quarta-feira, 20 de março de 2024

Aos velhos de todas as idades

 Nílson Souza

Caros atuais, pretéritos e futuros contemporâneos. Não temais. Eis que vos anuncio uma boa-nova que será alegria para muitos ‒ e talvez motivo de muxoxo para alguns, mas nada trágico para ninguém. Os pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, acabam de descobrir a idade exata em que uma pessoa pode ser considerada velha. 

Sei, alguns indivíduos já nascem velhos, outros fazem o possível para retardar ou eliminar as marcas da idade. E tem também aqueles que preferem pensar que velhos sempre são sempre os outros. Como disse o escritor irlandês Jonathan Swift, autor de As Viagens de Gulliver, todos desejam viver muito tempo, mas ninguém que ser velho. 

Agora não adianta mais a gente tentar se enganar. Segundo recente artigo publicado pela conceituada revista Nature Medicine, os cientistas de Standford analisaram o plasma presente no sangue de 4.263 doadores, entre 18 e 95 anos, e descobriram que uma proteína é o indicador mais confiável da idade cronológica dos seres humanos. Segundo o estudo, o declínio começa aos 34 anos, quando as pessoas passam a apresentar alterações perceptíveis em sua condição física. 

A partir dessa descoberta, eles fizeram uma nova divisão do nosso processo de amadurecimento, que aí vai para saciar logo todas as curiosidades: dos 34 aos 60 anos, estamos na idade adulta; dos 60 aos 78 anos, estamos vivendo a etapa denominada maturidade tardia; e somente dos 78 em diante é que começa a temida velhice.  

Com esse novo conhecimento, deixo aqui o meu recado para jovens e velhos de todas as idades: 

Senhoras e senhores de menos 34 anos, aproveitem o dia ‒ e a noite, evidentemente. Mas sem perder a consciência de que vocês são futuro do mundo, precisam estar lá quando ele chegar. 

Senhoras e senhores da maioridade, aproveitem a potência de seus músculos, a energia do seu sangue e a acuidade de seu cérebro ‒ de preferência, sem negligenciar algumas coisas do espírito e do coração. 

Senhoras e senhores companheiros de maturidade tardia, aproveitem o outono de vossas vidas ‒ e, quando possível, também o verão e a primavera. Mas tomem cuidado com o inverno. Vacinem-se, especialmente contra a solidão e a tristeza, que são mais letais do que a dengue. 

Senhoras e senhores da longevidade alcançada, parabéns! Vocês chegaram lá, aproveitem a liberdade de fazer e dizer o que quiserem. Se julgarem oportuno, podem até confrontar essa tal de velhice com uma provocação bem-humorada, como esta que li outro dia numa camiseta oferecida pela internet: 

‒ Você não manda em mim! Você não é minha neta! 

(Do jornal Zero Hora, março de 2024)

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