segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Por que a bandeira do Rio Grande do Sul

 é verde, vermelha e amarela? 

Leandro Staudt

Cores foram escolhidas após a proclamação da República Rio-Grandense 

A bandeira verde, vermelha e amarela está em todos os cantos do Rio Grande do Sul, hasteada, nas mãos de um torcedor no estádio ou na entrada de um piquete. As crianças facilmente pintam a bandeira em sala de aula. É só ter em mãos lápis, caneta, tinta ou giz de cera nas três cores. Logo, a folha branca fica colorida. Nem precisa do brasão para já representar o símbolo do nosso estado. 

As três cores foram escolhidas pelos farroupilhas após a proclamação da República Rio-Grandense, em 1836. Em tempos de guerra, a bandeira era quadrada. No decreto, está escrito que o “Escudo de Armas” deveria ser verde, escarlate e ouro. O texto não esclarece os motivos desta escolha. Vocês já devem ter ouvido e lido algumas versões. Em busca da resposta, conversei com o historiador Moacyr Flores. Na largada, já pergunto se o vermelho é do sangue da guerra civil. 

− Romantismo decadente − responde prontamente o escritor. 

Antes de explicar a razão do vermelho, esclareço sobre o verde e o amarelo, porque é bem mais simples. Quando proclamaram a República Rio-Grandense, os revoltosos mantiveram as duas cores da bandeira do Império do Brasil. O verde não simboliza as matas, mas os Bragança, a família imperial brasileira. O amarelo também não é das riquezas, do ouro desta terra. Na verdade, representava a cor dos Habsburgo, a casa austríaca da imperatriz Dona Leopoldina. 

No início da guerra, os farroupilhas deixaram as cores do Brasil, mas as separaram com uma faixa vermelha. Moacyr Flores lembra que eles defendiam uma federação, com grupo republicano. 

− O vermelho significa o pedido de justiça, como nos movimentos liberais com origem no Iluminismo − explica o escritor. 

Eu também conversei com o historiador e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cesar Augusto Barcellos Guazzelli, que traz outros elementos importantes para entendermos o vermelho entre o verde e amarelo. 

− Há muito tempo, o vermelho representa a liberdade, a radicalidade. O federalismo era interpretado como a liberdade das províncias. Eles mostraram que a origem estava lá (no Brasil), mas não queriam aquela organização, queriam autonomia − resume. 

O professor também contextualiza os movimentos políticos da época nesta região do mundo, com o vermelho usado para representar o federalismo nos atuais territórios do Uruguai e da Argentina. A bandeira de Artigas, uma das três oficiais do Uruguai, tem uma faixa vermelha. Juan Manoel de Rosas também colocou vermelho na bandeira da Confederação Argentina. 

Depois da Guerra dos Farrapos, encerrada em 1845, a bandeira da República Rio-Grandense ficou esquecida. Com o fim do regime monárquico no Brasil, os republicanos decidiram usar as cores e o brasão dos farroupilhas na bandeira do estado do Rio Grande do Sul. 

(Do jornal Zero Hora, 20 de setembro de 2022)

Brasão 

As armas do Estado, ou Brasão, são as da história Republicana Rio-Grandense, onde contém: 

Escudo oval, em prata com um quadrilátero com sabre de ouro, sustentando na ponta um barrete frígio vermelho, entre ramos de fumo e erva-mate, cruzando sobre o punho de sabre; um losango verde com duas estrelas de cinco pontas de ouro, colocadas nos ângulos superiores e inferiores; ao lado, duas colunas de ouro, com uma bola de canhão antigo; tudo sobre um campo verde; 

Ao redor deste escudo, uma bordadura azul, contendo a inscrição REPÚBLICA RIO-GRANDENSE e a data 20 de setembro de 1835, de ouro, separadas por duas estrelas de cinco pontas, também de ouro;

O escudo está sobreposto a: quatro bandeiras tricolores (verde, vermelho e amarelo) entrecruzadas duas a duas com hastes rematadas de flor de lis invertidas de ouro. As duas bandeiras dos extremos estão decoradas com uma faixa vermelha com bordas de ouro, atadas junto à ponta; uma lança da cavalaria, de vermelho, rematada por uma flor de lis, de ouro, entre: quatro fuzis armados de baionetas de ouro e, na base do conjunto, dois tubos-canhão de negro, entrecruzados, semicobertos pelas bandeiras; um listel de prata com a legenda Liberdade, Igualdade, Humanidade, de negro.

Alguns historiadores atribuem a origem do Brasão ao “Histórico Lenço Republicano”, de provável autoria de Bernardo Pires, lenço que foi catalisador do ideal republicano rio-grandense. Sabe-se que o brasão, originariamente, ostentava amores-perfeitos, simbolizando a firmeza e a doçura dos republicanos. 

Posteriormente, foram substituídos por rosetas de ouro que, por sua vez, deram lugar a estrelas de cinco pontas nas Armas do Estado, conforme descrição da Lei Nº 5213 de 5 de Janeiro de 1966. 

(Do Blog do Governo do Estado do Rio Grande do Sul)

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