sábado, 30 de janeiro de 2021

Nada como uma mulher inteligente

 

Um casal sai de férias para um hotel-fazenda. O homem gosta de pescar de madrugada, numa parte do lago onde a pesca é permitida e a mulher gosta de ler. 

Uma manhã, o marido volta depois de horas pescando e resolve tirar uma soneca. 

Apesar de não conhecer bem o local, a mulher decide pegar o bote do marido e ler no lago. Ela navega um pouco, ancora o barco e continua lendo o seu livro tranquilamente. 

Nisso chega um guardião do parque em sua lancha, para ao lado da mulher e fala: 

− Bom dia, madame, o que a senhora está fazendo? 

− Lendo um livro − responde ela, pensado dentro si: será que não é óbvio? 

− A senhora está numa área restrita em que a pesca é proibida, ele informa. 

− Sinto muito, senhor fiscal, mas não estou pescando, estou lendo! 

− Sim, mas com todo o equipamento de pesca. Pelo que sei, a senhora pode começar a qualquer momento. Se não sair imediatamente, terei que multá-la e processá-la. 

− Se o senhor fizer isso, terei que acusá-lo de assédio sexual − diz a mulher. 

− Mas eu sequer a toquei! − diz o guardião. 

− É verdade, mas o senhor tem todo o equipamento. Pelo que sei, pode começar a qualquer momento. 

− Tenha um bom dia, madame − ele diz isso e vai embora. 

Moral da História: 

Nunca discuta com uma mulher que lê,

pois é certo que ela pensa.

Coisa de mulher sedutora...

 

Uma mulher muito charmosa e atraente está num bar. Gesticula graciosamente para o barman, que imediatamente chega mais perto. Quando ele chega, ela, muito sedutora, faz sinal para que ele se aproxime. Ela começa a acariciar-lhe o cabelo e a barba. Passando e repassando os dedos carinhosamente, pergunta-lhe: 

− Você é o proprietário?

E passa vagarosamente a mão pelo rosto dele.

− Não! − Responde ele.

Você podia chamá-lo? 

− Acho que não poderei ajudá-la, pois ele não está aqui hoje, diz o barman, já profundamente excitado com a situação. Mas, posso fazer algo por você? − completa ele. 

− Claro que pode! Preciso que lhe dê um recado. (Massageando a barba e enfiando dois dedos na boca do barman, deixando que ele os lamba e depois os chupe levemente, ela continua): 

− Diga a ele que não tem papel higiênico e nem sabonete para lavar as mãos, no banheiro das mulheres! 

Moleque de vila

 Rap de Projota

Moleque de favela por MrJBA em Deviant Art 

Eu falei que era uma questão de tempo
E tudo ia mudar e eu lutei.
Vários me disseram que eu nunca ia chegar, duvidei.
Lembra da ladeira, meu?
Toda Sexta-feira meu melhor amigo é Deus

E o segundo melhor sou eu.

Eu tanto quis, tanto fiz, tanto fui feliz.
Eu canto Xis, canto Péricles, canto Elis.
Torcedor do Santos, desse pão e circo eu também quis.
Não sei feliz, mas geral merece não ser infeliz.

Prosperei com o suor do meu trabalho.
Me guardei, lutei sem buscar atalho,
sem pisar em ninguém.
Sem roubar também, então sei
Que hoje o meu nome é Foda e meu sobrenome é Pra Caralho.

Deus olhou pra mim, disse assim:

“Escuta, neguim,

Pegue esse caderno e escreve em cada folha até o fim.
Eu disse: “Senhor, sou tão tímido, sinto mó pavor.
Só subir no palco a perna congelou,

Mas rodei o Brasil, CD na mochila foi cinquenta mil.
Mão em mão, na rodoviária passando mó frio.
Quem viu, viu, Curitiba meu tesouro, foi estouro
Vinte e cinco mil, tio, DVD de ouro.

Triunfo bombou, Leandro estourou, Michel prosperou.
Dei valor, só trabalhador, homens de valor.
Minha cor não me atrapalhou, só me abençoou.

Quem falou que era moda, hoje felizmente se calou.

Vai, vai lá, não tenha medo do pior.
Eu sei que tudo vai mudar.
Você vai transformar o mundo ao seu redor,
Mas não vacila, moleque de vila, moleque de vila, moleque de vila.
Não vacila, moleque de vila, moleque de vila, moleque de vila.

Já fui vaiado, já fui humilhado, já fui atacado,
Fui xingado, ameaçado, nunca amedrontado.
Aplaudido, reverenciado, homenageado,
Premiado pelos homens, por Deus abençoado.

Avisa o Rony que hoje é nós, não tem show, tô sem voz.
Se o Danilo não colar, vou buscar de Cross.
Se o Marques chegar, grita o Magrão, liga, mó função.
Tem churrasco, sem fiasco, tira espinha do salão.

Já cantei com o Mano Brown, com Edi Rock e com Helião.
Com D2, com MV, dei um abraço no Chorão.
Aprendi fazer freestyle no busão,
Hoje é o mesmo freestyle, só que a gente faz no fundo do avião.

