sábado, 30 de novembro de 2019

O grande ilustrador Percy Lau



Percy Lau nasceu em 1903 na cidade de Arequipa, Peru, e faleceu no Rio de Janeiro em 1972. Filho de mãe alemã e pai inglês, mudou-se para o Brasil em 1921 onde se naturalizou. Aos 26 anos faz sua primeira exposição na 1ª Exposição Geral de Belas Artes de Pernambuco. Em 1932 monta atelier com Augusto Rodrigues onde faz decorações, publicidade, pintura mural, letreiros artísticos, quadros de formatura e retratos a óleo de senhoras da sociedade Pernambucana. Expõe no Salão Independente de Recife e no ano seguinte no Gabinete Português de Leitura e na Casa Laubishe-Hirth. Em 1938 muda-se para o Rio de Janeiro e ganha a medalha de prata na Exposição do Salão Oficial. É contratado pelo IBGE para ilustrar a Revista Brasileira de Geografia, na seção “Tipos e Aspectos do Brasil” que iria abranger os próximos 30 anos de sua vida. Participou de várias exposições nacionais e internacionais como a Exposição Internacional de Arte Moderna de Paris em 1946, sob o patrocínio da Unesco. Também atuou como júri do Salão de Belas Artes na categoria desenho e artes gráficas, junto com Armando Viana, Ubi Bava, Athos Bulcão e Augusto Rodrigues. Produziu um grande painel para a Feira Internacional de Nova York em 1964, para a empresa H.Stern. Em 1983 foi organizada no Museu Nacional de Belas Artes, uma grande exposição comemorativa dos 80 anos de nascimento do artista, com uma retrospectiva de toda sua obra.

A obra de Percy Lau tem relevância nas artes plásticas do Brasil, contribuindo com uma obra pictórica para o patrimônio cultural brasileiro no diz respeito à função da arte como instrumento de preservação da memória cultural e histórico documental das atividades econômicas e culturais do Brasil no século XX. Sua obra é caracterizada pela simplicidade do traço sem, contudo, perder seu valor artístico e a precisão com que retratou através das mais variadas técnicas de desenho, bico de pena, guache e aquarela, o Brasil de todas as épocas. Sua obra nos remete diretamente ao universo mostrado por Jean Baptiste Debret já que ambos artistas eram dotados de uma profunda visão antropológica da sociedade na época em que viveram. O exercício de retratar todos os tipos de aspectos culturais do Brasil em todas as suas regiões, descrevendo com dignidade e simplicidade – sem com isso alterar o nível da apurada qualidade técnica de desenhista – nossa cultura e costumes, o folclore e as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem do campo, fizeram da obra deixada por Percy Lau, um capítulo à parte nas artes brasileiras.

Frederico Morais, em crítica publica no Jornal O Globo em 1974, resume bem a grande obra deixada por Percy Lau: “Ilustrador do IBGE durante 28 anos, seu desenho ficou marcado por este compromisso com a paisagem real do País. O lado documento, portanto, pesou fortemente sobre a sua criação, contudo, se esta fidelidade à paisagem brasileira, segundo um ângulo institucional impediu no artista vôos mais longos, liberdades, pode-se afirmar também que mesmo o mais rigoroso documentarista, participa do fato documentado com a sua personalidade, sensibilidade e particular visão das coisas do mundo. Percy Lau foi um desenhista sensível que soube, graças também ao domínio técnico indiscutível, libertar o lápis, a pena e o pincel em momentos de efusão lírica e de envolvimento emocional ou também de usá-los para simplificar os dados da realidade visual em composições dotadas de grande síntese e espontaneidade de gesto.”

Julio Reis

Ilustrações de Percy Lau











Favelas

A origem


Ilustração de Percy Lau

É curioso observar a evolução do significado da palavra “favela”, segundo Laudelino Freire, designa um arbusto da caatinga baiana Enterolobium ellipticum, que deu nome a um morro, que se tornou célebre na campanha de Canudos, em 1897.

