Samba Enredo 2018 da Escola Campeã do Carnaval
do Rio de Janeiro
do Rio de Janeiro
Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar*
(Os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu)
G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis (RJ)
Oh pátria amada, por onde
andarás?
Teus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar,
Você que negou o amor,
Vem aprender na Beija-Flor.
Oh pátria amada, por onde
andarás?
Teus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar,
Você que negou o amor,
Vem aprender na Beija-Flor.
Sou eu, espelho da lendária
criatura,
Um monstro carente de amor e de
ternura.
O alvo na mira do desprezo e da
segregação,
Do pai que renegou a criação,
Refém da intolerância dessa gente.
Retalhos do meu próprio Criador,
Julgado pela força da ambição,
Sigo carregando a minha cruz,
À procura de uma luz, a salvação!
Estenda a mão, meu senhor,
Pois não entendo tua fé,
Se ofereces com amor,
Me alimento de axé,
Me chamas tanto de irmão,
E me abandonas ao léu,
Troca um pedaço de pão
Por um pedaço de céu.
Estenda a mão, meu senhor,
Pois não entendo tua fé,
Se ofereces com amor,
Me alimento de axé,
Me chamas tanto de irmão,
E me abandonas ao léu,
Troca um pedaço de pão
Por um pedaço de céu.
Ganância veste terno e gravata,
Onde a esperança sucumbiu.
Vejo a liberdade aprisionada,
Teu livro eu não sei ler, Brasil!
Mas o samba faz essa dor dentro
do peito ir embora,
Feito um arrastão de alegria e
emoção, o pranto rola.
Meu canto é resistência no ecoar
de um tambor,
Vem ver brilhar mais um menino
que você abandonou.
* Compositores: Di Menor, Kiraizinho,
Diego Oliveira, Bakaninha Beija-Flor, JJ Santos, Julio Assis e Diogo Rosa − Intérprete:
Neguinho da Beija-Flor
→ A Beija-Flor de Nilópolis
venceu o Carnaval carioca, desfilando no segundo dia do Grupo Especial, na
Sapucaí, com o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados
da pátria que os pariu”, do carnavalesco Cid Carvalho. Num resultado disputado,
nesta quarta-feira (14), a escola de Nilópolis venceu por um décimo a Paraíso
do Tuiuti.
→ A campeã Beija-Flor aproveitou
os 200 anos do romance “Frankenstein”,* de Mary Shelley, para fazer um paralelo
com as mazelas brasileiras. O enredo fez uma extensa crítica à sociedade
brasileira, incluindo o campo político e a intolerância religiosa.
Jornal do Brasil
*Na obra, um cientista dá vida a
uma criatura construída com partes de pessoas mortas, tornando-se uma figura
feia. No desfile, a figura foi usada para críticas a problemas sociais como
corrupção e desigualdades.
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