sexta-feira, 31 de julho de 2020

Uma História Breve da Cultura

Tinham ouro. Sim, ouviu o negociante antigo do velho bêbado que vinha todos os meses à sua casa: os selvagens daquela ilha perdida tinham tanto ouro, tanto, que nem sabiam o que valia. Imediatamente um brilho de cobiça surgiu nos olhos do comerciante.

Três meses depois, desembarcava na ilha com o barco cheio de tamancos. Os selvagens, que não conheciam aquilo, ficaram loucos de contentes. E em troca lhe deram, em ouro, o mesmo volume de ele tinha trazido em tamancos.

Quando chegou na cidade onde vivia, o homem contou logo para os amigos como tinha conseguido tanto ouro. Um brilho de cobiça se acendeu logos nos olhos de um deles.

Quinze dias depois, esse outro desembarcava na ilha levando o barco cheio de colares. Os índios ficaram maravilhados de contentes. E para mostrar que estavam mesmo satisfeitíssimos deram a ele a coisa mais formidável que tinham: um barco cheio de pares de tamanco. Tinham descoberto o comércio.

Millôr Fernandes

                                          (Em O Pasquim)

 

Os 5 Mandamentos Zapzap



1) → Nunca adicione uma pessoa a um grupo sem antes perguntar se ela quer participar.

2) → Estabeleça regras de conduta (“Cuidado com os excessos de vídeos”, “Evite colar links”, “Não mande piadas picantes”).

3) → Só poste mensagens que interessem a pelo menos metade do grupo.

4) → Não fale demais.

5) → Fuja das polêmicas.

Ih, deu barraco!

 → Se seu nome for citado, aja rápido. Responda que aquele não é o lugar para discutir a questão e transfira o caso para uma conversa a dois. Se continuar a ser alvo do que considera ofensa ou ataques sistemáticos, saia do grupo ou alerte o administrador para remover o agressor. Guarde evidências e conversas, caso queira levar o caso à polícia.

 → Se você for espectador, mantenha distância. O melhor é ficar quieto. No máximo, sugira que os envolvidos levem a briga para contatos particulares.

 Isso pode:

 → Desabilitar as duas flechinhas azuis que indicam se a mensagem foi lida, uma forma moderna de espionagem.

 → Desabilitar o recurso que mostra se a pessoa está on-line, outra ferramenta espiã.

 → Quem sabe português deve desativar também o corretor automático. Ele é um inimigo disfarçado, pronto para dar o bote em quem não relê o que escreve.

 → Esgotar o assunto em uma mensagem curta e direta. Repicar o texto em uma saraivada de posts confunde as respostas e resulta em uma conversa insana.

 → Postar selfies bacanas, que todo mundo vais gostar de ver. Foto treinando corrida não dá. Foto na chegada da maratona, com a medalha na mão, merece ser exibida. Nude NÃO pode.

→ Não responder. Se a conversa acabou ou você está cansado e sem paciência, o silêncio é a melhor resposta. Faça disso um hábito, e os outros não vão estranhar.

→ Usar o grupo para compartilhar avisos e informações de interesse geral. Só tenha antes certeza de que não é notícia falsa – tendo em mente que há abundância de notícia falsa por aí.

 → Sair do grupo. Sim, isso é possível. (Veja abaixo.)

Isso não pode:

 → Alongar-se naqueles assuntos em que o melhor é concordar em discordar. Os mais candentes são política, religião e futebol – não necessariamente nessa ordem.

 → Mandar correntes, charadas e mensagens motivacionais. São itens que abarrotam a caixa de mensagens, consomem memória do celular e desafiam a paciência dos membros do grupo.

 → Teclar com sono, ou depois de três cervejas (ou qualquer outra bebida alcoólica). O risco de escrever o que não se deve é enorme.

 → Discutir a relação, seja ela amorosa, de amizade ou de trabalho. Melhor fazer a dois.

 → Um emoji é bom, dois até pode, três é o máximo. Fileiras de carinhas acabam por não dizer nada.