Os barracões construídos no morro da Providência, perto da Estrada de Ferro Central do Brasil, para abrigar os soldados que voltaram ao Rio, depois da campanha, chamados “favelas” pelo povo, foram, depois de seu retorno aos quartéis, vendidos e alugados à população pobre da cidade, passando o morro a chamar-se Favela, tal como o seu homônimo baiano. Em seu livro Habitações Populares publicado pela Imprensa Nacional em 1906 o então engenheiro da Prefeitura Everardo Backheuser, chama a atenção para o problema surgido − a procura desse morro pela população da cidade, que o buscava em virtude de demolições de casas e abertura de ruas realizadas com o fim de, zelar pela higienização e embelezamento da mesma. O problema é, pois, antigo e o nome favela tornado substantivo comum, é encontrado nos dicionários como “conjunto de habitações populares, toscamente construídas e desprovidas de recursos higiênicos”.

Desenvolvida entre planícies e apertada entre morros, a cidade cresceu ocupando aquelas e fugindo a esses; o morro foi deixado de lado enquanto a habitação não constituiu problema que alarmasse o carioca. Chegou, porém, o momento em que parte da população da cidade foi obrigada a se amontoar em hotéis, pensões e casas de cômodo, enquanto outra parte, a menos favorecida, passou a subir os morros, neles estabelecendo agrupamentos de casas a que denominamos favelas. Esses casebres, que abrigam os elementos mais pobres da população da cidade, não se restringem mais, entretanto, aos morros da Mangueira, da Providência, do Cantagalo, mas, zonas planas, abandonadas ou ainda desocupadas, veem repentinamente aparecer e como que se multiplicar, as favelas, tanto mais numerosas quanto maior a facilidade de transporte. Nos morros nota-se maior concentração nas partes mais baixas, rareando as construções à medida que se vai subindo.

As favelas surgem ocupando terrenos “de ninguém”, da Prefeitura ou da União e, muitas vezes, em terrenos alugados. Há casos de grandes áreas, pertencentes a particulares, serem divididas e alugadas. Cada parte é novamente dividida e alugada a terceiros que, após nova divisão, começam a construir os “barracos” para alugar.

Aproveitando restos de prédios demolidos, os “construtores” erguem-nos da noite para o dia. Outras vezes é o próprio dono o construtor do “barraco” em que mora, e que ele procura melhorar e aumentar na medida de suas possibilidades.

Os barracos são, de modo geral, construídos de tábuas de caixote e pedaços de lata, havendo-os, também de sopapo; a cobertura de folhas de zinco ou, ainda, de lata, é protegida por grandes pedras que a impedem de voar quando o vento é forte. Sobre o chão de terra é usualmente colocado um estrado de ripas de madeira, que isola a cama ou o que lhe faz as vezes, entre os menos favorecidos. Uma porta e uma janela arejam e permitem o acesso ao barraco que parece, por vezes, enterrado no chão, sendo necessário vergar-se um pouco a cabeça para nele penetrar. No mesmo cômodo que serve de quarto, em geral escuro devido à fumaça, a um canto há uma pequena mesa sobre a qual é colocado o fogareiro de carvão. Pendurados à parede ou em pequenas prateleiras, ficam os utensílios de cozinha, misturados com réstias de cebola, retratos e imagens de santos.

Um ou outro barraco possui duas peças − sala e quarto, vendo-se de vez em quando um mais bem arranjado, tendo armário de roupas, mesa e até rádio. São, porém, desprovidos das menores exigências de conforto e higiene, não possuindo água (a não ser a da chuva que entra pelas frestas), nem sistema de esgoto. Os barracos amontoam-se uns ao lado dos outros, deixando entre si espaços exíguos que constituem ruas, nas quais existem, de modo geral, vala onde é jogada a água, restos dos despejos caseiros e onde pululam mosquitos.

A água é problema sério para o favelado. Quando existem bicas, a população faz filas para encher as latas e levá-las para casa. Às vezes, um poço ou uma “mina”, nas favelas situadas em morros, torna-o menos premente.

A luz é também obtida de maneira interessante; certos indivíduos conseguem para si instalação elétrica; estabelecem, porém, uma cabina para redistribuição de força a 200 ou 300 casas, cobrando uma quota pelo “benefício” prestado. Acontece, porém, que, em virtude da instalação deficiente, há sempre necessidade de consertos, sendo obrigados a contribuir para os mesmos os “beneficiados”.

As favelas possuem vida inteiramente à parte do resto da cidade. A luz e a água são, como vimos, obtidas de maneira sui generis. Elas possuem até mesmo casas de negócio, as “biroscas”, espécies de armazéns que vendem sem pagar impostos, açougues, casas de ferragem e até consultórios médicos.

