domingo, 28 de fevereiro de 2021

O afogado

 

É uma vila de pescadores perdida em nenhum lugar, o enfado misturado com o ar, cada novo dia já nascendo velho, as mesmas palavras ocas, os mesmos gestos vazios, os mesmos corpos opacos, a excitação do amor sendo algo de que ninguém mais se lembrava... 

Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma estranha flutuando longe no mar. E ele gritou. Todos correram. Num lugar como aquele até uma forma estranha é motivo de festa. E ali ficaram na praia, olhando, esperando. Até que o mar, sem pressa, trouxe a coisa e a colocou na areia. Para o desapontamento de todos: era um homem morto. Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar. 

E, naquela vila, o costume era que as mulheres preparassem os mortos para o sepultamento. Assim, carregaram o cadáver para uma casa, as mulheres dentro, os homens fora. E o silêncio era grande enquanto o limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar. Mas, repentinamente, uma voz quebrou o silêncio. Uma mulher balbuciou: 

- Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao entrar em nossas casas. Ele é muito alto... 

Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça. De novo o silêncio foi profundo, até que uma outra voz foi ouvida. 

Outra mulher: 

- Fico pensando em como teria sido a sua voz... Como o sussurro da brisa? Como o trovão das ondas? Será que ele conhecia aquela palavra secreta que, quando pronunciada, faz com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo? 

E elas sorriram e olharam umas para as outras. De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher... 

- Essas mãos... Como são grandes! Que será que fizeram? Brincaram com crianças? Navegaram mares? Travaram batalhas? Construíram casas? Essas mãos: será que elas sabiam deslizar sobre o rosto de uma mulher, será que elas sabiam abraçar e acariciar o seu corpo? 

Aí todas elas riram que riram, suas faces vermelhas, e se surpreenderam ao perceber que o enterro estava se transformando numa ressurreição: um movimento nas suas carnes, sonhos esquecidos, que pensavam mortos, retornavam, cinzas virando fogo, desejos proibidos aparecendo na superfície de sua pele... os corpos vivos de novo e os rostos opacos brilhando com a luz da alegria. 

Os maridos, de fora, observavam o que estava acontecendo e ficaram com ciúmes do afogado, ao perceberem que um morto tinha um poder que eles mesmos não tinham mais. E pensaram nos sonhos que nunca haviam tido, nos poemas que nunca haviam escrito, nos mares que nunca tinham navegado, nas mulheres que nunca haviam amado. 

A história termina dizendo que finalmente enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma.

***** 

De um conto de Gabriel García Márquez, 

adaptado por Rubem Alves.

Coisas de Psicólogo

 

Um sujeito está em uma entrevista para emprego. O psicólogo dirige-se ao candidato e diz: 

- Vou lhe aplicar o teste final para sua admissão. 

- Perfeito, diz o candidato. 

Aí, o psicólogo pergunta: 

- Você está em uma estrada escura e vê ao longe dois faróis emparelhados, vindo em sua direção. O que você acha que é? 

- Um carro, diz o candidato. 

- Um carro é muito vago... Que tipo de carro? Uma BMW, um Audi, um FIAT, um Volks? 

- Não dá pra saber né?

- Hum..., diz o psicólogo, que continua: 

- Vou te fazer uma outra pergunta: Você está na mesma estrada escura e vê, só um farol, vindo em sua direção. O que é? 

- Uma moto, diz o candidato.

- Sim, mas que tipo de moto? Uma Yamaha, uma Honda, uma Suzuki?

- Sei lá, numa estrada escura, não dá pra saber... (já meio nervoso). 

- Hum..., diz o psicólogo. Aqui vai a última pergunta: Na mesma estrada escura você vê de novo só um farol, menor que o anterior... Você percebe que vem bem mais lento. O que é? 

- Uma bicicleta.

- Sim, mas que tipo de bicicleta, uma Caloi, uma Monark? 

- Não sei...

- Você foi reprovado! − diz o psicólogo. 

Então, o candidato diz:

- Interessante esse teste... Posso te fazer uma pergunta também? 

- Claro que pode. Pergunte! 

- O senhor está numa rua iluminada. Vê uma mulher com maquiagem carregada, vestido vermelho bem curtinho, girando uma bolsinha... O que é? 

- Ah... − diz o psicólogo − é claro que é uma prostituta! 

- Sim, mas quem? Sua irmã? Sua mulher? Sua mãe?