E hoje eu acordei chorando, porque eu me peguei pensando,
Será que lá de cima a minha véia segue me olhando?
Será que se me olhando, ela ainda tá me escutando?
Será que me escutando, ela ainda tá se orgulhando?

Hoje tanto faz, putaria tá demais,
Mas ninguém se liga mais, mas ninguém respeita os pais.
Mas pra mim tanto faz porque ainda tem Racionais.
Pra quem quer, diferente tem, Oriente e Haikass.

Raps nacionais, rostos diferentes, mesmos ideais.
Salve, Sabota, e todo Rap sem lorota.
Os mano gostam de ir no Twitter xingar o Projota,
Mas trai a mulher e não abraça a mãe, faz uma cota.

Desde os dezesseis tô aqui, outra vez, vou sorrir,
Vou cantar, vou seguir,
Vou tentar, conseguir.
Se quer falar mal, fala daí,
Mas meu público grita tão alto que já nem consigo te ouvir.

Olha lá o outdoor com o meu nome.
Me emocionar não me faz ser menos homem.
Se o diabo amassa o pão, você morre ou você come?
Eu não morri e nem comi, eu fiz amizade com a fome.

Então, vai, vai lá, não tenha medo do pior.
Eu sei que tudo vai mudar.
Você vai transformar o mundo ao seu redor,
Mas não vacila, moleque de vila, moleque de vila, moleque de vila,
Não vacila, moleque de vila, moleque de vila, moleque de vila.

P.S. Este rap está na internet na voz do próprio autor, Projota, participante de BBB 21.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Sabedoria judaica

 

A educação em provérbios judaicos

Os pais ensinam os filhos a falar, e os filhos ensinam os pais a guardar silêncio. 

Quem não ensina um ofício ao seu filho, ensina-o a roubar. 

Com tempo até o urso aprende a dançar. 

Passa a vida no meio dos sábios e descobrirás o valor do silêncio. 

A rivalidade dos sábios engrandece a ciência. 

Só é sábio quem aprende com todos os homens. 

O ensinamento do sábio é uma árvore viva. 

Ganha sabedoria e terás mais razão. 

Que um pai não inveje o filho, nem o mestre o seu discípulo. 

Quem não tem filhos, educa melhor. 

Um sábio sem livro é como um artesão sem ferramenta. 

Um mestre colérico ensina sempre mal. 

Que Deus nos livre dos meio-sábios e dos quase-médicos. 

Todos se queixam da falta de dinheiro, mas da falta de inteligência, ninguém. 

O ferro fica polido no contacto com o fogo e o homem, no contacto com o próximo. 

Graças à sua inteligência, o inteligente percebe a razão do triunfo do imbecil. 

O futuro pertencerá aos que tiverem melhor memória. 

(Do blog Escola Portuguesa)


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Discussão de intelectuais

Tudo começou quando Ledo Ivo fazia uma palestra sobre o modernismo. Reza a lenda que Oswald de Andrade calhou de estar na plateia. Sempre que podia, interrompia o crítico, ruidosamente. Até Ivo se impacientou: 

“O Senhor é o calcanhar-de-aquiles da literatura brasileira!” 

 A resposta, dedo em riste: E o senhor é chulé de Apolo!” 

* * * * * 

Dois famosos escritores discutem na Academia Brasileira de Letras:

- Você não passa de ancípite e, além disso, é ímprobo, pois é uma pessoa janicéfala. Na sua juventude você foi um sicofanta, tem um comportamento somítico e tem uma vida de valdevino. 

- E você que não passa de um ababelado. É um acárpico. Na sua juventude foi um funcionário catecúmeno. 

- Você e um acrânio! 

- E você é um apedeuta! 

- Você patego! 

- E você é um saberete! 

- E você não passa de um urumbeba! 

- Agora percebo tudo, você não passa de um abléptico! 

- Você, agindo assim, não passa de um detraquê! 

- Seus romances  são típicos de uma pessoa presbiofrênica! 

- Vindo de um zuruó, parece até um elogio... 

***** 

Ancípite - que tem duas caras, falso, inconstante.

Ímprobo – que não é probo. Desonesto.

Janicéfalo - pessoa de duas caras, inconfiável

Sicofanta – delator, difamador.

Somítico – avarento, sovina.

Valdevino – oportunista, que vive à custa de outros.

Acrânio – sem cérebro.

Apedeuta – ignorante.

Saberete – sabe-tudo, pretensioso.

Urumbeba  otário

Ababelado – quem nunca termina o que começa, como os construtores da Torre de Babel.

Acárpico – pessoa incapaz de gerar frutos e produzir. Do grego Karpós (fruto).

Catecúmeno – funcionário recente e despreparado para as armadilhas do ambiente de trabalho.

Abléptico – que perdeu a visão das coisas.

Detraquê – amalucado.

Presbiofrênico – caduco que inventa histórias sem fundamento.

Zuruó – biruta.

O Sábio e o Turista

 

Conta-se que, no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo − Egito, com a finalidade de visitar um famoso sábio. O turista se surpreendeu ao ver que o sábio vivia em um quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobiliário eram uma cama, uma mesa e um banco. 