Algumas vezes os habitantes promovem bailes, cuja entrada é cobrada mesmo às mulheres, com o fim de financiar escolas e postos de assistência social dirigidos por eles próprios e que servem a interesses de terceiros.

E é nessas condições que vivem, segundo as estatísticas, 280 0001 habitantes da cidade do Rio de Janeiro, sendo metade desta cifra constituída de crianças que, em geral, não frequentam escolas nem possuem registro civil. Cada um daqueles barracos abriga famílias compostas de duas a onze pessoas, gente humilde e sem ambição, vivendo inteiramente à margem da sociedade.

Fonte: Favelas / Eloísa de Carvalho in Tipos e Aspectos do Brasil. − Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. − Rio de Janeiro, 1970.
  
(Do blog Terra Brasileira)

P.S. Hoje, as casas das favelas cariocas são feitas de alvenaria, tijolos sem pintura, com Gatonet e outros benefícios irregulares alternativos. 


sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Coisas de gaúchos



01) Gaúcho que é gaúcho, não navega na internet, atravessa a nado!

02) Se trouxeres teu orgulho de ser brasileiro, te entregarei a minha honra de ser gaúcho.

03) Gaúcho não se acha, tem certeza.

04) Não me vem com tangerina, que eu só como bergamota.

05) Não te atucana e toma um mate.

06) Gaúcho não desiste, gaúcho “larga de mão”.

07) Gaúcho não tem cultura; gaúcho tem é tradição.

08) Meu verão é o veranico de maio.

09) Se eu estou montado na razão, não se precisa de espora.

10) Carência afetiva de mulher na campanha, é falta de homem.

11) Político, em época de eleição, fica grudado na gente como bosta em tamanco.

12) O novo presidente anda com cara de quem tomou chá de losna sem açúcar.

13) As gurias de hoje em dia, andam assanhada como solteirona em festa de casamento.

14) Os jovens de hoje estão mais ansiosos que anão em comício.

15) Brigam as comadres, descobrem-se as verdades.

16) Casa sem mulher é casa sem fogão.

17) É capando touro que se tem boi manso.

18) Gaúcho macho e grosso não come a carne, rói o osso!

19) O que eu não aprendi dentro do galpão, aprendi atrás do galpão.

20) Onde já se viu o cavalo do comissário perder a corrida?

21) Americano é cheio que nem penico de velha.

22) A mãe gaúcha fala uma vez só: “Faz mais uma dessas e a vara te come o lombo, guri!”.
  
23) Como dizia um gaúcho velho, a um mal-educado na rua: Se eu te pego, eu te esgualepo, fiadaputa!

24) Para o gaúcho, beleza não impressiona; ele sabe muito bem que campo feio é que dá boa aguada e panela velha é que faz comida boa.

25) Não basta ser gaúcho, tem que se pilchar.*

*Usar a indumentária gaúcha.

Almanaque Cultural Brasileiro

A viúva alegre



Promessa cumprida

No início do século XX, um jovem casal, em lua de mel, jantou num pequeno e obscuro restaurante de Paris. Chegado o momento de pagar a conta, o marido, embaraçado, percebeu que lhe haviam furtado a carteira; e a situação se tornou ainda mais aflitiva, quando o garçom, incrédulo, levou os dois à presença do gerente. Este viu, no rapaz, qualquer coisa que despertou sua simpatia e, ao saber que haviam perdido também as passagens de volta para Viena, prontificou-se a emprestar-lhe o dinheiro que fosse preciso.

− O senhor não vai se arrepender de sua generosidade, − prometeu o rapaz.

− Prometo-lhe que darei fama ao senhor e ao seu restaurante. Minha ambição é compor uma opereta, e nela estará esta casa.

O gerente se limitou a sorrir. Não esperava tanto... Queria apenas que lhe fosse devolvido o importe cedido ao casal. No entanto, o rapaz cumpriu a promessa ao pé da letra. Daí a alguns anos, compôs A Viúva Alegre, com a famosa canção referente ao café Maxim′s. E o amável proprietário, Eugène Cornuché*, tendo ajudado a um compositor pobre, viu tornar-se famoso o seu estabelecimento, desde então conhecido no mundo inteiro − graças a Franz Lehár.

(Do Almanaque do Correio do Povo de 1980)

Em 30 de dezembro de 1905, estreou em Viena a opereta “A Viúva Alegre”, do compositor Franz Lehár. Trata-se de uma história acontecida em Pontevedrino, um país tão pequeno que não pode ser encontrado em mapa algum.