Um centauro no ônibus

 Juremir Machado da Silva

A gente subia no ônibus pela porta de trás. As pessoas se amontoavam nas paradas. Os bancos eram vermelhos. O cobrador gritava com os passageiros: “Um passinho mais à frente, por favor”. Havia flâmulas enfeitando o alto do para-brisa, acima do motorista, como se fosse a parede de vidro de uma sala ou a janela envidraçada dando para uma paisagem em movimento. Uma placa, entre as flâmulas, avisava: “Fale com o motorista somente o necessário”. O que seria o necessário? Na dúvida, quase nada se dizia, exceto um ralo “bom dia” ou um “obrigado” não discriminado e até constrangido como uma infração. Se o motorista estava condenado ao mutismo, o cobrador discursava. Os passageiros sentados cochilavam na longa viagem. Os demais, em pé, transpiravam em silêncio como se estivessem condenados ao horror. 

Num determinado ponto havia uma estação de transbordo. Mas o projeto falhara. Restavam colados nos vidros círculos com letras “A”, “B”, “C”, que orientariam a posição dos ônibus no corredor de alinhamento e circulação. A cidade era uma imagem desfocada no começo de um fim que ainda se desenhava como uma possibilidade. Vez ou outra, ouvia-se um comentário: “A ditadura já era”. Depois, retomava-se o silêncio, salvo às segundas-feiras, quando era possível ouvir comentários sobre jogos de futebol do final de semana. Nas paredes de prédios tristes, inscrições em letras trêmulas marcavam um personagem: “Toniolo”. Para o recém-chegado, tudo era mistério. Na memória em trânsito, cenários se misturam. Os gestos dos motoristas eram lentos e saturados. Eles puxavam a enorme palanca das marchas e soltavam a mão no ar como se mostrassem cansaço, tédio ou fastio. 

O cobrador espalitava os dentes ou coçava o bigode ralo lembrando um centroavante de revista em preto e branco. Tudo se repetia a cada parada, soturna e solidamente, num avanço lento do subúrbio, com ar de cidade do interior e árvores empoeiradas inclinando-se das calçadas para as ruas, passando pela avenida comercial e industrial, com sua tristeza de asfalto e certa decadência precoce, até o centro, com sua turbulência sem futuro e suas lojas chamando clientes apressados pelo destino ou apenas pela rotina. O trajeto era uma espécie de evolução do passado para o presente, do rural ao urbano, da nostalgia à necessidade, do descanso ao trabalho. 

Algumas vezes, um homem, sempre mais velho, erguendo-se lentamente até se tornar ereto e altivo, dava o lugar para alguma mulher esbaforida. Os mais jovens baixavam a cabeça fingindo dormir ou pensar. A mão direita do motorista erguia-se como se buscasse um impossível apoio no vazio. O cobrador, no seu poleiro, fitava o congestionamento com indiferença ou ceticismo. Chegar não lhe importava. 

Na pasmaceira do veículo, janelas escancaradas, por onde entravam fuligem e ruídos, diante das expressões incolores da vida comum, sem mágoas nem exuberância, eu lia absorto “Um centauro no jardim”, de Moacyr Scliar. O cobrador tirava o palito da boca, olhava para baixo, onde eu me protegia do caos ordenado, e perguntava: 

− É bom esse livro? 

− Maravilhoso. 

***** 

(No Correio do Povo)

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Banho de chuva

 Paulo Mendes

Dona Aninha segura a mão gelada de Cleto e um arrepio percorre-lhe o corpo já velho e cansado de antiga mulher interiorana que acabou vindo morar na capital, seguindo o marido. Olha para aquele rosto tão amado, os poucos fios de cabelo que lhe restaram e para as mãos grandes, com dedos longos, algumas cicatrizes que ela conhece bem. Sente uma imensa bola na garganta e não consegue falar nada às amigas e aos poucos parentes que vieram para o velório e o enterro. Também, nesses tempos de pandemia todo mundo anda apavorado, com medo. Enquanto arruma a máscara, lembra quando conhecera Anacleto, ainda lá na escola da Vila Rica. Estavam no terceiro ano. Não, não, foi na quarta série, ele era bonito, alto, olhos pretos e vivos, gostava de declamar versos, andava com livros de poetas debaixo do braço. Desde o primeiro dia sentou na classe à sua frente e quando se virou e a encarou firme no fundo dos seus olhos ela se arrepiou, como agora, e nada disse. 

