Regina Portella
Schneider*
O clamor pela criação de uma
Escola Normal foi permanente até 1860, quando o presidente da Província de São
Pedro do Rio Grande do Sul foi autorizado pela Assembleia Legislativa a criar
uma Escola Normal na capital da Província. Entre essa autorização e a criação
da Escola Normal passaram-se vários anos e, somente, no último ano da década de
60, isto é, em 5 de abril de 1869, era criada a Escola Normal. Mas para
torná-la uma realidade vários obstáculos surgiram. Nenhuma das pessoas sondadas
no Rio de Janeiro para organizar a Escola Normal aceitou transferir-se para a
nossa Província. Lembraram-se, então, de que aqui mesmo, no Rio Grande, havia
um homem de sólida formação intelectual, que dominava vários idiomas, e possuía
excelente experiência pedagógica, pois lecionara nos dois colégios mais
considerados do Brasil: o Ginásio Baiano do Barão de Macahúbas; e o Colégio
Pedro II, no Rio de Janeiro, além de ter sido professor no Convento de São
Bento (RJ). Era um sacerdote: Joaquim de Barros, e que incorporara ao nome o
apelido que lhe fora dado por seu pai, na infância, Cacique. E assim ficou
Joaquim Cacique de Barros, o Padre Cacique. Ele organizara e dirigia o Colégio
de Santa Teresa, em Porto
Alegre , para meninas órfãs e desvalidas, que ali recebiam uma
formação primorosa.
Após relutar muito, acabou
aceitando a incumbência de organizar e instalar a Escola Normal, e foi ele o
seu primeiro diretor e o primeiro professor de Pedagogia no Rio Grande do Sul.
A Escola Normal foi instalada no
dia 12 de abril de 1869 e o início de seu funcionamento deu-se a 1º de maio
deste mesmo ano, com aulas de manhã, para os alunos; e à tarde, para as alunas.
A Escola Normal passou a
funcionar no andar superior do prédio alugado, situado na esquina da Rua da
Ponte (hoje, Riachuelo) com a Rua da Ladeira (hoje, General Câmara). Era o
mesmo prédio onde, desde 1859, funcionava ao Liceu de Dom Afonso − a primeira
escola pública Secundária do Estado (na foto abaixo, o prédio à direita), que é
o atual local da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
↑
Esquina da Rua da Ponte (Riachuelo) , rua horizontal;
com Rua da Ladeira, (General Câmara), rua vertical.
Primeiros normalistas
Os primeiros estudantes
matriculados na Escola Normal foram: oito alunos e quatro alunas. Destes 12
alunos que se matricularam e que frequentaram as aulas do 1º ano, em 1869,
somente seis deles foram aprovados e passaram para o 2º ano, que seria cursado
em 1870: três alunos e três alunas. Neste início, o curso da Escola Normal
tinha a duração de dois anos.
Dos seis alunos aprovados ao
final do 1º ano, em 1869, e que chegaram ao final do 2º ano, em 1870, só cinco
obtiveram diploma: Anna Guterres de Carvalho, Cândida França de Moraes,
Ildefonso Ferreira Cardozo, João Virgílio da Silva Rocha e José Luiz da Motta
Filho.
*Historiadora, ex-aluna e
ex-professora do Instituto de Educação.
(Correio do Povo, 12
de outubro de 2019)
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