terça-feira, 27 de setembro de 2022

As máximas do Millôr

 

Millôr por Fraga

Þ Deus existe. Mas é evidente que depois dos voos interplanetários, mudou-se para mais longe. 

Þ Não tenho mudado muito de atitude nos últimos anos, mas mudei duas vezes de apartamento e, no fundo, talvez isso seja até mais radical. 

Þ Como o passar dos anos, as pessoas mudam muito. E algumas nem deixam o endereço. 

Þ Como o tempo passa! Ainda ontem esses meninos que hoje nos assaltam apenas nos pediam as horas. 

Þ Muita gente acha que o melhor é deixar como está pra ver como é que fica. Mas basta observar algum tempo qualquer pessoa sentada pra se perceber que a mudança é fundamental ao ser humano – nem que seja pra descansar um lado da bunda. 

Þ Já não sou mais aquele – e ainda não sou outro. 

Þ Em minha vida, vi pessoa de “esquerda” aos poucos assumirem posições conservadoras, logo de direita, e acabaram como tremendos reacionários. Nunca vi o contrário, nem como exceção. 

Þ Mutação importante na espécie corruptius burocraticus: o corrupto atual jamais usa colarinho branco. 

Þ Paro, neste bairro que conheço de infância, hoje distantes (bairro e infância), e olho a demolição de mais uma casa, bela, por ser casa. Anunciam que vão erguer aí um belo edifício-garagem, como se edifício-garagem pudesse ser belo – a função traz a forma. Mas nada a fazer, tudo muda. Tudo muda, tudo cansa, tudo passa. Só dinheiro, desde que o mundo é mundo, não muda, não cansa, não sai de moda. 

Do livro “A Bíblia do Caos”, de Millôr Fernandes, L&PM Editores.

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