Deus esteja presente.
Senhor,
Vês a
folha morta de outono,
levada
daqui pelo vento,
e que a
ninguém serve,
pois nem
a si mesma pertence?
Poderia
ainda ser bela,
mas,
misturada à poeira
e sob os
pés dos passantes,
perdeu toda a poesia.
Assim é
meu amigo, Senhor.
Entregue
ao desamor de si mesmo,
é menos
que a folha de outono,
pois
esta cumpriu seu destino
e cede
agora lugar a viçosos brotos,
enquanto
meu amigo não chegou ao fim do seu.
Barco
sem bússola e sem leme,
seu coração está disperso.
Tenha
ele, Senhor,
noites
claras de estrelas e constelações,
para,
afinal, encontrar o próprio norte.
Soprem-lhe
ventos favoráveis e vozes amigas.
Apazigúem-se
as águas de seu destino,
e seja seguro o porto que ancorará seus sonhos.
Permite,
Senhor,
que os
anjos embalem-lhe o sono
com
canções de doçura,
para o
necessário e inadiável repouso.
E sejam
suas canções como carícias.
Sofre o
homem que perdeu a saúde do corpo.
Mas
maior é o sofrimento daquele cuja mente adoece.
O
primeiro pode ainda servir ao outro e a si,
e não se
dissociou do mundo.
Mas o
que perde a lucidez é marginalizado,
e sua vida se esvazia de sentido.
Intercede,
Senhor, por meu amigo que sofre.
Que se
abram portas e janelas da casa de seu espírito
para que
nela entre o sol,
e a luz
prevaleça sobre suas sombras.
Que assim seja.
(Do livro “Orações para pessoas
de todos os credos”,
de Neila Tavares)
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