- Onde estão seus móveis? − perguntou o turista.

E o sábio, rapidamente, também perguntou: 

- E onde estão os seus...? 

- Os meus? – surpreendeu-se o turista. Mas estou aqui somente de passagem!

- Eu também... − concluiu o sábio. 

A vida na terra é somente temporária... Sem dúvida, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente e se esquecem de ser felizes. O valor das coisas não está no tempo que duram, e sim na intensidade com que sucedem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. Você pode ser feliz hoje... E viver cada dia. É uma decisão sua...

Diálogo num parque

 

No parque, uma mulher sentou-se ao lado de um homem. Ela disse:

- Aquele ali é meu filho, o de suéter vermelho deslizando no escorregador. 

- Um bonito garoto – respondeu o homem. E completou: Aquela de vestido cinza e blusa vermelha, pedalando a bicicleta, é minha filha. 

Então, olhando o relógio, o homem chamou a sua filha. 

- Melissa, o que você acha de irmos pra casa?

- Mais cinco minutos, papai, por favor. Só mais cinco minutos! 

O homem concordou e Melissa continuou pedalando sua bicicleta, para alegria de seu coração. Os minutos se passaram, o pai levantou-se e, novamente, chamou sua filha: 

- Hora de irmos agora, minha filha?

Mas, outra vez Melissa pediu:

- Mais cinco minutos, papai, só mais cinco minutos!

O homem sorriu e disse:

- Está certo!

- O senhor é certamente um pai muito paciente − comentou a mulher ao seu lado.

O homem sorriu e disse: 

- O irmão mais velho de Melissa foi morto no ano passado por um motorista bêbado, quando montava sua bicicleta perto daqui. Eu nunca passei muito tempo com meu filho e agora eu daria qualquer coisa por apenas mais cinco minutos com ele. Eu me prometi não cometer o mesmo erro com Melissa. Ela acha que tem mais cinco minutos para andar de bicicleta. Na verdade, eu é que tenho mais cinco minutos para vê-la brincar...

Em tudo na vida estabelecemos prioridades. Quais são as suas? Lembre-se: nem tudo o que importante é prioritário, e nem tudo o que é necessário é indispensável! Dê, hoje, a alguém que você ama mais cinco minutos de seu tempo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

O maqueiro do Maracanã

 O negão da maca 

Por Sergio Pugliese

O Maracanã dos velhos tempos era abarrotado de personagens, era como se você mergulhasse em um livro de contos e fábulas. Havia o torcedor que cobria o corpo inteiro com pó de arroz; Dona Dulce Rosalina, que comandava a galera vascaína, o sósia do Obama, o carinha que vivia rezando com um galho de arruda acomodado na orelha, o alvinegro Russão, o Mr. M, o árbitro Armando Marques cheio de caras e bocas, o comentarista Mário Vianna gritando “errooooou!!!”, o locutor da Suderj anunciando as escalações, o velhinho das embaixadas, enfim, o Maracanã era uma espécie de ilha da fantasia, um mundo encantado que amenizava nossas dores e coloria nossas emoções. 

Enéas, vulgo Mike Tyson, o maqueiro fortão, era mais uma dessas tantas figuras que ilustravam nossas tardes/noites e guardamos na memória até hoje. O cara era um guarda-roupas e virou atração turística, porque passou 20 anos entrando e saindo de campo carregando gênios, como Zico e Maradona, e grandalhões, como Júnior Baiano e Manguito. Quando sentia que a contusão era mais grave, nem esperava por Geraldo, seu grande parceiro de trabalho, entrava correndo em campo, colocava o atleta no ombro e voltava correndo com ele. A galera endoidava! Certa vez, tropeçou, caiu e a Geral pegou no seu pé...“Negão, tá na hora de se aposentar!”. Quando o locutor Januário de Oliveira anunciava “tá lá um corpo estendido no chão, vem aí o primeiro carreto da noite”, ele entrava em ação, era seu estrelato. Vascaíno, o primeiro jogador a carregar foi Zico. Ficaram muito amigos. 

Malhava como um louco e, nas horas vagas, atuava como segurança de boates, clubes e para a família do Galinho de Quintino. Nos finais de semana de folga, para condicionar-se fisicamente, corria de Brás de Pina, subúrbio carioca, até a Praia de Copacabana. Na chegada triunfal, o filho acenava, orgulhoso, da areia. Durante o trajeto, muita gente o reconhecia e pedia autógrafos. O “negão da maca” fez história no Maraca, foi um de seus reis, como Romário, Túlio, Renato Gaúcho e Papai Joel. Claro, que tanto peso lhe rendeu problemas graves na coluna, mas o glaucoma, que o deixou cego, é o que mais o aflige. 

Aos 80 anos, está frágil e saudoso da grama verde, de sua padiola e do respeitável público daquele circo chamado Maracanã. Em nossa despedida, tentou levantar-se do sofá, mas não conseguiu nem com o apoio de uma velha bengala. Segurei firme em seu pulso e ofereci apoio ao maior reboquista da história do Maracanã. “Quem diria, hein”, comentou. Quem diria. Rimos e caminhamos lentamente até a porta amparados por um abraço e por doces lembranças.