Com o passar do tempo, viviam grudados. No recreio, depois que comiam o lanche, Cleto lia trechos de contos de Simões Lopes Neto, poemas de Aureliano de Figueiredo Pinto, e dizia: “Escuta isso.” Ela ficava quietinha, escutando, enquanto olhava lá na quadra de cimento os outros meninos jogando bola. Ela admirava o amor dele pelos livros, pelas histórias de assombrações e mistérios. Ele era muito bom em matérias de Humanas, enquanto ela tinha facilidade para a área de Exatas, matemática, física etc. Foram crescendo e lá pelam 8° série começaram a namorar de fato, apesar de que sempre se amaram, desde o primeiro dia que se viram. Foi numa excursão de fim do Primeiro Grau, quando conheceram as cidades da Serra Gaúcha. Dormiram abraçados no ônibus. Quando ela acordou, estava sendo beijada por Cleto e, sem medo ou vergonha, retribuiu, porque já estava acostumada com seu cheiro. 

A capela mortuária está movimentada, apesar dos avisos de “Proibido aglomerações”. A pandemia piora dia a dia, uma tristeza. Cleto nem chegou a ser vacinado. Ela tomou vacina, mas ainda sente medo da doença. Dona Aninha pressente que começa a chover lá fora e aqui dentro recorda dos inúmeros banhos de chuva que tomaram juntos quando saíam da escola e iam para casa. Moravam perto. Ela ao lado dos trilhos, numa casinha, branca de madeira, com os pais e mais uma irmã mais velha. Ele, lá perto do CTG, numa chácara da família e um bolicho. As brincadeiras na chuva se seguiam em casa, antes do banho de verdade e a roupa seca. Cleto tinha um irmão mais novo que adorava a lida campeira, mas ele não, gostava mesmo era de ler e recitar versos. Ela se tornou professora e ele radialista e escritor. Casaram, moraram na Vila Rica e depois o marido foi chamado por uma grande emissora da capital. 

Depois do enterro, dona Aninha sai junto com algumas amigas para a rua. Enquanto espera a filha buscar o carro num estacionamento, fica a observar duas crianças que passam rindo e tomando banho de chuva. Dona Aninha pensa que parecem eles há mais de 60 anos lá na Vila Rica, deixando a escola também e indo para casa. As duas crianças, um menino alto e uma guria mais baixa e franzina, estão começando suas vidas. A dela, como a de Cleto, está chegando ao fim. 

(Campereada, Correio do Povo, fevereiro de 2021)

Os recém-casados

 

Terminada a festa de casamento, o casal enfrenta uma longa viagem, até que, finalmente, chegam ao hotel onde iriam passar a lua de mel. 

O noivo, que tinha feito questão de preservar sua noiva até aquele momento, está excitadíssimo. Mas, assim que ela saiu do chuveiro, ele percebeu que havia alguma coisa errada.

- Que foi, minha querida, aconteceu alguma coisa? 

- Sabe, amoreco, preciso te confessar uma coisa…

- O que é, amorzinho? 

Ela baixou os olhos, constrangida:

- É que antes da gente se conhecer... eu… eu…

- Você o quê? Diga logo! - perguntou ele, impaciente.

- Eu, antes de conhecer, fazia strip-tease em uma boate! 

O noivo ficou vermelho de raiva e esbravejou: 

- Essa não! Eu jamais seria capaz de imaginar que você pudesse fazer uma coisa dessas! Que descaramento, que falta de vergonha! Não posso acreditar! Você, minha princesinha, dançando pelada diante de uma plateia! Isso não pode ser verdade! Olha, meu bem, sinceramente, eu preferiria mil vezes que você tivesse sido uma prostituta! 

- É mesmo? – Pergunta ela espantada. - Então, nesse caso eu tenho uma boa notícia para te dar… 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Sem pechincha

 

Um casal estava em viagem de férias no Rio de Janeiro, hospedado no Sheraton.

Estavam no bar tomando um drink, quando passa uma mulher exuberante, fantástica, glamourosa, turbinada. A esposa vira-se para o marido e diz:

Que mulher linda!... Será que é artista? 

Ao que o marido responde: 

- Que nada! Você não está vendo que é uma piranha de luxo.

A esposa não se conforma e diz:

- Não é possível que uma mulher desse porte seja piranha.

Então o marido fala: 

- Você quer ver? Eu vou lá falar com ela, você fica de costas lá perto e escuta a conversa. 

O marido se aproxima da garota no balcão e pergunta se pode lhe pagar um drink, e ela aceita. Inicia a conversa perguntando o que ela faz, ao que ela responde que é “modelo”, mas está lá à disposição, se ele não tivesse nada para fazer ela faria o que ele quisesse. 