 → Cuidado ao usar letras maiúsculas acionando a tecla CAPS LOCK. No cerimonial da internet, usa-se o recurso para GRITAR com alguém.

 → Quando for ridicularizar alguma coisa, tenha certeza de que isso não se aplica a um integrante do grupo. “Gente, o cara usa pochete!” pode ofender uma pessoa que também seja adepta do acessório.

 → O ministério do bom-senso informa: em grupos de WhatsApp, “Bom-dia” ao acordar e “Boa-noite” ao se recolher podem causar indigestão.

Como sair do grupo com elegância:

 → Alegue que o celular é seu instrumento de trabalho e que a quantidade de arquivos compartilhados está comprometendo a memória do aparelho. Coloque-se à disposição para contatos particulares. No limite, diga que vai sentir saudade.

 → Aproveite um momento de muita troca de mensagens e saia de fininho, torcendo para que não percebam. Se perceberem e cobrarem – “Ops, foi engano”.

 → Se não foi avisado de que seria de que seria adicionado ao grupo, você tem o direito de sair imediatamente, sem dar chance de que o gesto seja levado para o lado pessoal.

                       (Matéria da revista Veja, março de 2017)

 


O jogo dos sete erros na cozinha


O biomédico Roberto Figueiredo apontou os sete erros de higiene mais frequentes na cozinha. Veja o que fazer para evitar que as bactérias tomem conta de um dos espaços mais importantes da casa.

1. Utensílios de madeira não devem ser usados nunca. Prefira os talheres convencionais ou descartáveis.

2. Nunca use pregador usado no varal para fechar as embalagens dos alimentos.

3. Tábua de madeira também é proibida. Nem água e sabão são suficientes para limpá-la.

4. O pano de prato pode ser um perigo se você não lavá-lo frequentemente.

5. Nunca deixe a comida na panela em cima do fogão. A comida só pode ficar em temperatura ambiente por, no mínimo, duas horas.

6. Lixeira de pia é uma heresia quando se fala de cozinha livre de bactérias. Use lixeira de chão, com pedal para abrir a tampa.

7. O maior vilão da cozinha é a esponja. Ela deve ser desinfetada todos os dias numa solução de 1 litro de água com 2 colheres de sopa de água sanitária.

                     (Do Almanaque Fantástico, novembro de 2005)

 


segunda-feira, 27 de julho de 2020

Os personagens da obra de Nelson Rodrigues

Os 11 personagens mais emblemáticos da obra Rodriguiana


A Seleção do Nelson

 Por Ruy Castro

Eles surgiram em folhetins e em jornais, mas se libertaram de seu autor e tiveram de seu autor e tiveram vida autônoma, nos lares, nas ruas e nos botecos, sendo citados por todo mundo. Eis os personagens mais representativos de Nelson Rodrigues (...).

Dr. Arnaldo → Também personagem de Asfalto Selvagem e também uma espécie de resumo dos vários “pais de família” inventados por Nelson Rodrigues, é juiz de Direito, homem de bem, respeitadíssimo, inatacável, enfim, um poço de virtudes − mas, secretamente, adúltero, quase incestuoso e tarado de modo geral.

Sobrenatural de Almeida → Personagem de suas crônicas esportivas no Globo e no Jornal dos Sports. Era um abominável ente das trevas, que aparecia de repente para alterar demoniacamente o resultado das partidas, levando à derrota o Fluminense, time de Nelson, ou a seleção brasileira, seu segundo time.

Engraçadinha → Heroína do folhetim Asfalto selvagem (1959-60), publicado na Última Hora e, depois, em livro. Engraçadinha é fascinante, principalmente na primeira parte da história, que cobre sua vida dos 12 aos 18 anos. É a suma da adolescente rodrigueana − linda, com sexo à flor da pele e deliciosamente sem escrúpulos. Outras no estilo Engraçadinha foram Silene, filha desta, e Glorinha, heroína do romance O Casamento.

