E isso em reais dá quanto?
Sorrio pra ele, bato no seu ombro e falo:
− Já vi que não entendes coisa alguma de gauchês.
NSM
*
Pila, no Rio Grande do Sul, é referente a qualquer quantia de dinheiro, pois na
linguagem do gaúcho significa qualquer moeda corrente. No Rio Grande do Sul, “1
real” é o mesmo que “1 pila”. Dizem que a palavra pila vem do nome do político
gaúcho Raul Pilla, secretário da Agricultura do RS, em 1936, que nas eleições
distribuía meia nota de dinheiro para os eleitores antes do voto e a outra
metade se fosse eleito.
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