De 1895 a 1900, quando morreu,
o irlandês Oscar Wilde passou por toda espécie de tormento que um ser humano
poderia suportar. Meteu-se num imprudente processo por homossexualismo, ao ter
um caso público com o filho de nobre inglês peso-pesado, e perdeu o caso. Na
Inglaterra vitoriana, era crime ser gay. O tribunal condenou-o a dois anos de
trabalhos forçados na penitenciária de Reading, onde ele foi cuspido e teve a
cabeça raspada.
A ideia de ver um gigante como Wilde
(1,90 m )
humilhado e submetido a violências e privações por guardas boçais parece quase
inacreditável. Mas aconteceu e, mesmo assim, ele conseguiu até escrever na
prisão: o poema “A balada do cárcere de Reading” e a memória De profundis,
em forma de longa carta para Bosie, o jovem amante responsável por sua
desgraça.
Libertado em 1897, falido e em
desgraça em Londres, Wilde partiu para o degredo em Paris. Lá , esmolou
agressivamente nas ruas. Viu manchas vermelhas aparecerem em seus braços, peito
e costas, seguidas por erupções em todo o corpo. Teve um abscesso purulento no
ouvido (tratado com morfina e ópio) e meningite*. A 30 de novembro de 1900, seu
corpo literalmente explodiu − liquefez-se. Ele tinha 46 anos.
Wilde foi enterrado no cemitério
Père-Lachaise e, como sua reabilitação literária foi imediata, seu túmulo
sempre atraiu romeiros. Mas, de alguns anos para cá, eles não se limitam a
contemplá-lo. Beijam-no e escrevem mensagens de admiração e amor, a lápis e
batom. A cada limpeza, a pedra se desgasta. Na semana passada (em 2012), para
conter o processo, o túmulo ganhou uma redoma de vidro.
De cuspido por alguns a beijado por
milhares − o que Wilde diria disso? Na verdade, sem saber, ele já disse: “A
única diferença entre um santo e um pecador é que o santo tem um passado − e o pecador, um futuro.”
Túmulo Oscar Wilde,
em Paris, cercado por redoma de vidro.
(Do livro “A arte de
querer bem”, de Ruy Castro)
*Oscar Wilde morreu de um violento ataque de meningite,
agravado pelo álcool
e pela sífilis.
Wilde foi enterrado no Cemitério
de Bagneux, fora de Paris, porém em 1950 foi movido para o Cemitério de Père Lachaise. Sua tumba é
obra do escultor Sir Jacob Epstein, à requisição de Robert Ross, que também
pediu um pequeno compartimento para seus próprios restos.
A Obra
No seu único romance, O Retrato de Dorian Gray, considerado por
muitos críticos como uma obra-prima da literatura britânica, Oscar Wilde trata
da arte, da vaidade e das manipulações humanas.
Já em várias de suas novelas, como
por exemplo O Fantasma de Canterville, Wilde critica o patriotismo da
sociedade.
Em seus contos infantis preocupou-se
em deixar lições de moral através do uso de linguagem simples. O Filho da
Estrela (ver em Ligações
Externas ), é exemplo disso.
No teatro, escreveu nove dramas,
muitos ainda encenados até hoje.
Wilde destacou-se como poeta,
principalmente na juventude. Rosa Mystica, Flores de Ouro são alguns trabalhos
conhecidos nesse campo.
Wilde foi um mestre em criar
frases marcadas por ironia, sarcasmo e cinismo.
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