Ele pergunta então quanto seria o programa e ela diz que é 500 dólares. Ele pechincha e pergunta o que ela faria por R$ 100,00. Ela responde que por R$ 100,00 não faz nada, que R$ 100,00 é o que ela paga para o cabeleireiro dela diariamente, pela maquiagem. 

Então, o marido se despede e se retira. 

No outro dia, o casal está descendo para o café da manhã, quando o elevador para em um andar mais abaixo e a garota exuberante entra. Reconhece o cara, dá uma medida de cima a baixo na esposa dele, vira-se para ele e diz: 

− Tá vendo só o que você consegue com R$ 100,00?


O estrangeirismo está tomando conta do Brasil

  

Samba do approach 

Em 1999, o maranhense Zeca Baleiro fez o Samba do Approach,

uma paródia à macaqueação brasileira de palavras estrangeiras. 

Vem provar meu brunch

Saiba que eu tenho approach

Na hora do lunch

Eu ando de ferryboat

Eu tenho savoir-faire

Meu temperamento é light

Minha casa e hi-tech

Toda hora rola um insight

Já fui fã de Jethro Tull

Hoje me amarro no Slash

Minha vida agora é cool

Meu passado é que foi trash

Fica ligada no link

Que eu vou confessar, my love

Depois do décimo drink

Só um bom e velho engov

Eu tirei o meu green card

E fui pra Miami Beach

Posso não ser pop star

Mas já sou um noveau riche

Eu tenho sex-appeal

Saca só meu background

Veloz como Damon Hill

Tenaz como Fittipaldi

Não dispenso um happy end

Quero jogar no dream team

De dia um macho man

E de noite uma drag queen 

O inglês imobiliário 

01. American Double Suite = (banheiros independentes)

02. Baby House = (berçário ou fraldário)

03. Car Wash = (espaço para lavar carro)

04. Children Sport Set = (área de lazer para criança)

05. Closet = (área com armários planejados)

06. Double safe = (entrada com dois portões)

07. Fitness Track = (pista de corrida com aparelhos)

08. Free Space = (quarto reversível)

09. Grill Area = (churrasqueira)

10. Hobby Box = (depósito no subsolo)

11. Kids Place = (parque infantil)

12. Penthouse = (cobertura de andar inteiro)

13. Street Ball = (espaço para jogar basquete)

14. Studio = (quarto reversível)

15. Utility Space = (espaço multiuso)

Copo d´água

 

Um conferencista falava sobre gerenciamento da tensão. 

Levantou um copo com água e perguntou à plateia:

- Quanto vocês acham que pesa este copo d'água? 

As respostas variaram entre 20 g e 500 g. 

O conferencista, então, comentou: 

- Não importa o peso absoluto. Depende de quanto tempo vou segurá-lo. Se o seguro por um minuto, tudo bem. Se o seguro durante uma hora, terei dor no braço. Se o seguro durante um dia inteiro, você terá que chamar uma ambulância para mim. O peso é exatamente o mesmo, mas quanto mais tempo passo segurando-o, mais pesado vai ficando. 

Se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde não seremos mais capazes de continuar, pois a carga vai se tornando cada vez mais pesada. É preciso largar o copo e descansar um pouco antes de segurá-lo novamente. Temos que deixar a carga de lado, periodicamente. Isto alivia e nos torna capazes de continuar. 

Portanto, antes de você voltar para casa, deixe o peso do trabalho num canto. Não o carregue para casa. Você poderá recolhê-lo amanhã. 

A vida é curta, aproveite-a! 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

A resposta do caboclo

 

Cornélio Pires em uma de suas anedotas, registrada em livro, conta que um grã-fino, a passeio pelo interior, alugou um cavalo e saiu percorrendo os arredores da cidade, indo parar na casa do caipira. Bem acolhido, entrou e começou a examinar a sala. Ao notar que na parede havia numerosas fotografias, perguntou ao dono da casa: 

- De quem é esse retrato?

- É retrato de mea mãe...

- E aquele outro?

- Aquele é de meu pai... 

Finalmente, vendo a fotografia de um burro bem escanelado com sete palmos de altura, arreio prateado, rédea bambeada, peitoral enfeitado, perguntou:

- Esse também é da família?

- Nhor, não. Mercê tá enganado. Esse num é retrato.

- Quem é então?

- É espêio...

