Texto de Edson Aran
Se você acha que amar é tolice, bobagem e ilusão, é bossa
nova.
Se amar foi sua ruína, é samba-canção.
Se a ingrata deu pro Assum Preto, pro Pintassilgo e pro Ditão, é música
sertaneja.
Se você acordou de manhã se sentindo miserável, não é bossa
nova, é blues.
Se a última fileira do teatro consegue te escutar, não é
bossa nova.
Se a primeira também não escuta, é show do Philip Glass.
Se você vai à praia de tardinha para ver o barquinho, é
bossa nova.
Se você só viu barcão, solzão, canção ou outra coisa terminada em “ão”, é
samba-enredo.
Menos improvisação. Aí é jazz.
Música com maçã, Iansã e febre terçã, é coisa do Djavan.
Mas, se tiver pau, pedra e um resto de toco, é o fim do caminho.
Se você fica deprimido quando pensa no amor, é bossa nova.
Se você pensa no amor e fica deprimido, é impotência.
Se você é cantora e mostra o joelho, é bossa nova. Se mostra
a bunda, é axé music.
Se mostra que só sabe gemer com voz fina e estridente, é a Sandy. Ou o Junior.
Uma das duas.
Se as mulheres jogam calcinhas no palco quando você canta,
definitivamente não é bossa nova.
Se você é mulher e entra no palco sem calcinha, é a Lady Gaga.
Se ela passa num doce balanço a caminho do mar, é bossa
nova.
Se a sua alegria atravessou o mar, é outra coisa.
Se tem sofrimento, corno e dor de cotovelo é sertanejo.
ResponderExcluirConcordo!
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