Jornalista Sergio Pugliese, criador do Museu da Pelada, 
no Rio de Janeiro. 

Os causos do maqueiro

“Lembro que o Sávio tomava muito cacete e o Bebeto era chorão. Já o Romário era manhoso, caía de sacanagem e eu tinha que carregar ele mesmo sabendo que não era nada. Quem me sacaneava muito era o Junior Baiano, ele e Serginho Chulapa não cabiam na maca. Teve um jogo em que o Flamengo tinha acabado de entrar em campo e o Baiano caiu. Eu disse ‘porra, pera aí, que é que é isso’, mas era distensão na coxa direita. Quando ele subiu na maca, a coisa envergou. Teve um Brasil x Chile em que aquele goleiro Rojas caiu e não deixaram eu pegar nele. Colocaram mercúrio para fingir sangue e tentar acabar com o jogo, aproveitando que um rojão tinha caído no campo. Depois, quando ele foi para o São Paulo, reclamei sobre isso, mas ele começou a rir”, lembra.

Saudoso, ele diz sentir falta dos tempos de maca, mas se diz satisfeito com a vida. “Se eu morrer agora, estou satisfeito, eu curti. Passeei, trabalhei muito e me tornei famoso”, diz antes de nos ver sair pelo portão como criança com doce nas mãos. Só quem frequentou aquele Maracanã sabe o que significa.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Pedido de dispensa do Exército

 

Um jovem escreveu a seguinte carta para o responsável pela dispensa do serviço militar. 

Prezado Senhor Oficial Militar, 

Venho, por intermédio desta, pedir a minha dispensa do serviço militar. A razão para isto é bastante complexa e tentarei explicar em detalhes. Meu pai e eu moramos juntos e possuímos um rádio e uma televisão. Meu pai era viúvo e eu solteiro. No andar de baixo, moravam uma viúva e sua filha, ambas muito bonitas e sem rádio e nem televisão. O rádio e a televisão fizeram com que nossas famílias ficassem mais próximas. Eu me apaixonei pela viúva e casei com ela. Meu pai se apaixonou pela filha e também se casou com esta. Neste momento, começou a confusão. A filha da minha esposa, que casou com o meu pai, é agora a minha madrasta. Ao mesmo tempo, porque eu casei com a mãe, a filha dela também é minha filha (enteada). Além disso, meu pai se tornou o genro da minha esposa, que por sua vez é sua sogra. A minha esposa ganhou recentemente um filho, que é irmão da minha madrasta. Portanto, a minha madrasta também é a avó do meu filho, além de ser seu irmão. A jovem esposa do meu pai é minha mãe (madrasta), e o seu filho ficou sendo o meu irmão. Meu filho é então o tio do meu neto, porque o meu filho é filha (enteada). Eu sou, como marido de sua avó, seu avô. Portanto sou o avô de meu irmão. Mas como o avô do meu irmão também é o meu avô, conclui-se que eu sou o avô de mim mesmo! 

Portanto, Senhor Oficial, eu peço dispensa do serviço militar baseado no fato de que a lei não permite que avô, pai e filho sirvam ao mesmo tempo. Se o Senhor tiver qualquer dúvida releia o texto várias vezes (ou tente desenhar um gráfico) para constatar que o meu argumento é realmente verdadeiro e correto. 

Ass. Avô, pai e filho. 

Conclusão: 

O rapaz foi dispensado. 


Bichinha temperamental

 

O agudo caso, na Grande Santa Maria − do homem recentemente denunciado por "crime ambiental", por fazer sexo com duas ovelhas − fez com que uma história semelhante, também gaúcha, fosse retirada do fundo do baú.

O criativo advogado Moacir Leopoldo Haeser era juiz, no final dos anos 70, na 2ª Vara Judicial da comarca de Rio Pardo (RS). Certo dia chegaram-lhe à mesa os autos de um inquérito em que o delegado local propunha o necessário arquivamento.

O relatório referia que os policiais rio-pardenses haviam investigado um homicídio, de autoria desconhecida. A vítima − um agricultor trintão, solteiro, boa compleição física, sem inimigos conhecidos − fora encontrada morta num potreiro, no interior do município. A ocorrência fora informada por um vizinho − depois de uma cavalgada de 20 quilômetros (na época não havia celular e a telefonia convencional era, regra geral, um caos). 

Rio Pardo tinha, na época, violência zero e nada indicava que o homem houvesse sido vítima de latrocínio ou vingança. Arguto, o delegado havia pedido, na mesma hora em que teve ciência do fato, um exame necroscópico da vítima e um levantamento minucioso fotográfico do local dos fatos. Foi convocado o melhor retratista da cidade, que na época usava uma Rolleyflex, já a meio-caminho de tornar-se obsoleta. Quando chegaram as respostas aos quesitos e as fotografias, o delegado não teve dúvidas sobre a autoria. 