O governo de Pontevedrino teme que a viúva alegre gaste sua fortuna em Paris ou caia nas mãos de um usurpador, o que provocaria a falência do principado. Para que o dinheiro permaneça no país, é preciso que um pontevedriano seduza e se case com a viúva. Trata-se da tarefa perfeita para o charmoso conde Danilo, que conhece todos os truques para conquistar as mulheres.

A viúva alegre, a música foi composta por Franz Lehár (1870–1948), filho de um maestro de banda militar. Lehár foi um compositor inspirado, que atuou como mestre em várias bandas imperiais.

*Eugène Cornuché (nascido em Paris em 9 de abril de 1867 e falecido em Paris em 1º de abril de 1926) é um empresário francês, proprietário do restaurante Maxim's, gerente do cassino Trouville e fundador do cassino Deauville .

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Carta de Elis Regina a seu filho João Marcelo


Carta que Elis Regina escreveu para o filho João Marcello Bôscoli, dias antes de ele completar um ano.

Elis Regina foi não só a maior cantora da história da nossa música popular, mas uma mulher de garra e paixão sem limites, com a emoção sempre à flor da pele, que não conseguia esconder o que sentia a cada momento da sua breve vida.

Dias antes de João Marcello completar um ano, em 1971, Elis escreveu e guardou a carta num cofre para que ele só a lesse quando fizesse 18 anos.

A carta foi encontrada pelo jornalista Julio Maria, e publicada na sua biografia da cantora, “Nada será como antes”, em 2015. Elis morreu de overdose em 1982. Não viveu para saber o que João Marcello sentiu ao ler o que a mãe lhe escreveu.

(Do blog Balaio do Kotscho)


João Marcello e Elis Regia, foto de Silvio Correia

“Rio, 14 de junho de 1971.

João,

Queria era te dizer que te amo, que preciso de você. Quero você mais do que tudo que já quis.

Queria te dizer também que não sei como achava graça nas coisas antes de você surgir, porque eu sinto uma falta incrível de você.

Quando não está por perto, os troços perdem o sentido e a razão.

Outra coisa que você precisa saber é que você construiu pacas.

Você me pegou um bagaço daqueles, me ajeitou, me maneirou, me devolveu a risada do ginásio, criou uma fonte de investimento em minhas áreas menos desenvolvidas.

Negócio maravilhoso a sua mão no meu cabelo. A única mão que não me mete medo.

Coisa linda seus olhos me olhando sério, me descobrindo até pra mim.

Incrível sua boca sorrindo e falando coisas poucas, mas o suficiente para nos entendermos e sabermos que estamos em boas mãos. Quanto eu devo! Não tem o que dê jeito.

Você chegou e arrasou, acabou com o baile.

Se porventura eu falhar, se não estiver à sua altura, se for menos do que você acha que merecia, não me imagine mais do que eu sou. Tenho tantos problemas quanto você. Não me culpe.

Antes, procure me compreender. Sou resultado do que a vida fez comigo, inconsciente e inconsequentemente.

Saiba, porém, que você foi o único ser com o qual eu não fui inconsciente nem inconsequente.

Pensei, medi tudo, apesar de que não sou perfeita. Bem que gostaria de ter sido, mas nunca se consegue, mesmo tentando o máximo.

O bacana é que sobra a todos uma vida para consertar os erros cometidos nesse pouco tempo e, no que depender de mim, creia, me jogo de cabeça e não te deixo em falta.

Só quero que a gente sempre fale de frente, sem camuflagem, olho no olho.

Esteja certo, eu nunca vou mentir, nem uma mentira piedosa.

O que tiver que ser, vai ser. Nem que seja ferro em brasa, mas vai.

Porque o que há de mais bonito é a confiança nos companheiros de briga. Fora dela, não há salvação.

É o mínimo que posso fazer de verdade verdadeira por você, que me deu uma concepção nova de vida.

Só me falta dizer muito obrigada por você ser tudo o que você é, por você ter nascido e por você ter me dado a felicidade de dividir tão intimamente o meu corpo.

Sejamos felizes, é o que eu quero.

E é o que há de ser, meu filho. Sou tua sempre.

Mamãe”.

(Do livro: “Elis e Eu”, de João Marcello Bôscoli)


Capa do livro “Elis e eu – 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe”,
de João Marcello Bôscoli − Foto: Silvio Correia


Ainda há juízes em Berlim?



