quarta-feira, 5 de junho de 2024

Dez momentos de alguma coisa

 

10 Momentos do Esporte

Histórias curiosas que marcaram o esporte brasileiro. 

Com apenas 19 anos, Maria Esther Bueno conquistou o torneio de Wimbledon, primeiro de muitos. É até hoje a tenista brasileira mais vitoriosa do esporte. 

Djalma Santos participou apenas da final da Copa de 1958. Foi o suficiente para ser escolhido o melhor lateral-direito da competição. 

Maior artilheiro do Botafogo nunca comemorava os gols. 

O atacante Quarentinha é o maior artilheiro do Botafogo, com 313 gols. Mas uma outra característica o colocou na história do futebol brasileiro: nunca comemorava os tentos. Podia ser em amistoso, meio do campeonato ou grandes finais. Marcava, virava-se e seguia indiferente até seu campo. “Sou pago pra isso. É a minha obrigação”, resumia. 

As duas melhores colocações da seleção portuguesa em Copas contaram com treinadores brasileiros: Otto Glória, terceiro colocado em 1966, e Felipão, quarto em 2006. 

Armando Marques se embananou nas contas da decisão por pênaltis e o Campeonato Paulista de 1973 terminou com dois campeões: Santos e Portuguesa. 

Ao receber uma proposta por Sócrates, o presidente corintiano Vicente Matheus rebateu: “O Sócrates é invendável e imprestável”. 

Em 1960, após derrotar dois mexicanos, Éder Jofre tornou-se o primeiro boxeador brasileiro a sagrar-se campeão mundial. 

Um fã da seleção canarinho batizou o filho de Tospericagerja. O nome une as iniciais de Tostão, Pelé, Rivelino, Carlos Alberto, Gérson e Jairzinho, craques da Copa de 1970. 

Em 1956, o goleiro do Corinthians de Santo André tomou mais um gol na carreira. Anos depois, orgulhoso, costumava sacar o cartão de visitas: “Zaluar – O goleiro que levou o primeiro gol de Pelé”. 

O ex-mecânico Chico Landi foi o primeiro brasileiro a ganhar um Grande Prêmio na Fórmula 1. Foi em 1948, no GP de Bari, na Itália. 

10 Episódios Musicais 

Momentos que marcaram a música brasileira. 

Vinicius de Moraes, que procurava um parceiro para Orfeu da Conceição, foi apresentado a Tom Jobim. “Tem um dinheirinho nisso?”, perguntou o iniciante Tom.

Noel Rosa dedicou Último Desejo a Ceci. O parceiro na música, Vadico, mostrou a canção para a moça e avisou: “Acho que ele te castiga um pouco nesse samba, Ceci.” 

Habitante do planeta Fome deixa Ary de boca aberta: 

Ainda adolescente, Elza Soares foi tentar a sorte no programa de calouros de Ary Barroso – uma chance de abrandar as dificuldades da vida de moça miserável. Disseram que deveria ir bonita. Pegou uma saia da mãe e uma camisa larga. Não pesava mais do que 40 quilos. Fez duas marias-chiquinhas. Ao entrar no palco, Ary gracejou, impiedoso: “De que planeta você veio, minha filha?” Gargalhada na plateia. E a resposta veio seca: “Do planeta Fome, seu Ary.” 

“Se não tem mancada não tem samba.” Era Adoniran Barbosa justificando a fama de “furão” que colocou sobre Ernesto Paulelli, inspirador do Samba do Arnesto. 

Em 1899, Chiquinha Gonzaga compôs a primeira música feita especialmente para o Carnaval: Ô abre alas / Que eu quero passar... 

Em uma gravação, João Gilberto se irritou com as dificuldades de Stan Getz. “Tom, diga a esse gringo que ele é um burro”, disse João. “Stan, o João está dizendo que o sonho dele sempre foi gravar com você”, traduziu Tom Jobim.   

Policiais de Caieiras, interior de São Paulo, prendem e agridem Raul Seixas durante um show em 1982. Achavam que era um impostor. 

Em seu programa de tevê, Carlos Imperial anunciou: “Os Beatles gravaram versão de Asa Branca: Blackbird”. Mentira das boas, inventada para alavancar a carreira de Luiz Gonzaga.

Ao apresentar Aquarela do Brasil pela primeira vez, Ary Barroso ouviu do cunhado: “Coqueiro que dá coco? O que você queria que ele desse?” 

Notório malandro, Wilson Batista fez samba trabalhista para agradar Getúlio Vargas: “Quem trabalha é que tem razão / Eu digo e não tenho medo de errar...” 