É que os peritos médicos e os investigadores haviam trazido detalhes coincidentes e convergentes: “o exame cadavérico constatou lesões internas e no peito da vítima havia uma marca semicircular, em formato de ferradura. Próximo dali foi encontrada uma égua pastando. E quase junto ao corpo inerte, o que fora um montinho de tijolos todos eles espalhados num raio não maior do que 1m50”. 

O então juiz Haeser determinou a vista ao Ministério Público. O promotor leu, sorriu, matutou, lançou parecer concordando com o arquivamento e foi levar os autos, em mãos, ao gabinete do magistrado. Os dois operadores do Direito afinaram no ponto: “necessidade do arquivamento, ante as circunstâncias do fato”. Mesmo porque, se fosse o caso de ser tipificado como crime, era evidente ter ocorrido “legítima defesa da honra”. 

Eu Ganhei Flores Hoje

 

Paulette Kelly

Não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial; tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite e ele me disse muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade. Mas sei que está arrependido e não as disse a sério, porque ele me enviou flores hoje. E não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial. 

Ontem, ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos acordamos e sabemos que não é real. Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados. Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje. E não é Dia dos Namorados ou nenhum outro dia especial. 

Ontem, à noite, bateu-me e ameaçou matar-me. Nem a maquiagem ou as mangas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que percebessem. Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não era Dia das Mães ou nenhum outro dia. 

Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é vou fazer? Como poderia eu sozinha manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar o dinheiro? Tenho tanto medo dele! Mas dependo tanto dele que tenho medo de deixá-lo. Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje. 

Hoje é um dia muito especial: É o dia do meu funeral. Ontem, finalmente, conseguiu matar-me. Bateu-me até eu morrer. Se ao menos eu tivesse tido a coragem e a força para deixá-lo... Se tivesse pedido ajuda profissional... Hoje eu não teria recebido uma coroa de flores! 

Eu Ganhei Flores Hoje* 

Paulette Kelly 

Eu ganhei flores hoje!

Não era meu aniversário ou qualquer outro dia especial.
Tivemos nossa primeira discussão ontem à noite;
E ele disse muitas coisas cruéis que realmente machucaram;
Eu sei que ele está arrependido e não quis dizer as coisas que disse;
Porque ele me mandou flores hoje.

Eu ganhei flores hoje!

Não era nosso aniversário de casamento ou algum dia especial. Na noite passada, ele me jogou na parede e começou a me sufocar. Tudo parecia um pesadelo. Eu não podia acreditar que aquilo era real. Eu acordei nessa manhã com dores e toda arranhada. Eu sei que ele deve estar arrependido. Porque ele me mandou flores hoje. 

Hoje eu ganhei flores.

Não era o dia das mães ou algum dia especial. Na noite passada ele me bateu de novo. E foi muito pior do que todas as outras vezes. Se eu o deixar, o que farei? Como posso cuidar dos meus filhos? Como vou ter dinheiro? Tenho medo dele e tenho receio de deixá-lo. Mas eu sei que ele deve estar arrependido. Porque ele me mandou flores hoje. 

Hoje eu ganhei flores.

Hoje foi um dia muito especial. Foi o dia do meu funeral. Na noite passada ele finalmente me matou. Ele me bateu até eu morrer. Se eu somente tivesse tido a coragem suficiente e a força para deixá-lo... Eu não teria recebido flores… Hoje.

 *******

* O poema I Got Flowers Today, foi escrito por Paulette Kelly em 1992, dedicado às mulheres agredidas:

O chamado da natureza

 

Diarreia 

Piriri, caganeira, desarranjo, disenteria... Chame como quiser, o fato é que D. Pedro estava se borrando nas calças quando, na ida para São Paulo, recebeu as cartas de Dª. Leopoldina e José Bonifácio dando conta das terríveis determinações que as Cortes Constituinte de Portugal queriam impor ao Brasil. 

Ninguém sabe o que havia causado a soltura, embora a principal suspeita fosse a comida muito temperada do jantar da noite anterior. O certo é que, ao longo daquela jornada rumo ao Grito do Ipiranga, o príncipe regente teve que se aliviar oito vezes durante o caminho. Reza a lenda que, ao parar em um rancho em Cubatão, uma jovem chamada Maria do Couto teria preparado um chá de folhas de goiabeira para aliviar a dor de barriga de D. Pedro. Foi só depois de sentir-se melhor graças à infusão que o futuro imperador conseguiu seguir viagem. Não há documentos confirmando a história do chá e da bela dama que o preparou. Mas a diarreia foi bem real.  

 

Quebrar o corpo 

Ao contrário do que possa parecer, a expressão não significa que alguém vá quebrar os ossos de outra pessoa. Muito usada na época de D. Pedro, indicava que alguém se encontrava na posição típica de quem está com uma tremenda dor de barriga: com o abdômen dobrado em direção às coxas. Pouco antes de proclamar a Independência, o futuro imperador do Brasil estava, segundo testemunhas, “quebrando o corpo para atender a mais um chamado da natureza”. Ou seja, estava fazendo cocô. 

(Do livro: “Dicionário da Independência – 200 anos em 200 verbetes”, de Eduardo Bueno)

O escritor Eduardo Bueno e seu livro


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Lições

 O Menino e o Velho

Diz o menino sorrindo: 

− Às vezes eu derrubo minha colher.