***** 

Cornélio Pires nasceu no dia 13 de julho de 1884, na cidade paulista de Tietê, e morreu de câncer na laringe no dia 17 de novembro de 1958, na capital de São Paulo. Muito cedo, com 14, 15 anos, Cornélio deixou a tranqüilidade do lar e partiu para ganhar a vida, primeiro como biscateiro e aprendiz de tipógrafo, depois como jornalista, poeta, contista e folclorista. Publicou 23 livros, o primeiro em 1910. Fora isso, criou uma companhia de teatro e realizou quatro filmes sobre o dia-a-dia da gente caipira, que tão bem entendia. Em 1929, através do selo Columbia, representado no Brasil de então por Byington & Company – depois Continental e agora Warner Continental – conseguiu realizar o seu grande sonho, que era gravar em disco as diversas manifestações culturais e artísticas do povo.

Canção do Exílio dos famintos

 Paródia

Minha terra tem crianças
Onde nascem sem parar,
As crianças que aqui nascem
Não têm lugar pra ficar.

Nosso céu está escuro,
Nossas margens, secas estão...
Nossos parques estão vazios,
Sem destino pra mudar...

Só de pensar, sozinho, à noite,
Mais desgostoso fico de lá.
Minha terra tem crianças...
Sem lugar pra ficar.

Minha terra tem mais temores
Que tais não há como acabar.
Só de pensar sozinho à noite,
Mais desgostoso fico de lá,
Minha terra tem crianças
Sem lugar pra ficar.

Não permita Deus, que eu parta,
Sem que eu veja tudo mudar;
Acabar os terrores...
Que não consiga deixar pra lá!
E sem que aviste as crianças
Com lugar pra ficar.

Alexsandra - Turma: 2005 (1° bimestre/2006) 

Frases humorísticas

 De anônimos e célebres

“Sob Nova Direção” (recém-desquitada)

“Não sei nada sobre sexo. Sempre fui casada.” (Greta Garbo, atriz) 

“O casamento é uma loteria. Agora, me responda, com sinceridade: quantas vezes você já ganhou na loteria?” (Miguel Paiva) 

“Nada mais grotesco do que dois americanos se congratulando por serem heterossexuais. Isto só acontece nos Estados Unidos. Nunca vi dois italianos se congratulando por gostar de mulheres. Para eles, isso é normal.” (Gore Vidal) 

“Para se dar bem com as mulheres, diga que é impotente. Elas ficarão loucas para desmenti-lo.” (Cary Grant, ator) 

“Crianças nós somos a vida toda. O que muda são os preços dos brinquedos.” (Autor Anônimo)

“Clítoris ou clitóris? Lá no Norte, mulher não tem essas coisas não. E, se tiver, entra na vara!” (Raquel de Queiroz, escritora) 

“O que eu gosto na masturbação é que você não tem que dizer nada depois.” (Milos Forman, cineasta) 

“A castidade é a mais antinatural de todas as perversões sexuais.” (Aldous Huxley, escritor)

“O homem de duas caras geralmente usa a pior.” (Stanislaw Ponte Preta − Sérgio Porto) 

“Cuidado com as imitações: sexo, só existem dois.” (Milôr Fernandes, escritor) 

“Existem pessoas que só pensam em dinheiro, sexo e bebida... eu sou uma delas!” (Autor Anônimo) 

“A prática leva à perfeição, exceto na roleta russa.” (Autor Anônimo) 

“Se você tentou falhar e conseguiu, você descobriu o que é paradoxo.” (Autor Anônimo) 

“A advocacia é uma maneira legal de burlar a justiça.” (Autor Anônimo)

“Arqueólogo: alguém cuja carreira está em ruínas.” (Autor Anônimo) 

“Roubar ideias de uma pessoa é plágio. Roubar de várias, é pesquisa.”  (Autor Anônimo) 

“No nosso caminho há sempre uma pedra, cabe a nós saltá-la ou esculpi-la!” (Autor desconhecido) 

“Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.” (Nélson Rodrigues) 

“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.” (Oscar Wilde) 

“Não há melhor negócio que a vida. A gente a obtém em troca de nada.” (Provérbio judaico) 

“Carro é só um meio de transporte...” (colado em um Chevette) 

“Ninguém jamais vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos.” (Henry Kissinger) 

“Se for para morrer de batida... que seja de limão!” (Autor Anônimo)

“A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre.” (Aristófanes)

“A União faz a força... e o açúcar.” (Autor Anônimo) 

“Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo.” (Barão de Itararé) 