Grã-fina das narinas de cadáver → Outra personagem das crônicas esportivas. É a mulher que, ao entrar no Maracanã pela primeira vez, perguntou, entusiasmada: “Quem é a bola?” Mas, cinco minutos depois de começado o jogo, já podia ser considerada uma enciclopédia do futebol. Baseada em várias grã-finas cariocas que gostavam de convidar Nelson para seus saraus − aos quais ele adorava comparecer.

Padre de passeata → Em 1968, auge das passeatas estudantis, Nelson satirizou com essa imagem os padres “progressistas”, que, segundo ele, trocaram a pregação da vida eterna pela da luta armada e, com isso, ameaçavam fazer do Brasil “o maior país ex-católico do mundo”. Frequente nas suas crônicas de jornal. Pouco depois, daria origem à sua contrapartida feminina: a freira de minissaia.

Palhares, o canalha → Aquele que, ao passar pela cunhada no corredor, pespegou-lhe um beijo no pescoço. (“Um chupão!”). Protótipos de Palhares apareceram em inúmeros contos de A Vida Colo Ela É..., mas, com esse nome e perfil, nasceu nas crônicas do Globo e aparecia repetidamente nelas.

A Pátria em Chuteiras → Personagem coletivo de Nelson. Era o Brasil, é claro − ou, mais exatamente, a torcida brasileira, no tempo em que ela era apaixonada pela seleção. E não admira: era a seleção de 1958 a 1970, com Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Jairzinho, Rivelino, Gerson, Tostão, Carlos Alberto e tantos mais, todos atuando em times brasileiros, e que jogava com frequência no Maracanã ou no Morumbi, ao alcance do amor do torcedor.

A estagiária de calcanhar sujo → Estudante de jornalismo da PUC, estagiária do Jornal do Brasil e toda moderninha. O tipo existia às dezenas no Rio de fins dos anos 60 e, estranhamente, correspondia à descrição do calcanhar sujo, por usar sandálias junto com a minissaia. As estagiárias perseguiam Nelson, todas querendo entrevistá-lo para descobrir como alguém podia ser tão assumidamente “reacionário”, numa época em que ser acusado disso era pior do que xingar a mãe.

 Amado Ribeiro → Repórter da Ultima Hora na vida real e amigo de Nelson, que usou como personagem (com seu próprio nome) em Asfalto Selvagem e na peça O Beijo no Asfalto. Nelson o descreve como totalmente amoral, capaz de tudo por uma manchete. “Eu sou pior, eu sou pior!”, dizia Amado, limpando a boca encharcada com as costas da mão.

Otto Lara Resende → Também tirado da vida real, o jornalista e escritor (1922-1992) foi consagrado por Nelson como o homem das frases geniais: “É pena que um taquígrafo não ande atrás dele, as 24 horas do dia, pago pelo Estado, para imortalizar-lhe as frases perfeitas”. Nelson atribuiu-lhe a frase “O mineiro só é solidário no câncer” e usou-o como título da peça Otto Lara Resende, ou Bonitinha, Mas Ordinária (1962).

Suzana Flag → Foi o primeiro “personagem” de Nelson a ganhar vida própria. Ele a criou em 1944, como um pseudônimo, para assinar os folhetins que começou a escrever para os Diários Associados (estreando com Meu Destino É Pecar). As pessoas acreditaram que Suzana existia e muitos se apaixonaram por aquela mulher que ousava “contar tudo”. Recebeu até proposta de casamento. Depois de Suzana Flag, Nelson criou Myrna, que respondia a um consultório sentimental.

(Em “O Show da Vida em Revista – Fantástico”,

novembro de 2007)


Nelson Rodrigues por Miguel Falcão


                         Personagens de Nelson Rodrigues


 
 

 Nelson Rodrigues por Loredano

A lista abaixo não é nem pretende ser exaustiva. Foram contemplados nela alguns personagens mais destacados da obra dramática como um todo, mas especialmente os personagens-tipo que povoavam as crônicas rodriguianas. Quem começa a ler essas crônicas vai se deparar com certeza com “cretinos fundamentais”, “idiotas da objetividade”, “padres de passeata” e “vizinhas gordas e patuscas”, entre outros, que aparecem reiteradas vezes e representam determinados papeis na economia do texto. As definições, apenas uma espécie de instantâneo, são um misto de citação e paráfrase do próprio texto habitado pelos personagens.