10 Momentos da Ciência e da Saúde 

Episódios notáveis no campo da ciência e saúde. 

Um crânio encontrado perto de Belo Horizonte é o mais antigo fóssil humano das Américas. Batizada como Luzia, a mulher chegou aqui três mil anos antes dos índios. 

Brasileiro inventa rádio e italiano leva a fama: 

Em 1893, um ano antes de o italiano Guglielmo Marconi inventar oficialmente o rádio, o padre gaúcho Landell de Moura transmitiu sua própria fala da Avenida Paulista para o Alto de Santana, a oito quilômetros dali. Chamaram-no de impostor, bruxo. Desiludido, abandonou os experimentos. Deixou para trás as patentes do transmissor de sons (ondas hertzianas), do telefone e do telégrafo sem fio. 

“O sedentarismo é a maior e mais grave de todas as epidemias do nosso tempo”, disse o médico e escritor Dráuzio Varella, em entrevista ao Almanaque. 

O médico Maurício Rocha e Silva descobriu que a enzima do veneno da jararaca poderia ser usada em tratamento de hipertensão. Estava inventada a bradicinina. 

César Lattes era o favorito a ganhar o Prêmio Nobel de 1950. A honraria acabou indo para o colega inglês Cecil Powell, por fatores mal-explicados. 

O padre paraibano Francisco João de Azevedo inventou a máquina de escrever em 1861. A fama, porém, foi para os norte-americanos. 

Vista com desconfiança pela população, a campanha pela vacinação antivariólica de Oswaldo Cruz acabou em quebra-quebra generalizado no Rio. 

Em 1900, o médico Eduardo Chapot Prevóst realizou no Rio a primeira cirurgia de separação de irmãs siamesas do mundo. 

Durante 30 anos, o médico ucraniano Noel Nutels foi um incansável amigo dos índios. Viveu boa parte do tempo ao lado deles, combatendo malária, tuberculose e outras doenças. 

Numa feira na Filadélfia, Graham Bell demonstra o telefone a dom Pedro 2º. “Meu Deus, isso fala!”, exclamou o imperador, que decidiu importar o aparelho no ato. 

10 Trapalhadas Políticas 

Acontecimentos memoráveis da política brasileira. 

Barreto Pinto foi o primeiro deputado federal a ser cassado por quebra de decoro parlamentar, após posar de fraque e cueca para o fotógrafo Jean Manzon, em 1946. 

Para comemorar o tricampeonato mundial, o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, deu um fusca para cada jogador da seleção brasileira de 1970. Tudo com dinheiro público. 

Durante os anos 1960, um deputado apresentou dois projetos de lei: anexar as Guianas ao território nacional e “importar” um milhão de portugueses para colonizar a Amazônia. 

Jânio Quadros ficou apenas sete meses no poder. Condecorou Che Guevara (“Fi-lo porque qui-lo”) e renunciou, esperando ser reconduzido à Presidência. Acabou desempregado. 

O triste fim do imperador: 

Após a Proclamação da República, Pedro II e família foram obrigados a se mudar para a Europa. Já estavam próximos a Fernando de Noronha quando o neto do ex-imperador decidiu soltar um pombo branco com a inscrição na pata da ave: “Saudades do Brasil”. Todos assinaram o papel, emocionados. O pombo foi jogado ao céu, deu uma pirueta no ar e caiu na água, afogando-se em segundos. Esqueceram que os pássaros, levados para serem servidos nas refeições, tinham as asas cortadas para evitar que fugissem.

O presidente Collor conclamou: “No próximo domingo saiam com as cores da nossa bandeira”. Nas maiores manifestações desde as Diretas Já!, o povo se vestiu de negro. 

Walt Disney “homenageou” o Brasil com a criação de Zé Carioca. O personagem é folgado e preguiçoso, misto de malandro, caloteiro e vagabundo. 

Em 1893, o prefeito carioca Barata Ribeiro exigiu que se implodisse o maior cortiço da cidade. Sem saber, inaugurava a era das favelas. 

Em 1993, o prefeito César Maia decidiu manter o horário de verão no Rio. Defendia que quanto mais horas de sol houver, mais dinheiro entra na Cidade Maravilhosa. 

Nas eleições paulistanas de 1959, o candidato a vereador mais votado foi Cacareco. Apesar dos quase 100 mil votos, não pôde assumir. Tratava-se de um rinoceronte. 

10 Curiosidades Históricas 

Episódios da história brasileira que merecem ser relembrados. 

