sábado, 1 de julho de 2023

Duas grandes serestas brasileiras

 Lábios que eu Beijei

 Valsa de 1937

 (J. Cascata e Leonel Azevedo)

 Canta: Orlando Silva

Lábios que beijei,
Mãos que eu afaguei,
Numa noite de luar assim.
O mar na solidão bramia
E o vento a soluçar pedia.
Que fosses sincera para mim.

Nada tu ouviste
E logo partiste
Para os braços de outro amor.
Eu fiquei chorando,
Minha mágoa cantando,
Sou a estátua perenal da dor.

Passo os dias soluçando com meu pinho
Carpindo a minha dor, sozinho
Sem esperanças de vê-la jamais
Deus, tem compaixão deste infeliz
Por que sofrer assim?
Compadecei-vos dos meus ais
Tua imagem permanece imaculada
Em minha retina cansada
De chorar por teu amor.

Lábios que beijei
Mãos que eu afaguei
Volta, dá lenitivo à minha dor.

A voz do violão 

Valsa de 1929 

(Francisco Alves e Horácio Campos) 

Canta: Francisco Alves

Não queiras, meu amor, saber da mágoa
Que sinto quando a relembrar-te estou,
Atestam-te os meus olhos rasos d’água
A dor que a tua ausência me causou.

Saudades infinitas me devoram,
Lembranças do teu vulto que nem sei
Meus olhos incessantemente choram
As horas de prazer que já gozei

Porém neste abandono interminável
No espinho de tão negra solidão
Eu tenho um companheiro inseparável
Na voz do meu plangente violão

Deixaste-me sozinho e lá distante,
Alheio à imensidão de minha dor,
Esqueces que ainda existe um peito amante
Que chora o teu carinho sedutor

No azul sem fim do espaço iluminado
Ao léu do vento se desfaz
A queixa deste amor desesperado
Que o peito em mil pedaços me desfaz. 

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