O desafio é também uma espécie de duelo poético entre cantadores. Esse gênero é conhecido em todo o Brasil, principalmente no sertão nordestino, onde autênticos poetas populares travam acirradas disputas faladas.
Sou Veríssimo do Teixeira, Fura pau, fura tijolo; Se mando a mão vejo a queda, Se mando o pé, vejo o rolo... Na ponta da língua trago Noventa mil desaforos. Sou Inácio da Catingueira, Aparador de catombos, Dou três tapas, são três quedas, Dou três tiros, são três rombos; Negro velho cachaceiro, Bebo mas não dou um tombo. Sou Romano da Mãe d′Água, Mato com porva soturna; Para ganhar eleição Não meto a chapa da urna; Salto da ponta da pedra E pego a onça na furna. |
Eu sou Pedro Ventania, Morador lá das “Gangorras”; Se me vires, não te assustes, Se te assustares, não corras! Se correres, não te assombres, Se te assombrares, não morras! Eu sou Claudino Roseira, Aquele cantor eleito; Conversa de Presidente, Barba de Juiz de Direito, Honra de mulher casada; Só faço o verso bem feito! Digo com soberba e tudo; Sou filho do Bom Jardim, Inda não nasceu no mundo Cantador pra dar em mim; Se nasceu, não se criou; Se se criou, levou fim... |
Do livro “Literatura oral no Brasil”, de Luís da Câmara Cascudo, Editora José Olympio, 1978.
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