E o velho compreensivo: 

− Eu faço isso também.

Confessa também o menino:

− Eu já urinei nas minhas calças.

E o velho: 

− Eu faço isso também.

Revela ainda o pequeno:

− Eu choro frequentemente.

O velho balança a cabeça e diz:

− Ainda faço eu também.

− Mas pior de tudo − lembra a criança − os adultos não prestam atenção em mim... 

E ele sente o calor de uma mão velha enrugada alisando suavemente sua cabeça:

- Eu sei o que você quer dizer, meu filho. − Lamenta o idoso também. 

Anne Sexton, poetisa americana (1928-1974)

Muitas mãos

 Paulo Mendes*

Seu Neto, companheiro de meu pai nas tropeadas, tinha as mãos cheias de calos, sulcos, verdadeiras cicatrizes do tempo. Meu pai, seu José Mendes, tinha mãos finas e compridas, com as veias saltadas, também com uns cortes que se atravessavam ao comprido e de lado, na parte posterior. Na parte interna, eram marcas de tirões de laço, cortes de arames farpados. Minha mãe, dona Mirica, a bolicheira, tinha mãos grossas, dedos curtos, que também traziam marcas de queimaduras, e até dois sinais de uma picada de cruzeira. Esse acidente quase lhe tirou a vida quando ainda era uma guria lá na Serra das Encantadas, onde passou sua infância. Desde guri tenho esta mania de observar as mãos das pessoas, talvez um costume do tempo de bolicheiro. Era uma forma de saber “com quem se estava lidando”. Dona Mirica dizia que as mãos de uma pessoa revelavam quem ele era, o que fazia e o que pretendia no bolicho. 

Entendo que neste ano de 2021 vamos precisar de muitas mãos. Mãos calejadas, mãos suaves e macias, mãos de gente do campo e da cidade. Mãos que batem teclados como eu, mãos que manejam bisturis nos hospitais, mãos que seguram duros cabos de machado e enxadas, mãos que manobram máquinas no campo e nas fábricas citadinas. Vamos precisar de todo mundo. O ano será de retomada, depois de um 2020 de muito sofrimento em função da pandemia que nos machucou o corpo e a alma. As perspectivas são sombrias, mas será através de nossas mãos que vamos manobrar e talvez dobrar adversidades, que serão muitas. 

(...) 

Vamos arremangar as camisas e dar trabalho para essas mãos que nos acompanham desde que nascemos. É chegada a hora, meus amigos, de enfiar a mão na massa, cortar, montar, refazer de novo. Juntos seremos muitos e, mesmo separados pela distância e pelas convicções e ideias, vamos trabalhar. É chegada a hora de nossas mãos mostrarem a que vieram ao mundo.

(...) 

Ah, essa mãos gaúchas que tanto pelearam, que seguraram lanças de taquara, adagas, longas espadas, laços e boleadeiras, todas as armas possíveis. Mãos que se destroçaram defendendo fronteiras, cuidando da nossa gente. 

Hoje, em tempo de paz, precisamos de muitas mãos, mãos descendentes daquelas antigas mãos, para tocar e refazer nossas vidas, nosso lugar. Somos gaúchos e já nos refizemos tantas vezes, agora não será diferente. Nossas mãos serão mais úteis do que nunca, porque foi mesmo uma guerra. E lá as vejo, me abanando, milhares de mãos, avisando que estão unidas, juntas, para refazer tudo o que foi destruído. Porque somos assim, peleadores, sempre, mesmo que tenhamos apenas a força de nossas mãos. 

***** 

*Em “Campereada”, Correio do Povo, janeiro de 2021

domingo, 24 de janeiro de 2021

A saúde e o coração de D. Pedro I

 

Epilepsia 

Doença que causa convulsões e perda de consciência em intervalos irregulares. Dom Pedro I sofria deste mal desde criança. Seus ataques epiléticos causavam sustos e apreensão em todos que o cercavam. Em pouco tempo, o Brasil inteiro ficaria sabendo que o príncipe, depois imperador, padecia da enfermidade. Apesar da doença, D. Pedro nunca deixou de levar uma vida agitada e cheia de aventuras. 

Tuberculose

Doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis; matou muita gente antes da descoberta de um antibiótico poderoso que pudesse combatê-la. 

A tuberculose consumiu D. Pedro I; quando ele morreu, em 24 de setembro de 1834, a autópsia revelou que “raro era o órgão indispensável à vida que não apresentasse lesões. O coração e o fígado hipertrofiados. O pulmão esquerdo denegrido, friável, sem aparência vesicular quase todo, apenas numa pequena porção da parte superior era permeável ao ar. Os rins, onde fora encontrado um cálculo, inconsistente, esbranquiçados. O baço amolecido, a desfazer-se todo”. 

Pobre D. Pedro, tão acabado aos 36 anos. 