Alaíde – Sofre um acidente misterioso e fica alucinando entre a vida e a morte, período em que reconstrói mentalmente a história da prostituta Madame Clessi. Casada com Pedro, que já foi namorado de sua irmã. Alaíde desconfia que os dois têm um plano para matá-la. (Vestido de noiva)

Amado Ribeiro – Jornalista que vê Arandir beijar o homem atropelado e resolve tirar proveito disso. (O beijo no asfalto)

Arandir − Homem casado, que beija a boca de outro homem, que acaba de ser atropelado, realizando assim seu último desejo antes de morrer. (O beijo no asfalto)

Banderinhas artilheiros – São aqueles que “convertem” gols para a equipe vencedora com suas marcações duvidosas de jogadas.

Boca de Ouro − Bicheiro temido e megalômano, que tem esse apelido porque, ao melhorar de vida, trocou os dentes perfeitos por uma reluzente dentadura de ouro. (Boca de Ouro)

Cabra vadia – Única testemunha das entrevistas imaginárias feitas por Nelson Rodrigues num terreno baldio.

Ceguinho – Personagem que fica extasiado em assistir aos jogos do Fluminense.

Cretinos fundamentais – “O cretino fundamental é o inimigo do escrete”, normalmente comentaristas de futebol que sempre têm uma visão pessimista com relação à seleção brasileira. (Brasil em campo)

Dona Aninha − Doida pacífica, mãe de Olegário (A mulher sem pecado)

Diabo da Fonseca − É chamado para ressuscitar Dorothy Dalton, o marido de Ivonete e, depois que o faz, acaba casando com a moça, como recompensa. (Viúva, porém honesta)

Dorothy Dalton – Marido de Ivonete que morre atropelado por um carrinho do Chicabon. (Viúva, porém honesta)

Dona Márcia − ex-lavadeira e mãe de Lídia (A mulher sem pecado)

Elias – Irmão de criação de Ismael, invejado por ele por ser branco. (Anjo negro)

Estagiária de calcanhar sujo − Variação da estudante de psicologia, mas que preferiu formar-se em jornalismo.

Estudante de psicologia da PUC − Jovem da elite carioca, estudante da Pontifícia Universidade Católica. Nelson se referia a esse personagem-tipo como alguém que “entende nossos sentimentos”. (À sombra das chuteiras imortais)

Freira de minissaia – O mesmo que padre de passeata, ou melhor, sua versão feminina.

Idiotas da objetividade – Indivíduos que não conseguem entender as coisas mais evidentes.

Ismael – Médico bem-sucedido, Ismael é negro e renega a sua raça. Construiu uma fortaleza para impedir que a esposa Virgínia tivesse contato com homens brancos. (Anjo negro)

Ivonete Guimarães − Filha de J.B. Albuquerque Guimarães, a moça fica viúva muito jovem e resolve manter-se assim, respeitando a memória do marido morto. (Viúva, porém honesta)

J.B. de Albuquerque Guimarães − Diretor do jornal A Marreta que faz de tudo para que a filha Ivonete abandone a condição de viúva e lhe dê netos. (Viúva, porém honesta)

Lídia – Esposa de Olegário, tem um caso com Umberto, o chofer, e foge com ele. (A mulher sem pecado)

Lúcia – Irmã de Alaíde, aparece durante boa parte da peça como a Mulher do Véu. Depois da morte da irmã, consegue ficar com Pedro. (Vestido de noiva)

Madame Clessi − Cocote de 1905 que povoa a mente de Alaíde, representando a mulher liberada. (Vestido de noiva)

Maurício − Irmão de criação de Lídia, é acusado por Olegário de manter uma relação incestuosa com a irmã. (A mulher sem pecado)

Olegário − Paralítico recente e grisalho, marido de Lídia, de quem tem um ciúme obsessivo. (A mulher sem pecado)

Padre de passeata – Religioso que, no fim dos anos 1960, participava de manifestações de rua contra a ditadura militar em trajes civis.

