Por que nem todas as aves são pássaros?
→ Muitas pessoas acreditam que
todas as aves sejam pássaros, mas isso está muito errado, pois todos os
pássaros são aves, mas nem todas as aves são pássaros!
→ As aves são animais vertebrados
e endotérmicos (conseguem manter a temperatura do corpo constante), que possuem
os membros anteriores transformados em asas. Atualmente
são conhecidas inúmeras espécies de aves, e todas elas são classificadas em ordens. Mas o que
seria uma ordem no reino animal?
→ Todos os animais de uma classe
que possuem características semelhantes são reunidos em um grupo, e a esse
grupo damos o nome de ordem. No caso das aves, por exemplo, papagaios, araras,
periquitos, maritacas, cacatuas, etc., fazem parte da mesma ordem (ordem
Psittaciformes), pois todos eles apresentam características semelhantes, como
cabeça larga, pés curtos, bico curvo e muito resistente, etc.
→ Já as aves que fazem parte da ordem
Passeriforme, muito conhecidas como passarinhos ou aves canoras (aves que
cantam), reúnem mais da metade de todas as espécies de aves. Nessa família
estão reunidas as aves de tamanho pequeno e médio, cujo tamanho do bico varia
de acordo com o tipo de alimentação. Todas as aves reunidas na ordem
Passeriforme têm o canto melodioso; e somente elas podem ser chamadas de
passarinhos.
→ Cada ave faz parte de uma ordem
diferente, por isso não podemos dizer que todas as aves são passarinhos, pois,
como já dissemos antes, passarinhos são apenas aquelas aves que pertencem à ordem
Passeriforme.
(Do Blog Escola Kids)
Nem todas as aves são pássaros...
→ David Attenborough, em sua
monumental obra A vida na terra, afirma que "A pena é algo extraordinário,
é uma substância a que poucas se comparam como isolante término e nenhuma, seja
de origem animal ou fabricada pelo homem, a supera como material de voo. ... As
características que distinguem as aves dos outros animais estão quase sempre
ligadas, de uma forma ou de outra, aos benefícios trazidos pelas penas. Na
realidade, o simples fato de possuí-las é suficiente para definir uma criatura
como ave". Mas o que dizer dos familiares classificados dos jornais: animais
e aves? Notório contra-senso! Melhor seria dizer aves e outros animais.
→ Outro deslize relativamente
comum é frequente na televisão. Programas como Mundo Animal, por exemplo,
extremamente meritórios por seu excelente conteúdo, deveriam contar com
rigorosa assessoria científica quando de sua versão para o Português, evitando
que aves como garças, tucanos, araras e outras continuem sendo denominadas
pássaros, o que constitui erro palmar. Também as publicações dedicadas a
Ornitofilia, Ornitologia Amadora e assuntos correlatos estampam com assiduidade
títulos do tipo "Periquitos ondulados, Pássaros Maravilhosos",
"Agapornis, Pássaros do Amor" etc. Ora, que o leigo cometa tais
equívocos é compreensível e até perdoável, mas, deve confessá-lo, quem tem
algumas noções de Ornitologia não os engole sem veementes protestos!
→ Rodolpho von Ihering, um dos
maiores naturalistas deste País, já frisava em sua obra magna, o Dicionário dos
Animais do Brasil: "Pouca gente costuma fazer distinção com valor
classificativo, no emprego dos vocábulos ave e pássaro, peculiares à nossa língua
e à espanhola. O francês emprega indiferentemente oiseau, tanto ao designar o
avestruz como o pardal e da mesma forma Vogel em alemão e bird em inglês
aplicam-se a qualquer vertebrado plumado. Mas ninguém, falando corretamente
nossa língua, dirá que a ema, o gavião e o papagaio sejam pássaros". O
mestre até exemplifica: "Termos ouvido definir que pássaros são as aves
pequenas. Estará certa? O bem-te-vi é um pássaro, mas a rolinha, muito menor,
pode ser designada assim? Certamente que não, pois a rola é uma pomba e os
representantes desta ordem não são pássaros, porém aves, como as
galinhas".