Coração 

Ao receber as cartas das Cortes Constituintes portuguesas, pouco antes de proclamar a Independência, D. Pedro sentiu-se, segundo testemunhas, “aflito, seu peito arfante num movimento apressado, e com a mão esquerda ele comprimiu o coração que palpitava dolorosamente”. Esse mesmo coração parou de bater no dia 24 de setembro de 1834. Três dias depois, seu corpo foi enterrado na igreja de São Vicente, em Lisboa (seria transferido para o Brasil em 1972). Mas o coração foi posto numa urna e levado para a igreja da Lapa, na cidade portuguesa do Porto, pois essa foi sua ordem antes de morrer. É lá que o órgão está até hoje, conservado em uma solução mista de formol, e são necessárias cinco chaves para permitir acesso ao recipiente de vidro onde repousa o outrora agitado coração de D. Pedro. Um coração que bateu forte, motivado por muitas paixões, entre elas, com certeza, a paixão pelo Brasil.

Urna com o coração de D. Pedro I 

(Do livro “Dicionário da Independência – 200 anos em 200 verbetes, de Eduardo Bueno”

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Em 24 de setembro de 1834, D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal falecia, por volta das 2h30min da tarde, no palácio de Queluz. Desde então, difundiu-se uma suspeita de que seu médico particular, Dr. João Fernandes Tavares (1795-1874), o tivesse envenenado a pedido dos miguelistas, apesar de autópsia da vítima ter indicado falência de múltiplos órgãos e tuberculose. Nas palavras da Imperatriz D. Amélia, que assistiu a agonia de seu esposo, ela diz que “o pulmão direito [de D. Pedro] estava cheio de água, que continha mais de dois litros e o esquerdo não existia. O coração estava dilatado”. O ex-imperador, pressentindo a sua morte, chegou a enviar um comunicado aos deputados portugueses afirmando que seus dias estavam terminando. A guerra pela reconquista de Portugal das mãos do irmão, D. Miguel, acabou por cobrar demais do físico da vítima, já debilitado por algumas costelas quebradas em decorrência de uma queda de cavalo. Contudo, um documento inédito, publicado na edição desse mês pela Revista de História da Biblioteca Nacional, e assinado pelo Dr. Tavares do monarca, vem oferecer mais luz às causas da morte de Pedro e, consequentemente, livrar o médico da acusação de envenenamento. 

O resultado da autópsia do ex-imperador havia sido publicado avulso no ano da morte do mesmo (1834). A partir daí, ele permanecera praticamente desconhecido por parte dos pesquisadores, até que fora localizado em uma coleção particular no Brasil, e seu proprietário aceitou em divulgá-lo. Através das páginas do documento, podemos observar a versão detalhada do Dr. Tavares para a morte da vítima, onde o autor afirmava, entre muitas outras coisas, que há pelo menos 14 anos, “S. M. I. sofreu ataques de inflamação de fígado, e desde o princípio desta afecção, que foi ela tratada por um método perturbador, e impróprio pelo Augusto Doente…” Aliado à publicação da autópsia na íntegra, a edição acompanha mais 7 páginas de um excelente artigo escrito pela pesquisadora Cláudia Thomé Witte, revelando mais alguns detalhes dos últimos anos de vida de D. Pedro I. “Tendo agora em mãos o resultado da autópsia”, escreve Witte, “poderemos confrontar o documento com as descobertas científicas do século XXI”. Destarte, ciente da relevância de tal descoberta, o portal Rainhas Trágicas traz para você, nosso leitor, os scans das 13 páginas da matéria de Capa da edição 101 da Revista de História da Biblioteca Nacional, incluindo o artigo de Cláudia Thomé Witte e a autópsia do monarca, pelo seu médico Dr. João Fernandes Tavares. 

Revista de História da Biblioteca Nacional, n° 101 –  Autópsia de D. Pedro I, por: Renato Drummond Tapioca Neto



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Vacina contra covid:

 10 razões para se vacinar contra o coronavírus

Alessandro Siani*

1. Porque as vacinas salvam vidas: 

As coisas evoluíram muito desde que Edward Jenner vacinou pela primeira vez um menino contra a varíola em 1796 (Imagem abaixo). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a vacinação atualmente evite de 2 a 3 milhões de mortes todos os anos. 

2. Para proteger sua saúde: 

As vacinas também nos protegem de muitas doenças debilitantes. 

Antes do desenvolvimento das vacinas Salk e Sabin contra a poliomielite, era comum ver imagens dramáticas de pessoas usando pulmões de ferro ou de crianças paralisadas. Mas nas últimas três décadas, as vacinas levaram a uma redução de 99,9% nos casos de pólio. 

E a covid-19 pode ter efeitos de saúde duradouros. As vacinas também o protegerão contra isso. 

3. Para proteger e apoiar os serviços de saúde: 

Ser vacinado quando criança significa que você tem menos probabilidade de contrair doenças infecciosas ao longo da vida. Isso alivia a pressão sobre o serviço de saúde, que pode então dedicar seus esforços, recursos e equipamentos para ajudar pacientes com doenças não evitáveis. 

Ser vacinado contra covid-19 ajudará exatamente da mesma maneira − liberando recursos, reduzindo o número de casos e evitando mais acúmulos de outros tratamentos. 