Conta-nos François Andrieux, em seu poema chamado “Le meunier de Sans-Souci” (O moleiro de Sans-Souci), que Frederico II, rei da Prússia, resolveu construir para si um belo palácio, numa paisagem tranquila e calma. Construiu, então, o castelo em uma região chamada de Sans-Souci, que significa ‘sem preocupação’. Ocorre que nestas redondezas havia um moinho antiquíssimo que atrapalhava a visão do monarca e impedia a sua ampliação; decidiu então o rei que removeria o moinho a qualquer custo: ofereceu riquezas, tentou negociar e o moleiro, dono do moinho, se opôs aguerridamente à expropriação do seu moinho.

Frederico II, após saber da oposição do moleiro, fez chamá-lo a sua presença e questionou-lhe os motivos que lhe faziam manter a ideia de continuar com o moinho erguido. O moleiro, em sua humildade, conta que o pai do seu pai, o seu pai e ele haviam trabalhado durante toda a vida naquele moinho e que seu filho também trabalharia quando mais velho. Irritado, Frederico II diz ao moleiro: “Sabes que, se eu assim o ordenasse, ainda que contra sua vontade, poderia expropriar-te da terra sem lhe dar um único centavo, não sabes?” e o moleiro redarguiu: “O senhor? Tomar-me o moinho? Ainda existem juízes em Berlim!”.

Pasmo com a ousada e certamente ingênua resposta, que indicaria a disposi­ção do mo­leiro em litigar com o próprio rei na Justiça, Frederico II decidiu alterar seus planos, deixando o sujeito (e seu moinho) em paz”.

François Andriex concluiu o conto com uma certa dose de melancolia, ao mencionar que o respeito real acabou prejudicando a própria província. Ao que parece, o escritor lamentou o recuo do rei diante de um insignificante moleiro.

Entretanto, o episódio imortalizado em versos passou para a história como um sím­bolo da independência possível e desejável da Justiça. Para o moleiro, a Jus­tiça certa­mente seria cega para as diferenças sociais e não o distinguiria do rei, mesmo em uma monarquia. Sua corajosa resposta e o recuo respeitoso do rei passaram a ser lembrados para demonstrar situações em que o Judiciário deve limitar o poder absoluto dos gover­nantes. Até hoje o moinho existe e sempre que um juiz corajoso se posiciona com inde­pendência e justiça, ou­vimos a expressão: “Ainda existem juízes em Berlim!”

A história passou a símbolo da independência da Justiça. Para o moleiro, a certeza do seu direito, ainda que litigasse com o poderoso rei. Sua firme resposta e o reconhecimento do rei imortalizaram circunstâncias que o Judiciário aí está para limitar o poder. O moinho continua lá, em face da coragem do moleiro. É muito bom que haja juízes corajosos e independentes.


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Cinco lições de vida com o professor da Casa de Papel



Ator Álvaro Morte, o professor

Além de ser uma série incrível, ela oferece várias lições de vida para quem a assiste, porque seu personagem principal – o Professor – é um verdadeiro gênio. Bora dar uma olhada? Fique tranquilo, porque tive o maior cuidado possível para não dar spoilers da história.

1) Planejamento detalhado:

A chave do roubo orquestrado pelo Professor é o planejamento. Ele passou anos bolando um plano perfeito para assaltar a Casa da Moeda. Estudou nos mínimos detalhes o funcionamento do banco; montou a equipe ideal, com perfis complementares; analisou os procedimentos que a polícia toma nessas situações; e muito mais.

Se não fosse por essa preparação toda, o assalto iria durar menos tempo do que um espirro. Isso serve para a nossa vida, também. Quando vamos abrir um negócio ou montar um projeto, é preciso estudar exaustivamente e se planejar o máximo possível, para, assim, aumentar as chances de sucesso.

2) Antecipação de cenários:

O Professor é um jogador de xadrez, no sentido figurado e no literal, porque o tabuleiro aparece algumas vezes na série. Por isso, ele sabe a importância da antecipação. Por mais que você faça um planejamento cuidadoso, existe um fator de imprevisibilidade na vida. Não dá para prever com 100% de precisão as coisas que vão acontecer.

Por isso o Professor trabalha sempre em cima de diferentes cenários. Se eu fizer a ação “A”, a polícia pode responder da maneira “B”, “C” ou “D”. Se eles apostarem na “B”, aí farei “E”. Se for “C”, vou ter um plano “F”. No caso de “D”, seguirei na “G”. Aí se eu fizer “A” e eles “B” e eu “E”, talvez eles venham com “H” ou “I”, etc, etc.

