Lena Gino
Família Brugnara
Há quanto
tempo você não vê um álbum de fotos de papel?
É... fotos impressas, do tempo
em que ainda não havia câmera digital?
Outro dia eu estava procurando um
documento em casa e achei, sem querer, uma caixa cheia de fotos de papel.
Estranho,
né?
Hoje a gente tem a chance de
planejar a foto.
Depois da câmera digital, todo
mundo sai bem na foto.
Saiu ruim?
Apaga.
Os olhos ficaram vermelhos?
Faz outra.
O beicinho ficou esquisito?
Hummm, tira de novo?
Aí eu fiquei pensando como era
diferente quando a gente não podia decidir se ficava ou não ficava bem na foto.
A gente
levava o rolo pra revelar e aí... a surpresa!
Tudo ficava mais divertido.
Os flagrantes
eram reais.
A tecnologia embelezou as nossas
lembranças.
Retocou as nossas imperfeições,
não é mesmo?
As fotos, hoje, são guardadas em
arquivos virtuais...
As caixas e os álbuns
desapareceram.
Doido isso, né?
Aí eu peguei uma das fotos e me
vi, na juventude, rindo com amigos.
O cabelo tava despenteado, a roupa
amassada, a meia furada, mas o meu sorriso estava ali... Autêntico e intacto.
Por alguns segundos, imaginei se eu
não deveria ter dado uma ajeitada no cabelo, mudado de roupa, escolhido um
fundo melhor para aquela foto...
Depois eu pensei:
Caramba! Se eu tivesse planejado
qualquer pose para aquele momento, eu teria perdido o melhor daquela lembrança:
O meu riso,
flagrado na hora da alegria, sem retoques, sem truques.
Mas vocês não acham que a vida é
meio parecida com foto de papel?
Porque os momentos são únicos.
Não têm volta.
O que foi torto, ficou torto. O
que foi ruim, ficou ruim...
E o que foi bonito...
Ficou bonito pra sempre.
Tem coisa que não dá pra mudar,
mesmo.
Sendo assim, eu acho que é
melhor a gente estar sempre de bem com a vida.
Porque quando
o riso sair na foto, com certeza, vai guardar pra sempre um momento bom...
Sem arrependimentos...
Sem
nenhum remendo.
Bom texto.Fotografia, hoje, é falsa e glamorizada.Nem sempre revela a verdade.
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