Pedro – industrial, marido de Alaíde e depois de Lúcia. (Vestido de noiva)

Quadrúpede de vinte e oito patas – Sujeito que se proclama de bom grado ignorante. Ou, como diria Nelson Rodrigues, “Narciso às avessas que tratava a própria imagem a pontapés.” (Brasil em campo)

Gordo de três papadas e três bochechas em cada face − Marido da grã-fina de nariz de cadáver.

Grã-fina de nariz de cadáver – Representante da alta sociedade, que admira o cronista e o obriga a comparecer a suas festas.

Gravatinha − Traz bons fluidos para o escrete tricolor. “Desde seu falecimento, ocorrido em 1918, o ‘Grava­tinha’ só baixa do Além para ver as vitórias do Fluminense. Quando o Tricolor vai ganhar, ele comparece, infalivelmente.” (Jornal dos Sports, 10/11/1967)

Palhares, o canalha – Sujeito que não respeita nem a própria cunhada.

Profeta – Vaticinava vitórias do Fluminense e sofria horrores quando suas previsões não se confirmavam.

Sobrenatural de Almeida − Entidade invisível que modificava bruscamente alguma situação durante uma partida de futebol. Vivia, por exemplo, interferindo nos jogos do Botafogo.

Virgínia – Casada com Ismael, a moça assassina os próprios filhos. (Anjo negro)

Vizinha gorda e patusca − Vizinha gorda, cheia de varizes, tem sempre uma opinião a dar.

domingo, 26 de julho de 2020

As piores frases



Elas podem ser ditas em vários contextos:

01. “Eu posso ser sincero com você?” (Prepare-se para ouvir o pior)

02. “Não é que eu não confie em você, mas você poderia me explicar...” (Chefe interpelando funcionário novato)

03. “Eu só espero que o senhor tenha um bom plano de saúde!” (Médico falando a paciente de doença grave)

04. “Nós precisamos ter uma conversa séria!” (Esposa, estressada, dirigindo-se ao marido)

05. “Estamos numa fase de contenção de despesa e preciso que você me ajude a te ajudar!” (Chefe falando a um funcionário)

06. “Por mim tudo bem, mas eu sei dos meus direitos!” (Esposa ao marido depois de uma discussão conjugal)

07 “O elemento é daltônico?” (Guarda de trânsito colocado estrategicamente depois da sinaleira)

08. “Você quer que eu conte para o seu pai?” (A um menino de 11 anos)

09. “O senhor tem que aprender a chamar antes que aconteça!” (Cuidadora a um velhinho num asilo)

10. “Isso acontece, daqui a pouco a gente tenta de novo.” (Namorada para o namorado)

11. “Vem cá, senta aqui. Deixa eu te contar uma coisa”. (Falso confidente se revelando)

12. “Não é nada disso que você está pensando!” (Pérola das desculpas)

13. “O problema não é você, sou eu!” (Toda relação termina com essa frase)

14. “Não entenda como uma crítica a você, mas com todo respeito...” (Prepare-se que lá vem bomba)

15. “Você acha que eu estou gorda?” (Pior pergunta de uma mulher)

16. “Um vestido liso, de cor escura, combinaria melhor com seu tom de pele!” (Justificando a resposta para a pergunta acima)

17. “Eu preciso de alguém ao meu lado que me compreenda...” (De namorado à namorada)

18. “De que morreu meu amigo?” “De pneumonia.” “Simples ou dupla?” “Simples.” “Ainda bem!” (Político em campanha em velório de um desconhecido, abraçando a viúva)

19. “Não toco mais no assunto enquanto sua mãe estiver viva! Um dia desses a gente conversa...” (Pai a um filho de comportamento estranho)