Bom, talvez essa sopa de letrinhas tenha ficado confusa, mas deu para entender o espírito, né? E essa antecipação ainda vai longe, porque ele tem que fazer planos para todas as possibilidades futuras. Só assim para não ser pego de surpresa.

3) Capacidade de improvisação:

Beleza. Aí você faz o planejamento perfeito; antecipa todos os cenários que pode imaginar; mas pinta uma situação inesperada. O que fazer? Agora é a hora de improvisar.

Mas não se engane: improvisação requer, também, habilidade e conhecimento. Tente improvisar um drible e peça ao Messi para fazer o mesmo. Deu para entender a ideia? Quando você tem domínio do que faz, consegue improvisar com destreza. Por isso você tem que estudar a sua área de atuação ao máximo, cobrindo todas as vertentes possíveis.

4) Razão versus emoção:

Não é nenhum spoiler, mas sempre que alguma coisa dá errado em A Casa de Papel, é porque alguém deixou a emoção falar mais alto do que a razão. Óbvio que não somos robôs para agir com uma frieza absoluta. Mas na hora de tomar uma decisão importante que diz respeito a um negócio – especialmente no qual outras pessoas estão envolvidas – temos que pensar mais com a cabeça, menos com o coração.

5) Integridade acima de tudo:

Para fechar com chave de ouro, não dá para deixar de citar uma das grandes virtudes do Professor: a integridade. Ok, ele está organizando um assalto a banco, o que não é exatamente uma ação honesta. Mas ele nunca deixa os seus princípios de lado. Por exemplo, respeitar vida das pessoas acima de tudo, mesmo que isso coloque os planos em risco.

O Professor tem um grande senso de honra. Sabe quais são os limites que não deve cruzar e os respeita sempre. A grande lição que isso nos mostra? Ter sucesso é ótimo, mas não a qualquer preço. Existem coisas mais importantes, como seguir seus princípios.

(Do blog El Hombre)

Confusão com o diagnóstico



Três médicos residentes estão tentando salvar a vida um paciente. Um controlando o balão de oxigênio; outro usando o desfibrilador e um terceiro fazendo massagem cardíaca.

Depois de algum tempo, o paciente volta ao seu ritmo cardíaco normal.

Os médicos, então, resolvem dar seus pareceres sobre o que aconteceu com o paciente. Diz o primeiro médico:

‒ Na minha opinião, ele teve um “Piripaque”.

Fala o segundo médico:

‒ Que isso, colega, que termo mais banal é esse? Onde já se viu falar em “Piripaque” num diagnóstico médico? Ele teve apenas um “Tremelico”.

Entra na conversa o terceiro médico:

‒ Gente! Alô! “Piripaque”! “Tremelico”! Que bobagem é essa? Dá pra ver bem que o paciente teve, isso sim, um “Siricutico”.

Nisso, entra na sala o chefe do plantão médico, que ouve a conversa e o absurdo que está sendo discutido ali na sala.

‒ Pessoal, não acredito no que estou ouvindo de futuros médicos que vão salvar vidas. Nenhum de vocês soube dizer o que realmente aconteceu com o paciente do SUS. Então, vou dizer pra vocês: O que ele teve realmente foi um “Troço”.

(Piada encenada no programa Zorra Total, da Rede Globo)

Uma lição de Elis Regina*



Elis e João Marcello

(...)

Nesse mesmo ano**, fui expulso de casa pela segunda vez. Na ocasião, depois de passar o final de semana na casa de um colega de escola, retornei ao nosso apartamento no domingo à noite. Ela quis saber como tinha sido e eu contei com toda empolgação sobre minha experiência. A cada duas, três informações, ela continuava a ouvir de forma atenta, meio incrédula. “Mãe, a piscina dele tem uma cachoeira; ele tem um closet gigante, um fliperama...” E ela dizia: “Um fliperama?” “É, um fliperama?”. “É, fliperama. Tem mordomo só pra ele e um quarto gigante, do tamanho do nosso apartamento...” “Do tamanho do nosso apartamento? Verdade, filho?”, questionava. “Verdade. E um perfume de um litro!” Minha mãe já não estava achando muita graça e o tempo fechou de vez quando falei o sobrenome da família com que eu havia passado as últimas 48 horas. “Você estava na casa de quem?!” Respondi no volume mais fraco possível. Ela insistiu: “Na casa de quem?!”. Nada mais restava além de responder num tom alto e claro. Ela acabou comigo. Disse que eu sabia de onde vinha aquele dinheiro, afinal era o vice-governador de São Paulo. *** Você sabe ou é esperto apenas pra aquilo que te convém, João Marcello Bôscoli?” Estava furiosa.

