Carpinejar
Eu visitei o escritor Marcelino Freire em São Paulo e me assustei com vasos, canecas e esculturas de pinguim decorando o seu apartamento. Inclusive a geladeira se mostrava coberta de ímãs de pinguim.
Comentei:
− Como você gosta de pinguim!
Ele esclareceu:
− Eu não gosto de pinguim. As pessoas é que gostam de me dar pinguim.
Troca de idade anos após ano, jamais de estigma. Unicamente recebe pinguim, dos mais diferentes tipos, tamanhos e modelos. Ele não entende como a notícia se espalhou. Seus amigos acham que ele coleciona a ave aquática e jamais oferecem outra coisa de regalo.
Eu respeito integralmente a natureza do seu sofrimento, de fã involuntário de algo que sequer adora.
O boato pode virar maldição, e você se transformar em vítima de um presente monotemático pelo resto da vida.
(...)
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* Parte da crônica de Fabrício Carpinejar, no jornal Zero Hora, 11 de agosto de 2023.
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