20. “Você é muito namorador?” (Sogra na primeira visita do candidato a genro)

21. “Você trabalha em que mesmo?” (Sogro na mesma situação)

22. “O que estão falando de ti só pode ser por inveja!” (Consolo fajuto de mãe)

23. “Antes de mais nada, deixa eu lhe dizer que achei a sua entrevista ótima, mas...” (Gerente a um candidato a emprego)

24. “Eu vou contar até três!” (Frase com força maligna)

25. “Quer que eu conte daquela noite em que você bebeu?” (Idem)

26. “Não que eu ache que você é, obrigatoriamente, racista!” (Idem)

27. “Se eu te fizer uma pergunta, você me responde com sinceridade?” (Saia justa)

28. “Qual das duas notícias você quer ouvir primeiro?” (Idem)

29. “José Pedro da Silva!” (Mulher a um marido que chegou tarde em casa, que sempre o trata por um apelido carinhoso de Zezé)

30. “O senhor deve saber que a medicina tem avançado muito!” (Médico “tranquilizando” um paciente)

(Da coluna do Dr. J.J. Camargo, com leve adaptações,
Zero Hora de julho de 2020)

sábado, 25 de julho de 2020

Mude



Mas comece devagar, 
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. 
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama. 
Depois, procure dormir em outras camas...
Assista a outros programas de TV, 
compre outros jornais, leia outros livros.
Viva outros romances! 
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade. 
Durma mais tarde. 
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura. 
Coma um pouco menos, 
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. 
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida.
Tente. 
Busque novos amigos. 
Tente novos amores.
Faça novas relações. 
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado, outra marca de sabonete, outro creme dental.
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. 
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas. 
Troque de carro.
Compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, 
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, 
outros teatros, visite novos museus.

Mude.

Lembre-se de que a Vida é uma só.
Arrume um outro emprego, uma nova ocupação, 
um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, 
se possível sem destino.
Experimente coisas novas. 
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez. 
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores, 
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, 
o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda!

Edson Marques.


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Comparações de Gênios

Steve Jobs

(1955-2011)


Sem ele o mundo não teria:

− Macintosh
− Apple
− iPod
− iPad
− iPhone

Dennis Ritchie

(1941-2011)


Sem ele o mundo não teria:

− C
− Unix
− C++
− Java
− PHP
− Java Script
− Qualquer sistema Op
− Código-fonte
− Programas

Alan Turing

(1912-1954)


Sem ele o mundo não teria:


− Algoritmos
− Computadores
− Qualquer coisa que tenha processador

Thomas Edison

(1847-1931)


Sem ele o mundo não teria:

− Eletricidade
− Lâmpada elétrica incandescente
− Fonógrafo
− Cinescópio ou Cinetoscópio
− Ditafone
− Microfone

Isaac Newton

(1642-1727)


Sem ele o mundo não teria:

− Qualquer coisa.

Em uma pesquisa promovida pela Royal Society, Newton foi considerado o cientista que causou maior impacto na história da ciência. De personalidade sóbria, fechada e solitária, para ele a função da ciência era descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional. 

A assinatura de um diretor



Hitchcock por Pino

Em quase todos os filmes de Alfred Hitchcock (1899-1980), ele aparecia, de maneira fugaz, numa das cenas da película. Vamos ver em quais filmes e em quais cenas ele apareceu.

Corpo presente


(Hitchcock passeando com dois cachorrinhos, em Os Pássaros)

Durante as filmagens de quarto filme, O Inquilino Sinistro (The Lodger), rodado na Inglaterra em 1926, Hitchcock descobriu, de repente, que precisava aumentar a figuração de uma cena. Sem tempo para contratar um extra, ele próprio sentou-se à mesa de uma redação de jornal, fingindo-se de repórter. Três anos e oito filmes depois, voltou a aparecer rapidamente numa cena de Chantagem e Confissão (Blackmail), lendo jornal no metrô, ao lado de um garoto irrequieto. Foi aí que tomou gosto pela brincadeira, transformando suas fugazes aparições numa espécie de assinatura, de marca registrada, cuidadosamente programadas para as primeiras cenas, a fim de evitar que os espectadores se distraíssem durante a projeção, à espera de sua passagem diante da câmera.

