quinta-feira, 29 de março de 2018

O Boi Barroso



Meu bonito boi barroso,*
Que eu já contava perdido,
Deixando o rastro na areia,
Foi logo reconhecido.

Montei no cavalo escuro
E trabalhei logo de espora
E gritei: aperta, gente,
Que o meu boi se vai embora!

No cruzar de uma picada,
Meu cavalo relinchou,
Dei de rédea para a esquerda
E o meu boi me atropelou.

Ajudai-me, companheiros,
Não me deixem morrer só.
Ali vem o boi barroso
Estralando o mocotó!

Nos tentos levava um laço
Com vinte e cinco rodilhas,
Pra laçar meu boi barroso
Lá no alto das coxilhas.

Mas no mato carrasquento,
Onde o boi estava embretado,
Não quis usar o meu laço
Pra não vê-lo retalhado.

E mandei fazer um laço
Da casca do jacaré,
Pra laçar meu boi barroso
Num redomão pangaré.

E mandei fazer um laço
Do couro da jacutinga,
Pra laçar meu boi barroso
Lá no passo da restinga.

E mandei fazer um laço
Do couro da capivara,
Pra laçar meu boi barroso
Nem que fosse a meia-cara.

Estribilho:

Meu boi barroso,
Meu boi pitanga,
O teu lugar
É lá na canga.

(Augusto Meyer: Cancioneiro Gaúcho)

*Boi-Barroso: Toada gaúcha muito popular em que se exaltam as qualidades de um boi desse pelo. São muitas as quadras escritas a respeito de tal boi, da cor do barro, a maioria de autores desconhecidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário