(Excerto)
Crasso era homem e virou adjetivo,
mas, antes disso, fez coisas importantes, como inventar o Corpo de Bombeiros.
É que incêndios ocorriam amiúde em
Roma, sobretudo nos bairros mais pobres. Nesses lugares, as construções típicas
eram as insulae, prédios frágeis de
madeira ou tijolo, que alcançavam seis ou sete andares de altura. Eram tão
próximos uns dos outros, e tão precariamente erguidos, que às vezes se tocavam
na parte de cima.
As famílias romanas viviam em apartamentos
minúsculos, sem banheiros ou esgoto. Faziam suas necessidades em penicos e,
quando queriam se livrar delas, despejavam-nas pela janela, e ai de quem
passasse embaixo.
Esses edifícios, quando um deles pegava
fogo, todos no entorno queimavam, fosse pela contiguidade, fosse pela fartura
de material combustível. Crasso, que já era rico e mais rico se tornou, viu o
problema e imaginou a solução. Reuniu um grupo de escravos e os treinou como os
primeiros bombeiros da história. Ideia genial e, aparentemente, generosa. Nem
tanto. Crasso fazia o seguinte: quando irrompia um incêndio, corria para o
local com seus homens. Parava ao lado do proprietário, este obviamente
desesperado, e fazia a proposta:
‒ Se você me vender essa propriedade,
eu apago o fogo. Se não vender, deixo que queime até o chão e você fica sem
nada.
Como ficar com alguma coisa é melhor
do que ficar sem coisa alguma, os proprietários aceitavam a primeira proposta
de Crasso e vendiam barato o prédio em chamas. Aí Crasso
ordenava que o fogo fosse apagado, reformava o lugar e o revendia a bom preço
ou alugava.
Essa operação imobiliária era tão
lucrativa, que, quando não havia incêndios, o próprio Crasso dava um jeito de
providenciá-los através de outro corpo bem treinado, só que de incendiários.
(David Coimbra – Zero
Hora, julho de 2017)
Erro crasso
→ A sua origem remonta ao nome de
Licinius Crassus, um dos membros do primeiro triunvirato. Reza a história que
Crassus, enviado como próconsul para a Síria em 53 a .C., partiu daquele
território, movido pela ambição, para uma campanha contra os Partos, que
redundou num enorme desastre, pela estratégia que adotou.
→ A memória da sua desastrosa estratégia chegou até nós, pelo fato de o seu exército ter sido completamente destroçado.
→ Quando se fala de “erro crasso”, significa que se trata de
erro muito grave.
(Tese da internet)
O general Crasso e o erro homônimo
→ De acordo com uma tese que faz
sucesso na internet, o adjetivo crasso – que significa “grosseiro” e ganha a
vida quase exclusivamente como auxiliar do substantivo erro – também teria
origem num sobrenome ilustre da Roma antiga. No caso, o do ricaço, general e
político Marcus Licinius Crassus, ou Marco Licínio Crasso, membro do primeiro
triunvirato romano ao lado de Pompeu e Júlio César.
→ Os erros grosseiros teriam
ganhado esse nome em referência aos graves equívocos de estratégia militar
cometidos por Crassus ao perder em 53
a .C. a batalha de Carras, que lhe custou a vida.
→ A história é pitoresca e
tentadora, como costumam ser as lendas que enriquecem o acervo da etimologia
romântica. No entanto, é preciso registrar que nenhum filólogo de respeito lhe
dá crédito.
→ A origem de crasso, segundo os
estudiosos, é simplesmente o adjetivo latino crassus, que a princípio queria
dizer apenas “gordo, espesso” e que só adquiriu por figuração, ainda em latim,
o sentido de “grosseiro, tosco, rude”. Trata-se da mesma palavra, aliás, que
está na raiz do substantivo graxa (que a princípio queria dizer “feito de
gordura”).
→ Se o adjetivo crassus, que já
era empregado pelo dramaturgo Plauto quase um século antes de Marco Licínio
Crasso nascer, goza de todos os atributos para ter dado origem ao nosso crasso,
inclusive na acepção de grosseiro, uma possível participação do general no
sucesso da expressão “erro crasso” poderia ter no máximo um papel coadjuvante.
No entanto, mesmo assim precisaria ser confirmada por fontes históricas – que
nunca apareceram.
(Sérgio Rodrigues –
Sobre Palavras – Revista Veja)
Qual a Fonte, desse artigo, sobre bombeiros romanos ?
ResponderExcluirEstá citado na matéria: da coluna de David Coimbra, do jornal Zero Hora de Porto Alegre, RS.
ResponderExcluirMe desculpem, discordo da imputação a este político romano da invenção de um verdadeiro Corpo de Bombeiros, o grupo que ele mantinha não tem as características de um Corpo de Bombeiros, mas sim mercenários a seu serviço que vendiam serviços de combate a incêndio, mas, principalmente, eram oferecidos para reconstruir prédios, quando muito bem pago seu chefe e também para reconstruir prédios muito ardilosamente comprados a preço módico após incêndios. Tal título deveria ser atribuido a Augusto que criou os "Vigili"
ResponderExcluirNa verdade, o grupo comandado por Crasso mais parecia uma “Milícia”, como as que agem no Rio de Janeiro, “dando uma segurança duvidosa”, extorquindo os moradores das comunidades em que eles agem.
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