Hitchcock passa por uma rua em Assassinato (Murder, 1930), Os 39 Degraus, Festim Diabólico (Rope, 1948), Um Corpo que Cai e Intriga Internacional. Faz um fotógrafo desajeitado em Jovem e Inocente (Young and Innocent, 1937). Desfila por uma estação de trem em A Dama Oculta (The Lady Vanishes, 1938) e atrás de uma cabine de telefone em Rebeca, a Mulher Inesquecível. É visto jogando bridge num trem em A Sobra de uma Dúvida, saindo de um elevador em Quando Fala o Coração, bebendo champanhe em Interlúdio, ouvindo um discurso em Sob o Signo de Capricórnio (Under Capricorn) e carregando um violoncelo em Agonia de Amor (The Paradine Case, 1947) e um contrabaixo em Pacto Sinistro.


Hitchcock sentado num ônibus, ao lado de Cary Grant,
em Ladrão de Casaca (To Catch a Thief, 1955).

Em Tortura do Silêncio (I Confess, 1952), ele cruza o alto de uma escadaria no Quebec, e em Janela Indiscreta dá corda num relógio. Surge sentado num ônibus da Côte dʼAzur, ao lado de Cary Grant, em Ladrão de Casaca (To Catch a Thief, 1955), apreciando acrobatas marroquinos em O Homem que Sabia Demais (1956), parado numa calçada (com um chapéu de caubói) em Psicose (1960), passeando com dois cachorrinhos em Os Pássaros (The Birds, 1963), perambulando pelo corredor de um hotel em Marnie, com um bebê no colo em Cortina Rasgada (Torn Curtain, 1966), numa cadeira de rodas em Topázio e misturado aos circunstantes à beira do Tâmisa em na abertura de Frenesi. Em seu último filme, Relíquia Macabra (Family Plot, 1976), é apenas uma silhueta, atrás do vidro fosco de um cartório.

Por duas vezes apareceu apenas em fotografias: de uma festa de formatura, em Disque M para Matar (Dial M for Murder, 1954), e no anúncio de um remédio para emagrecimento, em Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat, 1943).


Hitchcock, numa fotografia de jornal,
quando não podia estar presente na cena
  
(O Show da Vida em Revista: Fantástico, abril de 2008)

terça-feira, 21 de julho de 2020

O soneto e as paródias

Parte 1


AS POMBAS

Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

OS VOTOS

Ângelo Bitu
(pseudônimo, entre outros, de Bilac)

Vai-se a primeira votação passada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De votos vão-se da Assembleia, apenas
A sessão começou da bordoada!

Sopra sobre Ele a rígida nortada...
Que saudades das épocas serenas
Em que Ele e os outros, aparando as penas,
Tinham apurações de cambulhada!

O seu bom-senso todos apregoam...
Afastando-se d'Ele, os votos voam,
Como voam as pombas dos pombais...

As esperanças o seu voo soltam...
E Ele vê que aos pombais as pombas voltam,
Mas esses votos não lhe voltam mais!

A REVOADA

Lisindo Coppoli

O primeiro ministro lá vai indo;
Outro o segue, outro mais, enfim o bando
Inteiro solta as asas azulando,
Antes que a demissão os vá impelindo.

Também as pombas do soneto lindo,
Na rósea madrugada, vão deixando
O ninho amigo, ao qual irão voltando,
Ansiosas, quando a tarde for caindo.

Mas aqui não há pombas nem pombais:
Há ministros que partem em surdina,
Certos de não voltarem nunca mais.

Deixam o ministério sem alarde;
E o povo que lhes deve a triste sina,
Olhando o voo, suspira: − Já vão tarde!