“Se caminhar fosse bom para saúde, carteiro não ficaria doente.” (Autor Anônimo) 

“Carioca é assim mesmo, já nem liga mais para bala perdida. Entra por um ouvido e sai pelo outro.” (Autor Anônimo) 

“Aquele que, ao longo de todo o dia: é ativo como uma abelha, forte como um touro, trabalha que nem um cavalo, e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão... deveria consultar um veterinário. É bem provável que seja um grande burro.” (Autor Anônimo) 

“Sempre que possível, converse com um saco de cimento. Nessa vida só devemos acreditar naquilo que um dia pode ser concreto.” (Autor Anônimo) 

“Errar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.” (Autor Anônimo) 

“A coisa mais dura de entender no mundo é o Imposto de Renda.” (Albert Einstein)

“O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio.” (Maquiavel)

“Um gênio é uma pessoa de talento que faz toda a lição de casa.” (Thomas A. Edison)

“Caia a faca no melão ou o melão na faca, o melão sofre...” (Provérbio chinês)
 

“O homem perde 90% de sua inteligência quando fica viúvo... e os 10% restantes ele perde quando o seu cachorro morre!” (Autor Anônimo) 

“O Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza; porque a pobreza não aguenta mais ser explorada.” (Max Nunes)

“O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.” (Norman Vincent)

“A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.” (Stanislaw Ponte Preta) 

“Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio.” (Provérbio indiano)

Capoeira e a Política de Antigamente…

 

“Jogar capoeira ou dança da guerra”, do pintor Rugendas, publicada em 1835.

Decretado por Marechal Deodoro da Fonseca o Decreto Lei 487 dizia que: A partir de 11 de Outubro de 1890 todo capoeira pego em flagrante seria desterrado para a Ilha de Fernando de Noronha por um período de 02 á 06 meses de prisão. 

Parágrafo único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta, aos chefes impor-se-á a pena em dobro. 

Os capoeiristas costumavam usar calças boca de sino e no período em que a capoeira ficou proibida por lei (1890-1937) a polícia, para detectar os capoeiristas, colocava um limão dentro das calças do indivíduo. Se o limão saísse pela boca das calças, a pessoa era considerada capoeiristas. 

Os capoeiristas eram contratados pelos políticos para bagunçar no dia das eleições. Enquanto as pessoas desviavam a atenção para a confusão dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época “emprenhava a urna”. Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior número de capoeiras. 

Em 1824, os escravos que fossem pegos praticando capoeira recebiam trezentas chibatadas e era enviados para a Ilha das Cobras para realizar trabalhos forçados durante três meses. 

Milhares de capoeiristas foram para a Guerra do Paraguai, pois havia sido prometida a liberdade no final do conflito àqueles que participassem da batalha. 

Negros lutando. Pintura de Auguste Earle


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Os poetas da detenção

 

Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 1° de setembro de 1905.

Artigo no qual o cronista João do Rio divulga uma canção popular, para violão e cavaquinho, que tem como mote a Revolta da Vacina. Tais versos foram escritos por José Domingos, que, pelo que indica o artigo, encontrava-se detido. 

No Jardim do Crime. Os Poetas da Detenção 

Não há mais ninguém com coragem para ler um poema heroico, apesar de haver ainda neste mundo de contradições - heróis guerreiros. Só o povo, a massa ignara, ainda acha prazer em ver em rimas batalhas ou arruaças. José Domingos, no cubículo que o veda á admiração dos contemporâneos, escreveu Os sucessos, cançonela repenicada, para violão e cavaquinho. 

          Vejam o poder de descritiva de Domingos: 

Dia quinze de novembro
Antes de nascer o sol
Vi toda a cavalaria
De clavinote a tiracol.
 

Isso é, incontestavelmente, mais belo que o antigo e clássico começo épico: “Eu canto os feitos, ou as armas, ou as guerras civis”, de todos os vales e de Lucano, que por sinal começa dizendo: “Eu canto as nossas guerras mais que civis nos campos de Emathia...”, Cidade foi mais urbano, mais imediato: cantou a refrega civil da Rua da Passagem - com exagero apenas. Na segunda quadra, a descrição é soluçante: 

As pobres mães choravam
E gritavam por Jesus;
O culpado disso tudo
É o Dr. Oswaldo Cruz!
 

Quando o homem predestinado que se chama Oswaldo Cruz pensou que José Domingos o amarrasse ao papel de carrasco em plena Detenção? 

