Temos aqui um extraordinário caso
de inovação semântica. Os departamentos chamados de Recursos Humanos são a
última evolução de um dos mais antigos setores de atividade social econômica da
Humanidade. Em resumo, eles tratam do relacionamento entre quem manda e quem
obedece, quem paga e quem recebe (quando recebe).
Antes de virar RH, a sutil arte de
mediar este complicado nó era conhecido como Pessoal e, um pouco antes ainda,
como Feitoria. Pelo amor de Deus, não me culpem por ser fiel à História!
Pois bem... para tentar superar as
más conotações destes períodos distantes, em que apenas mesquinhos interesses
monetários regiam as relações trabalhistas, foi inventado um novo idioma,
composto por palavras suaves e insinuantes que apenas acobertam velhos
significados. Em resumo, o problema é de tradução.
Exemplos de aplicação
Fato: Greve.
Idioma antigo: Isso é caso de
polícia!
Erreaguês: Relação Sindical
Conflitante.
Fato: Corte de pessoa.
Idioma antigo: Põe todo mundo na
rua!
Erreaguês: Política Gerencial
Litigiosa.
Fato: Abono de Natal.
Idioma antigo: Paga que eles
merece!
Erreaguês: Cultura Grupal
Paternalista.
Fato: Acidente de trabalho.
Idioma antigo: Manda pro SUS.
Erreaguês: Relação Assistencial
Distributiva.
Fato: Negociação salarial.
Idioma antigo: Nem um tostão a
mais!
Erreaguês: Avaliação Negociada
Decisória.
Fato: Comissão de Fábrica.
Idioma antigo: Aqui quem manda
sou eu!
Erreaguês: Gestão Coletiva
Socializante.
(Do livro “Manual do
Cara-de-Pau”, de Carlos Queiroz Telles)
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