AS MINHAS NOTAS

Zé Fidélis

Bai-se a primãira pomba dispertada,
I, após iéla, oitra, mais oitra i oitra mais!
Aimfim, uma purçãon bai indo aim buarada,
Nunca bi uma squadrilha aim prupurções tais!

Lá bão iélas! Pra longe, pra bãim longe até!
Talbêz quêir na farra, num pumbal distante,
Vrincare, guzare a bida qui bãim curta ié!
I pra bultare nãon prucisam di sistãite...

Tambãim, como as tais pombas du Reimundo,
Sai u dinhãiro buando du meu volso fundo.
Cada notinha linda, cada p'lega nóba!

Mas as pombas boltam logo qu'anoitece,
Que ficare nu sireno não lhis ap'tece
E as minhas notas, essas... boltam uma óba!...

O soneto e as paródias

Parte 2


MAL SECRETO

Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

MAL DISCRETO

Bastos Tigre

Se a prontidão, a pinda, a quebradeira
E os vários males desta mesma classe,
Tudo o que punge a tísica algibeira,
Sobre o rosto do “pronto” se estampasse;

Se se pudesse a crise financeira
Ler “através da máscara da face”,
Quanta gente, talvez, que da primeira
Fila, então, para a última passasse...

Quanta gente nós vemos, quanta gente,
Cuja gravata, cautelosamente,
Uma camisa enxovalhada esconde!...

Quanto moço elegante e perfumado
Que anda, imponente, de automóvel... fiado,
Porque lhe faltam níqueis para o bonde!

MAL SICRETO

Furnandes Albaralhão

S'a cólera que põe danada a gente,
Distrói a paz da bida disijada,
Tudo o que nos vilisca intiriormente
Suvisse à nossa cara, qu'istupada!...

Si si pudesse, a ialma padicente,
Bêre pur trás de muita guergalhada,
Canta gente a se rire vestamente,
Que era muito milhóre estar calada!

Canta gente só ri pra disfarçare
Um turco à porta que lhe bem cuvrare
A quemisa, a ciloira, a maia, u cinto...

Cantos há nesse mundo a três por dois,
Que tendo à janta só cumido arroz,
Arrotam p'ru, laitão e binho tinto!

O soneto e as paródias

Parte 3


OUVIR ESTRELAS

Olavo Bilac

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

OUVIR ESTRELAS

Bastos Tigre

Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo
Que estás beirando a maluquice extrema.
No entanto o certo é que não perco o ensejo
De ouvi-las nos programas de cinema.

Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo
Que mais eu gozo se escabroso é o tema.
Uma boca de estrela dando beijo
É, meu amigo, assunto pra um poema.

Direis agora: − Mas enfim, meu caro,
As estrelas que dizem? que sentido
Têm suas frases de sabor tão raro?

− Amigo, aprende inglês para entendê-las,
Pois só sabendo inglês se tem ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

UVI STRELLA

Juó Bananére

Che scuitá strella, né meia strella!
Vucê stá maluco! e io ti diró intanto,
Chi p'ra iscuitalas moltas veiz livanto,
I vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversáno co'ella,
Inguanto che as otra lá d'un canto
Stó mi spiano. I o sol come un briglianto
Nasce. Oglio p'ru céu: − Cadê strella?!

Direis intó: − Ó migno inlustre amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
Quano illas viéro acunversá contigo?

E io ti diró: − Studi p'ra intendela,
Pois só chi giá studô Astrolomia,
É capaiz de intendê istas strella.

OUVIR O MESTRE

Eno Teodoro Wanke

“Ora (direis) ouvir o mestre... Certo
perdeste o senso!” − Eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-lo, muita vez desperto
no meio da aula, pálido de espanto!

E como fala o homenzinho, enquanto
meu relógio não anda... É que, decerto,
parou! Sacudo. Escuto. Não... E, em pranto,
comprovo quanto o início ainda está perto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
E esse teu professor... Oh, que sentido
tem o que diz?...” Mas eu nem ligo,

e vos direi: “Pois queira ser doutor!
− Só quem tal quer, consegue ter o ouvido
capaz de suportar um professor!”