          Para o fim, mesmo em verso, o autor é modesto e patriota: 

O autor desta modinha
É um pobre sem dinheiro,
Já não declara-lhe o nome,
Sou patriota brasileiro.
 

João do Rio 

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro viveu o que a imprensa chamou de a mais terrível das revoltas populares da República. O cenário era desolador: bondes tombados, trilhos arrancados, calçamentos destruídos tudo feito por uma massa de 3 000 revoltosos. A causa foi a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. E o personagem principal, o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz.


Pontes ou Muros?

 

Dois irmãos, que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas tudo agora havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. 

 Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta: 

- Estou procurando trabalho, talvez você tenha algum serviço para mim. − disse o homem. 

- Sim, disse o fazendeiro. − Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu vizinho, na realidade do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta! 

- Acho que entendo a situação. − disse o homem. − mostre-me onde estão a pá e os pregos! 

O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade. O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou: 

- Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei. 

Mas as surpresas não pararam por ali. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio. O irmão mais novo disse: 

- Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse. 

De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O homem que fez o trabalho, partiu com sua caixa de ferramentas. 

- Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você. 

E o homem respondeu: 

- Eu adoraria, mas tenho outras pontes a construir... 

Já pensou como as coisas seriam mais fáceis se parássemos de construir cercas e muros e passássemos a construir pontes com nossos familiares, amigos, colegas de trabalho e principalmente nossos inimigos... o que você está esperando? Que tal começar agora? 

“A única vez que você não pode falhar é na última vez que tentar.”

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Parábola da crise americana

 

Com o agravamento de uma crise americana, que aconteceu nos USA, este texto tenta explicar, em linguagem de bar, como surgiu a catastrófica pane financeira que teve origem no crédito subprime. 

A crise americana começou mais ou menos assim: 

O seu Biu tem um bar na Vila Carrapatos, e decide que vai vender cachaça na caderneta aos seus leais fregueses, quase todos desempregados ou sem emprego fixo. 

Como decide vender na conta, ele pode aumentar um pouquinho o preço da branquinha (a diferença é sobre o preço que os pinguços pagam pelo crédito). 

O gerente do banco do seu Biu decide que as cadernetas do bar são, afinal, uma lucrativa bolada a receber (que batiza de “recebíveis”) e começa a adiantar dinheiro à bodega tendo o pindura como garantia. 

Uns seis Zé-cutivos de bancos, mais adiante, utilizam os tais haveres do banco e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, CBF, SOS e outras siglas que ninguém sabe exatamente o que quer dizer. 

Essas geniais invencionices para atrair dinheiro turbinam o giro do mercado financeiro e levam a fazer negócios derivados, que, por isso, são batizados de “derivativos”. E que tem como base (“lastro”) o que todo mundo desconhece: as cadernetas do seu Biu. 

Esse “derivativos” são negociados como se fossem títulos sérios e poderosos, com fortes garantias reais, em 100 países. 

Até que alguém descobriu que os pinguços da Vila Carrapatos não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência, não paga o empréstimo do Banco, que não honra seus compromissos etc, etc, etc... 

E toda a cadeia entra em “crise sistêmica”. Ou, como resumiria seu Biu: danou-se todo mundo! 

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P.S. Com a palavra que pessoal brasileiro que mora nos States para confirmar esta história...


Elair

Morava com a mãe desquitada num apartamento da Conde de Bonfim. Sétimo andar. Saía bem cedo para o escritório e voltava por volta das cinco, para ver um pouco de televisão e dormir. 

Um dia, o viu esperando o elevador. Seu coração disparou. Devia ter 25, 26 anos. Moreno claro, cerca de 1,75 de bons músculos. Sorriso encantador. Era de se apaixonar. Passou a marcar seu horário procurava descer junto com ele. Logo passaram a se cumprimentar, mas o rapagão não puxava conversa e isso entristecia Elair. 

Até que um dia o rapaz se animou a conversar e daí em diante, trocavam muitas palavras durante os breves momentos em que o elevador descia. No dia em que ele se despediu e tocou o braço de Elair, talvez tenha notado o suspiro que provocou. 

Elair decidiu que logo falaria com ele, propondo saírem juntos para um programa. Então, tendo tomado essa decisão, aguardou o momento oportuno. 

E num sábado, Elair desceu para comprar pão, leite e o jornal. Tomou o elevador e quando este abriu as portas no seu andar, deu de cara com o rapaz. Ele estava de braços com duas lindas moças, que se apressou em apresentar a Elair, dizendo que iam à praia, e que Elair podia acompanhá-los, se quisesse. Elair agradeceu o convite, mas recusou, tristemente. E se lamentou por Deus tê-lo feito nascer num corpo de homem... apesar do dúbio nome: Elair. 