4. Para proteger os vulneráveis: 

Quando um número suficiente de pessoas é vacinado contra uma doença infecciosa como covid-19, a disseminação pode ser efetivamente interrompida, pois haverá poucas pessoas para infectar. Isso é conhecido como imunidade de rebanho. 

Alcançar a imunidade coletiva significa que mesmo aqueles que não podem receber a vacinação (por exemplo, devido a doenças pré-existentes) estão protegidos. 

5. Porque elas são rigorosamente testadas: 

As vacinas são testadas em longos e grandes ensaios clínicos que envolvem dezenas de milhares de pessoas, e seus efeitos são monitorados mesmo depois de serem aprovados. A forma completa como as vacinas são desenvolvidas significa que são muito mais seguras e têm menos efeitos colaterais do que a maioria dos medicamentos existentes. 

As vacinas para covid-19 estão sendo testadas da mesma forma que as vacinas para outras doenças. Elas foram desenvolvidas rapidamente graças à redução da burocracia, não porque os testes de segurança tenham sido menos minuciosos. 

6. Para economizar tempo e dinheiro: 

As vacinas foram amplamente reconhecidas como uma das intervenções médicas mais eficazes em termos de tempo e custo que você pode ter. A vacinação demora apenas alguns minutos e é muito barata (ou, para muitas pessoas, gratuita). 

7. Ser capaz de viajar com segurança: 

Viajar para outros países expõe você a patógenos com os quais seu sistema imunológico não está familiarizado. Ao receber as vacinas recomendadas para o seu destino, você poderá aproveitar suas férias sem arriscar uma visita de emergência a um hospital local ou trazer de volta insetos indesejados. 

Da mesma forma, manter-se atualizado com o calendário de vacinação recomendado protege os habitantes do seu destino de férias de quaisquer infecções que você possa carregar consigo. Por esse motivo, as vacinas para covid-19 podem se tornar obrigatórias para viagens à medida que são lançadas. 

8. Para limitar a resistência aos medicamentos: 

A resistência antimicrobiana foi identificada pela OMS como uma das 10 maiores ameaças à saúde global (assim como a hesitação vacinal). O uso excessivo contínuo de antibióticos e antivirais faz com que bactérias e vírus se tornem resistentes a eles, resultando na disseminação de infecções intratáveis. 

Ao impedir que fiquemos infectados, a vacinação nos permite reduzir o uso de antibióticos e antivirais, limitando, portanto, a insurgência de cepas de bactérias e vírus resistentes a medicamentos. 

9. Para proteger as gerações futuras: 

Ao longo da história, a humanidade teve que coexistir com muitas doenças debilitantes e potencialmente fatais que agora são muito raras graças aos programas de vacinação infantil. 

No entanto, a pandemia fornece um exemplo dramático do efeito global devastador que uma única doença pode ter na ausência de uma vacina. Imunizar a nós mesmos e a nossos filhos contra doenças infecciosas hoje é um presente inestimável para as gerações futuras. Suprimir as doenças no presente permitirá que as pessoas no futuro vivam mais e com mais saúde. 

10. Para evitar a propagação de notícias falsas: 

Pesquisas mostram que notícias falsas se espalham muito mais rápido e mais longe do que informações verdadeiras. Nas últimas décadas, as teorias da conspiração e a desinformação corroeram a confiança do público nas vacinas, levando ao ressurgimento de doenças quase erradicadas em muitos países. 

Seguindo a orientação baseada em evidências da comunidade científica e médica, você não está apenas protegendo a si mesmo e seus entes queridos de doenças infecciosas, mas também dando um exemplo no combate à difusão de desinformação. 

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* Alessandro Siani é coordenador na Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido. Este artigo de opinião foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia a versão original deste texto (em inglês) no site. 

(Do blog BBC NEWS BRASIL)

P.S. Moro no Sul do Brasil e tenho mais de 70 anos. O clima sulino é temperado, isto é, temos as quatro estações do ano bem definidas. Recomendo, sempre, a todos os meus amigos que têm mais ou menos a minha idade, que façam a vacina contra pneumonia, que existe em algumas farmácias particulares e clínicas de vacinação. Dois conhecidos que a desdenharam já faleceram dessa doença, que, com a vacina, poderia ser evitada. 

 

Não quer se vacinar? Assine aqui.

 

Quem não quer se vacinar e alega o direito à liberdade individual deveria assinar um documento simples, com poucas linhas e que diga, em resumo: 

1. Não quero me vacinar, por livre e espontânea vontade. 

2. Se pegar covid-19, não darei despesa ao SUS, que é pago por todos os brasileiros. 

3. O compromisso acima vale também para meus amigos e familiares que tentaram me convencer a me proteger. 

4. Me comprometo a garantir meios suficientes para suprir as pessoas que dependem de mim, caso o pior me aconteça. 

5. Asseguro que meus amigos, familiares e colegas não terão qualquer dano emocional caso eu precise ir para a UTI. 

Aí, sim, a liberdade individual − de todos − estará garantida. 

(Da coluna Informe Especial, de Túlio Milman, em Zero Hora)