Minha mãe falou de corrupção, de pessoas morrendo em filas de hospitais e passando fome por causa desse tipo de gente. E não parava. Com firmeza e aquele timbre dado pela natureza, sem gritar, seguia empilhando razões e explicações inesquecíveis. Quando desviei o olhar, ouvi: “Olha pra mim enquanto eu estiver falando com você”. Sem escapatórias. Ao final, disse estar decepcionada, não compreender onde havia errado tanto comigo e que naquela casa eu não morava mais. “Enquanto eu decido o que vou fazer com você, tu ficas no corredor.” Quando o sotaque gaúcho vinha... ai, ai, ai. “Podes usar o colchão, as roupas de cama e tomar banho aqui.” Achei se tratar do corredor dos quartos. Não era; era o corredor da área comum do prédio. Argumentei ser vergonhoso pra mim e algo mais, porém fui atropelado pela frase: “Vergonha é ter um filho que vai se divertir na casa de um corrupto que rouba de gente que não tem o que comer”.

(Do livro “Elis e Eu 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe”,
de João Marcello Bôscoli)


João Marcello Bôscoli e o livro sobre sua mãe: Elis Regina

*    Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945São Paulo, 19 de janeiro de 1982) foi uma cantora brasileira. Conhecida por sua competência vocal, musicalidade e presença de palco, é considerada por muitos críticos a melhor cantora popular do Brasil a partir dos anos 1960 ao início dos anos 1980; para muitos, a melhor cantora brasileira de todos os tempos.

**   1980 ou 1981...

*** De 1979 a 1982, quem foi o Vice-governador de São foi José Maria Marin no governo de Paulo Maluf, que também não era flor que se cheirasse.

P.S. O ex-presidente da CBF José Maria Marin se desfez nos últimos dois anos de um patrimônio imobiliário adquirido em mais de três décadas para conseguir pagar despesas com advogados, dívidas processuais e multas nos Estados Unidos. Com as vendas, ele arrecadou R$ 37 milhões.

O ex-governador de São Paulo está preso na penitenciária de Allenwood, nos Estados Unidos, condenado a quatro anos de prisão pelos crimes de organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro cometidos no período em que presidiu a CBF, de 2012 a 2015. 

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Olmira Leal de Oliveira − Cabo Toco

“Entrei de frente na história e, acredite quem quiser,
em vinte e três fui soldado sem deixar de ser mulher.”


Nasceu em 18 de junho de 1902 na localidade de camaquã em Caçapava do Sul - RS, filha de Francisco José de Oliveira e Auta Coelho Leal de Oliveira. Aos 21 anos de idade foi recrutada para integrar as fileiras da Brigada Militar, como enfermeira e combatente no 1º Regimento de Cavalaria, hoje 1º Regimento da Polícia Montada, com sede em Santa Maria.  Logo recebeu a patente de Cabo, era conhecida por Cabo Toco por ser baixinha.

Participou da Revolução de 1923, onde a Brigada defendia a legitimidade da reeleição de Borges de Medeiros contra os Maragatos.

Cabo Toco era uma apaixonada por queimar cartuchos, não se limitando apenas às atividades de apoio. Empunhando seu fuzil, lutava lado a lado com a mesma valentia dos demais soldados.

Depois de passar por várias batalhas com destaque de bravura, deixou a corporação em 1932.

Casou com Antonio Martins da Silva, em 1951. Ficou viúva em 1954, e passou a viver de pequena pensão deixada pelo marido.

Mulher forte, guerreira, símbolo vivo da história do Rio Grande do Sul, sem descendentes, vivia em uma casa paupérrima na periferia de Cachoeira do Sul. Andava pelas ruas com sua velha carroça, cansada e sem rumo, carregando consigo a história que o povo não conhecia.

