O Arroio Dilúvio da antiga Porto
Alegre inspirou poetas com lembranças cheias de ternura, à sobra dos
salgueiros, nas curvas e do alto das barrancas.
O Riacho abasteceu os pioneiros da
cidade, testemunhou combates e viu os cavalos dos guerreiros bebendo água na
represa do Chico da Azenha. Pelo menos duas vezes por ano saía do seu leito à
procura de espaço, levando tudo de roldão, desgraçando os ribeirinhos. O
excesso de curvas fazia paredes reduzindo a velocidade do fluxo da água depois
de uma chuvarada. Lupicínio Rodrigues nasceu no interior de um delta do
Dilúvio; sofreu muito e, talvez por isso, nunca fez uma só frase poética
lembrando aquela Ilhota. Mas Lunara (Luiz Nascimento Ramos) fotógrafo amador,
nas primeiras décadas de 1900, tomou o Arroio Dilúvio como recanto inspirador
das mais belas fotografias da periferia da cidade. A cena que mostra a
“Aguadeira do Riacho”*, que foi capa da Revista Máscara em 1916, por si só
mostra quase tudo, quando a poluição era apenas um vocábulo escondido nos
dicionários.
(Texto do livro
“Porto Alegre foi assim...”,
desenhos a nanquim de Helio Ricardo Alves)
*Esta imagem foi reproduzida, a nanquim, pelo artista Hélio Ricardo Alves, no livro mostrado abaixo.
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