Everaldo parou num sinal. Logo chegou um pivete ao lado da janela do carro.
- Tio, me dá cinco real.
- Tenho cinco reais não, menino.
- Então me dá um real.
- Não tenho.
- Me dá uma moeda.
- Tenho moeda não.
E o garoto olhando o painel do carro:
- Deixa eu dar uma buzinada?
Testemunha ocular
Bafafá na zona de Luz. Uma puta foi esfaqueada. Diante do juiz, uma
testemunha do ocorrido. O freguês acusado, de cabeça baixa, já estava calmo e
de ressaca.
- A testemunha viu que o
réu esfaqueou a prostituta?
- Vi, sim senhor. Ele
enfiou a faca na quenga pelada.
- E a facada foi na
refrega?
- Acho que foi entre o umbigo e a refrega da puta, seu juiz.
Acreditando na galera
Hélcio jogava no time do Campolina. Atuando na ponta direita, o lateral
mandou-lhe a bola num passe de longa distância. Hélcio Canhão percebeu que
seria impossível alcançá-la, mas, incentivado pela torcida, deu um pique
sobre-humano e correu em direção à bola que cairia bem na pequena área do time
adversário.
- Vai, Canhão, vai
Canhão... – berrava os torcedores.
Hélcio dava tudo de si pra alcançar a bola. O goleiro saiu do gol
chegando na bola antes do atacante do Campolina. Hélcio, que vinha a toda com
gritos de “Vai, Canhão, vai Canhão”, chegou tarde e, ainda no pique, tropeçou e
arrebentou o rosto contra o pau da baliza.
Sangrando, virou-se para a galera mostrando o rosto todo machucado:
- Olha aí o “vai, Canhão” docês!...
Faz sentido
Chico Clarião fez uma compra na venda de Pascoal e deu um cheque do
banco do Brasil. O cheque foi devolvido. Pascoal foi cobrar de Chico.
- Chico, levei seu cheque
no Banco e o banco disse que não tinha dinheiro.
Resposta de Chico.
- Ora, Pascoal, se o Banco do Brasil que é aquela potência, não tem dinheiro, eu é que vou ter?
O viúvo
O velho Geraldo Papa sofreu muito quando sua mulher morreu. No velório,
ele ficou ao lado do caixão, acariciando a região pubiana da esposa e dizendo,
choroso:
- Eu vou sentir muita falta dessa moita... Ô moita que já me deu prazer...
Namoricos
Namorado na roça pergunta pra moça:
- Maria, cê já viu ôio de
onça no escuro?
- Vi, não.
- Se ocê vê, inté peida.
Zona
Sujeito vai à zona, dinheiro contado. Cheio de tesão, dá uma de galo e
goza rapidinho. Insatisfeito, pergunta pra puta:
- Ô, dona, eu paguei tão
caro e fui tão rapidinho.
- E a mulher:
- Cê não vai ficar no
prejuízo, não. Cê gosta de chupar?
E o cara:
- Gosto, gosto!
- Então vou te dar quatro mangas.
As Beatas
Eram três velhas. Solteironas e muito religiosas. Com seus oitenta e
tantos anos, todas as três ainda virgens. Como sempre acontece, viviam uma
espezinhando a outra. Aquelas implicâncias e rabugices de velhotas. Nhanhá teve
os grandes lábios colados, foi obrigada a fazer uma cirurgia. O médico lhe
descolou os grandes lábios da vagina com o bisturi. Tempos depois, numa briga
entre elas sobre quem era mai pura, casta e sem pecado, Nhanhá disse alguma
coisa e veio o troco das irmãs:
- Você não pode falar nada. Você já foi experimentada!
Cuidado com as palavras
Encontro com Avelar e Aurélio no bar do Luciano. Os dois comentavam que
a cidade estava muito violenta, muitos crimes e que havia muitos gays.
- No tempo que eu morei
em Esmeraldas, a gente só tinha um ladrão, que era o Sô Hélio. Tinha até crachá
de assaltante – lembrei. – Veados eram só quatro – acrescentei.
- Pois hoje só quatro é
que não veados – brincou Avelar.
E Aurélio, sério:
- Temos que abrir o olho.
- Tem é que fechar o olho, senão vai ser um veado a mais.
Apoio moral
Peri, maestro da banda, foi visitar Jadir que estava pelas últimas. O
amigo lembrou ao chefe da Euterpe Quiteriense:
- Peri, eu já te pedi.
Quero a banda tocando no meu enterro. Você tá lembrado?
- Tô, inclusive nós já estamos ensaiando.
Do livro:
Chico Clarião fugiu com
Cauby e outras histórias de Esmeraldas,
de Nani
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