→ Depreende-se, portanto, a
existência de valor classificativo para a palavra pássaro. Todos os vertebrados
providos de penas são aves, inclusive os pássaros. Estes, porém, pertencem a um
grupo zoológico bem caracterizado, constituindo a ordem Passeriformes. E a ela
não se filiam tuins, andorinhões e nem mesmo os beija-flores, apesar de suas
reduzidas dimensões. Daí se deduz que, se quisermos empregar com exatidão os vocábulos
ave e pássaro, a noção de tamanho deve ser completamente abandonada, levando-se
em conta apenas o critério de classificação. Pássaros, só os Passeriformes, que
têm bico desprovido de membrana na base, tarsos isentos de penas, pés com três
dedos dirigidos para a frente e um para trás e unha do dedo posterior mais
forte que a dos anteriores, dos quais os dois interiores são ligados entre si
na base.
→ Já que, para o leigo, isso não
quer dizer muito, embora elimine uma série de espécies (todas as que têm dois
dedos dirigidos para a frente e dois para trás, por exemplo, incluindo-se aí os
menores pica-pauzinhos), a única maneira prática de esclarecê-lo é relacionando
todas as famílias de Passeriformes que ocorrem no Brasil:
Dendrocolaptídeos (arapaçus e subideiras).
Furnariídeos (joões-de-barro, bentererês, trapadores etc.).
Formicariídeos (chocas, tovacas, papa-formigas etc.).
Rinocriptídeos (macuquinhos, tapaculo-preto etc.).
Cotingídeos (arapongas, anambés, pavó, crejoá, corocochó
etc.)
Piprídeos (tangarás, fruchus, rendeira, flautim etc.).
Tiranídeos (bentevis, suiriris, sebinhos, tesouras, viuvinha
etc.).
Oxiruncídeos (bico-agudo).
Hirundinídeos (andorinhas).
Corvídeos (gralhas).
Trogloditídeos (corruíras, garrinchas etc.).
Mimídeos (arrebita-rabo, sabiá-da-praia, japacanim).
Turdídeos (sabiás)
Sulviídeos (balança-rabos, chiritos, bico-comprido).
Motacilídeos (caminheiros).
Vireonídeos (pitiguari, juruviaras, verdinho-coroado).
Icterídeos (chupim, pássaro-preto, graúnas, japus, corrupião
etc.).
Parulídeos (pula-pulas, pia-cobra, mariquitas).
Cerebídeos (saís, cambacicas etc.).
Tersinídeos (saí andorinha).
Traupídeos (sanhaços, saíras, gaturamos, tiês, pipiras etc.).
Fringilídeos (azulão, curió, bicudo, canário-da-terra,
cardeal, patativa, caboclinho, papa-capins, tico-ticos, trinca-ferro, tiziu etc.).
Ploceídeos (pardal).
Estrildídeos (bico-de-lacre).
→ Como se vê, a quantidade não é
pequena. Das cerca de 1.590 espécies de aves presentes no País (segundo o prof.
Helmut Sick), quase 900 são pássaros. É importante atentar para os casos de
evolução convergente, não confundindo com pica-paus os arapaçus
(Dendrocolaptídeos), que se comportam como aqueles (Picídeos, da ordem
Piciformes), mas possuem três dedos dirigidos para a frente e um para trás. O mesmo
se diga de andorinhas (Hirundinídeos) e andorinhões. Estes, da família
Apodídeos, não são pássaros, pertencendo à mesma ordem dos beija-flores
(Apodiformes). Também os tuins, periquitos e similares nada têm a ver com
pássaros, por menores que sejam (integram a família Psitacídeos e ordem
Psitaciformes). Analisando-se com atenção as famílias que compõem a ordem
Passeriformes no Brasil e seus respectivos exemplos não há como errar,
evitando-se o emprego incorreto de uma palavra que, em nossa língua, tem valor
classificativo. Portanto, todos os pássaros são aves, mas nem todas aves são
pássaros!
(Do Blog Atualidades
Ornitológicas)
→ E o beija-flor? No sistema
classificativo de Sibley & Ahlquist, a família
Trochilidae integrava uma ordem própria, a Trochiliformes. Entre as
características distintivas do grupo contam-se o bico alongado, a alimentação à
base de néctar,
oito pares de costelas, catorze a quinze vértebras cervicais, plumagem iridescente
e uma língua extensível e bifurcada.
Muito interessante!!!!
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