O francês Pierre Lesdain foi recebido como herói em São Paulo, em 1908. Pela primeira vez um carro unia o Rio à capital paulista. A viagem durou 36 dias. 

O poeta Gregório de Matos pediu que dois padres visitassem seu leito de morte. E sapecou: “Estou morrendo entre dois ladrões, tal como Cristo ao ser crucificado.” 

Em 1840, o francês Louis Compte fez as primeiras fotos do Brasil. O adolescente dom Pedro II se impressionou e logo tratou de encomendar uma máquina. 

O capitão inglês James Cook não teve boa impressão das mulheres cariocas em 1768. “Na cidade não há uma única mulher honesta.” 

A palavra bonde surgiu de bonds (bônus em inglês), bilhetes que davam direito a cinco viagens. Mas há quem diga que derivou do nome de um empresário de Belém: James Bond. 

A primeira versão da letra do Hino Nacional surgiu em 1831. Mas, entre polêmicas políticas, só foi finalizada em 1916. Seria oficializada apenas em 1922, quase cem anos depois. 

O primeiro Código Civil, de 1916, determinava: “A mulher é relativamente incapaz.” Além disso, elas precisavam de autorização do “chefe” (marido) para trabalhar.  

A abolição da escravidão teve apenas dois artigos: art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil; art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário. 

Em 1864, foram criados os Voluntários da Pátria para quem quisesse se alistar na Guerra do Paraguai. Pouca gente quis. A malandragem imperou para fugir das batalhas. 

Francês sequestra o Rio e só devolve após receber resgate: 

O ano era 1711. O corsário francês René Duguay-Trouin chegou ao Rio com um plano de sequestro, digamos, ambicioso: queria a cidade toda. Na missão, a serviço da coroa francesa, 18 navios com 700 canhões, além de seis mil homens. A população fugiu em disparada. Os franceses levaram tudo o que encontraram. Só devolveriam dois meses depois, após receber uma alta quantia em dinheiro e objetos valiosos. O povo teve que se unir para pagar o resgate. 

10 Figuras Impagáveis 

Personalidades com histórias divertidas, a cara da nação. 

Descoberta por Luis Fernando Veríssimo, a senhora conhecida como Velhinha de Taubaté acreditava em tudo que os políticos falavam na tevê. Sem exceção. 

O vendedor José Luís Pereira da Silva se sentiu discriminado em uma agência bancária de São Paulo. A resposta: voltou ao banco para depositar 4 mil reais. Em moedas. 

Para pregar uma peça em Toquinho, Chico Buarque inventou que Caetano Veloso havia ficado louco. Ao receber a visita de Maria Bethânia, teria berrado: “Sai, carcará!” 

Camisa 10 do pior time do mundo fez um gol em 10 anos: 

Ele foi atacante do Íbis, o pior time do mundo, durante 10 anos. A marca impressiona: um gol na carreira. Detalhe: numa derrota por 8 a 1. Abandonou os gramados e abriu um salão de cabeleireiro. Mas faz questão de afirmar a masculinidade. Criou até uma forma própria de atender ao telefone: “Jogador do Íbis, cabeleireiro e homem: Mauro Shampoo, às suas ordens”. 

O italiano Gino Amleto Meneghetti só furtava de ricos e nunca ameaçou ninguém. Sua última ação foi uma tentativa de arrombamento de uma casa em São Paulo. Tinha 92 anos.

Hugo Bidet criou a Banda de Ipanema. Era ator e artista plástico. Quando perguntavam sua profissão, no entanto, respondia com pesar: “Não sou músico”. 

No enterro de um amigo, Roniquito de Chevalier entrou na capela ao lado e exclamou: “O defunto de vocês é uma merda. O nosso é muito mais bonito!” 

“Pavoroso incêndio no Rio”. O fogo, na verdade, mal chamuscara as paredes. O sensacionalismo era uma das armas do pequeno jornaleiro José Bento. Hoje há uma estátua em sua homenagem. 

Aparício Torelly, o Barão de Itararé, descontava 15 anos de sua idade. E justificava: “Passei três anos perseguindo mulheres, dois no xilindró e dez na segunda série de Medicina, reprovado em anatomia descritiva.” 

Durante uma noite de bebedeira na Lapa, o editor carioca Augusto Frederico Schmidt perdeu os originais de Caetés, primeiro romance de Graciliano Ramos. Só o encontrou um ano e meio depois. 

(Do Brasil Almanaque de Cultura Popular)

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