Marta Kuhn
Eram
tempos tristes ou não?
Lavava-se
roupas no rio,
Dentro da água, molhada, no frio.
Trouxa na cabeça ou no bacião.
Com ferro a carvão se passava
Muitas
saias engomadas,
Que
se arrastavam ao chão...
Não
sobrava nenhum tostão,
Trocava-se
batata por feijão;
Banha,
por leite,
Não
existia azeite.
Se
caminhava um montão
Até
chegar ao destino
Pelas
estradas empoeiradas, barrentas,
Entre
o mato e a escuridão.
Não
havia condução.
Procuravam-se
achas de lenha
Para
com machadado cortar
E
ainda fazer o fogo no fogão
Para
cozinhar!
Quando
muito, se via a carreta
De
bois, com rodas de ferro.
O
condutor gritava:
−
Oxe, boi!
E
as rodas travavam
No
chão, os bois cansados,
Judiados
na tal lentidão!
Não
era fácil não!
Tinha
que fazer o biscoito,
Bolacha
e assar o pão.
Limpar
a chapa com areia
E
fazer o sabão!
Correr
no galinheiro atrás do frango
E
ainda tirar seu coração.
A
filharada era tanta,
Mal
dava para todos.
Uns
comiam; outros não.
Roupas
quase não se comprava,
Boas
almas doavam.
Se
remendava, cosia-se de sacas de farinha:
Lençóis,
camisolas e calcinhas!
Não
era fácil não!
Os
pés aos espinhos acostumavam-se
Com
as geadas, endurecia o cascão!
E,
na humilde maloca,
Um
cachorro magro na porta
E
a filharada dormindo no chão,
Fugindo
das tantas goteiras,
À
luz de vela ou lampião!
As
crianças ranhentas cresciam,
Faltava-lhes
quase tudo!
Sobretudo...
sobrava amor,
Respeito e educação!
(Do livro “Palavras 2017” da AJEB*)
AJEB: Associação de
Jornalistas e Escritores do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário