Da coluna Informe Especial
Juliana Bublitz
Em 1937, Pablo Picasso concluiu uma de suas obras mais impactantes e famosa: Guernica. Com três metros e meio de largura e quase oito de comprimento a tela (veja abaixo) retrata o horror da guerra civil espanhola e se tornou um manifesto pela paz. Foi esta a imagem que veio à cabeça de Rafael Corrêa, multipremiado cartunista gaúcho quando viu a cena do cavalo Caramelo.
No topo de um telhado, em Canoas, sozinho e rodeado de água, o animal viveu uma batalha particular entre a vida e a morte. Salvo, tornou-se símbolo da resistência no Rio Grande do Sul submerso pela enchente.
‒ Quando vi o Caramelo, lembrei do cavalo que Picasso pintou em Guernica. Ele é central no quadro. Então pensei: vou fazer uma Guernica gaúcha ‒ conta Corrêa.
E assim foi. Nas mãos do artista natural de Rosário do Sul, morador de Porto Alegre, a cena do bombardeio inspirou contornos de catástrofe climática (veja acima).
Está tudo representado lá: a chuvarada como nunca se viu, as vítimas em desespero, os animais assustados, os resgates.
Foram dias tenebrosos, muita gente ainda não conseguiu voltar para casa e a reconstrução do Estado mal começou. A nossa “guerra” ainda está longe do fim, mas a Guernica gaúcha, tal qual a de Picasso, traz uma mensagem potente nos traços duros: a da resiliência e da capacidade de superação, mais do que nunca, com respeito ao meio ambiente. Precisamos parar de brigar com a natureza.
Obra original
Guernica, de Pablo Picasso, ganhou este título devido ao bombardeio na cidade basca de mesmo nome, durante a guerra civil espanhola. A tela está em exibição no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, na Espanha.
Segundo o museu, Picasso pintou Guernica por encomenda do governo para exibição no Pavilhão Espanhol, na exposição internacional de Paris, em 1937.
Trata-se de um testemunho e da condenação do massacre. O mural tornou-se, também, um grito contra a violência e o militarismo. Hoje, é considerado uma das obras de arte mais proeminentes do século 20 e continua a ser um símbolo universal contra à opressão.
(Do jornal Zero Hora, junho de 2024)
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