(Vilaça − 30/04/98)

Não erre mais! (2)

 Os sete pecados da grafia

O arco-íris tem sete cores — vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Tem, também, outros nomes. Alguns o chamam de arco-celeste. Outros, arco da aliança. Há os que preferem arco da chuva, arco-da-velha ou arco de Deus. Seja qual for a denominação, o fenômeno óptico representa algo mais que o show multicolorido do céu.

Cristianismo, islamismo e judaísmo dizem que, depois do Dilúvio, quando a arca de Noé pousou sobre o Monte Ararat, Deus fez um pacto com os homens. Prometeu que nunca mais inundaria a Terra. Depois de cada chuva, o arco nas nuvens simbolizaria a aliança entre o Todo-Poderoso e os seres vivos do planeta.

Pacto semelhante firmaram as criaturas humanas. Trata-se da grafia das palavras. Emprego das letras, do hífen, dos acentos sempre foi uma grande confusão. Muita conversa rolou. Não faltaram xingamentos e sopapos. Mas valeu a pena. Saiu o acordo. Ele está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Os dicionários se baseiam nele. Segui-los pega bem. Informa que temos familiaridade com a escrita.

Pacto da aliança

Leis existem para serem cumpridas. Mas nem todos o fazem. As principais vítimas são palavras que soam do mesmo jeito, mas se escrevem de forma diferente. O ouvido, infiel, engana. A gente se descuida. Ops! A punição não tarda. Cai a classificação em concursos. Vão-se promoções. Perdem-se amores. Ninguém merece. Nem você. Eis as principais tentações que, disfarçadas de ciladas, jogam o distraído nas fogueiras infernais.

Hora e ora

Hora significa 60 minutos: É uma hora. Que horas são? A velocidade da via é de 60 km por hora.

Ora quer dizer alternância, por enquanto, por agora: Ora, estuda, ora trabalha. Lamento, mas, por ora, nada posso fazer.

* Ora do verbo Orar, 1ª conjugação, 3ª pessoa do singular Ele ou Ela ora.

Demais, de mais

Demais joga no time do exagero. Tem a acepção de muito, demasiadamente: Como demais. Fala demais. Corre demais.

De mais quer dizer a mais. Opõe-se a de menos: Ele me deu troco de mais (de menos). Até aí, nada de mais (de menos). O Brasil tem processos de mais e juízes de menos.

Mal e mau

Mau, adjetivo, opõe-se ao também adjetivo bom. Na dúvida, parta para o troca-troca. Reescreva a frase com o antônimo. Se soar natural, escreva o monossílabo com u sem susto: lobo mau (lobo bom), mau humor (bom humor), mau funcionário (bom funcionário).

Mal tem dois papéis. Pode ser substantivo ou advérbio. Em ambos, opõe-se a bem: Nos filmes românticos, o bem vence o mal. As drogas são o mal da atualidade. Não tenho paciência com mal-humorados.

Mais e mas

Mais é o contrário de menos: Um mais um é igual a dois. Trabalho mais do que ele. É isso, sem mais nem menos.

Mas, conjunção adversativa, quer dizer porém, todavia, contudo, no entanto: Estudei muito, mas não passei. O deputado fala muito, mas não convence. Muitos trabalham pouco, mas ganham altos salários.

Ó, oh

Ó aparece no vocativo, quando chamamos alguém: Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas? Até tu, ó Brutus, meu filho! Ó Paulo, entra, que está chovendo.

O oh! é interjeição. Tem vez quando ficamos de boca aberta − de admiração ou espanto: Oh! Que linda criança. Oh! Que trapaceiro! Ó Rafa, não entendi seu oh! de espanto. Pode me explicar?

Resumo da arca

É isso. Tomada e focinho de porco são salientes e têm dois buracos. Mas um dá choque. O outro cheira. Confundi-los cria problemas. E como! Na língua, ocorre o mesmo. Há palavras que, na aparência e na pronúncia, são quase iguais. Mas confundir-lhes a grafia faz estragos. Xô!

(Do Correio Braziliense – Blog da Dad*)

* Dad Squarisi fez curso de letras na UnB. Tem especialização em linguística e mestrado em teoria da literatura. É editora de Opinião do Correio Braziliense e comentarista da TV Brasília.