Wagner Martins
‒ Sabe, aí o meu pai chamou o Geraldo Gomes e foram consertar uma usina hidrelétrica lá perto de São Cândido. Nós fomos eu, o Manito, meu irmão. e o Silvio, filho do Geraldo Gomes, tudo pequenininho, com calça curta e suspensório de pano. O carro era do Geraldo Cláudio, o único que tinha carteira de motorista em Entre Folhas, naquela época. Era um fordecozinho antigo, fabricado em 1927 ou em 1929. Era conhecido por lá como “Ford bigode”; eu não sei se era por causa do para-choques que lembrava um bigode ou se era por causa de uma lavanquinha que tinha no volante pra acelerar o bicho.
Era um rompedor de obstáculos. Quando chovia e a jardineira não vinha, era nele que as pessoas viajavam pra Caratinga; mas tinha que reservar lugar; cabia umas seis pessoas só. A buzina tinha um som engraçado, parecia com... ah, sei com que não!
Além de motorista, o Geraldo Cláudio era mecânico e de vez em quando ele mais meu pai faziam uns serviços juntos, mas nesse dia ele foi só de motorista e com o carro dele de condução.
Quem tirou a foto foi o tio Uzias, o único e o melhor fotógrafo da região. Ah, ele foi também! Parou o carro, ele desceu, armou o tripé do daguerreótipo, enfiou a cabeça debaixo do pano preto e: CLAP... registrou esse momento.
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