Mesmo sendo considerada uma heroína, Cabo Toco só ficou conhecida depois que, em 1987, Nilo Bairros de Brum e Heleno Gimenez venceram a 5ª Vigília do Canto Gaúcho de Cachoeira do Sul com uma canção contando a sua história, na voz de Fátima Gimenez. Cabo Toco esteve presente na entrega da premiação da música, e viveu momentos de pura emoção ao ver sua vida contada em uma linda canção, apresentada para um grande público, que, na sua maioria, nem sequer sabia da sua existência.

Cabo Toco, quando faleceu, recebia pensão vitalícia especial, correspondente ao cargo de 2º Sargento da Brigada Militar concedida havia poucos anos, por parte do Governo do Estado.

Olmira Leal de Oliveira faleceu em 21 de outubro de 1989, em Cachoeira do Sul, e está sepultada no Cemitério Municipal de Caçapava do Sul.


Cabo Toco

Nilo Bairros de Brum e Heleno Gimenez

Foi no lombo de um cavalo que descobri horizontes.
Em vez de vestir bonecas, andei gritando repontes.
Entrei de frente na história e, acredite quem quiser,
Em vinte e três fui soldado, sem deixar de ser mulher!
Em vinte e três fui soldado, sem deixar de ser mulher!

Me chamam de Cabo Toco,
Sou guerreira, sou valente,
Do Primeiro Regimento,
Enfermeira e combatente.

Me chamam de Cabo Toco,
Só não sabe quem não quer.
Debaixo do talabarte,
Há um coração de mulher.

Lutei contra Honório Lemes na serra do Caverá.
Na ponte do Alegrete, meu fuzil estava lá.
Enfrentei o Zeca Neto, sem temor da “colorada”.*
Anita sem Garibaldi, já nasci emancipada.
Anita sem Garibaldi, já nasci emancipada.

Me chamam de Cabo Toco,
Sou guerreira, sou valente.
Do Primeiro Regimento,
Enfermeira e combatente.

Me chamam de Cabo Toco.
Só não sabe quem não quer,
Debaixo do talabarte,
Há um coração de mulher.

A velhice me encontrou com a miséria na soleira,
A ver a vida por frestas num subúrbio de cachoeira.
Digo aos curiosos que trazem ajudas interessadas,
Que não quero caridade, quero justiça e mais nada.
Que não quero caridade, quero justiça e mais nada.

P.S. A gravação dessa música esta na internet na voz de Fátima Gimenez.

* “colorada”, é relativo à gravata colorada, degola dos presos das revoluções no Rio Grande do Sul.

Aplicando a gravata colorada


“Os presos eram despidos, e na saída da mangueira Adão Latorre bradava:
− Fala pão!
− Pão.
Brasileiro, soltava. Vinha outro soldado.
− Fala pão!
− Pan.
Castelhano, degolava.

E Adão Latorre aplicava a gravata colorada no infeliz; que podia ser à brasileira, com dois cortes seccionando as carótidas; ou à criolla, o corte de orelha a orelha.”

Este impressionante relato faz parte do livro “Entrevista com o Caudilho”, de Cassiano Fuga Cunha, lançado pela Editora Martins Livreiro (116 páginas, R$ 35,00), em que são apresentados detalhes e passagens, inclusive no município de Cachoeira do Sul, da Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, chamada a Revolução da Degola, entre 1893 a 1895, quando foram assassinadas de 12 a 15 mil pessoas. O número representa 1,3 por cento da população da época.


Pensamentos & Reflexões

José Alberto Braga (JAAB)


O pensamento é uma espécie de editorial, escrito na cabeça de um alfinete. 

Uma coisa é aprender com o passado; outra é ficar lá preso.

No imbecil, o espírito sopra em sentido contrário.

Não se pode correr riscos à risca.

Uma mulher repudiada é um exército em ebulição.

Para se ter medo, também é preciso uma boa dose de coragem.

De tudo se faz um pouco de nada.

Mijar para fora e soluçar para dentro.

Não há nenhum problema mecânico que não possa ser resolvido com um chute dado no local certo: o aparelho pode não voltar a funcionar, mas o consolo é garantido.

Elogio falso traz embutida a ofensa.

Num cocktail, no momento em que alguém avança para pegar na primeira bebida, vê-se como a coragem é contagiosa.

No pinga-pinga, a torneira mostra a sua constipação.

Só há dois tipos de condecorações: uma condecora o ego e a outra a adjetivação.

O avião é o transporte mais rápido do mundo, até quando cai.

O ovo é uma galinha em dúvida.

O caminho mais curto entre dois pontos é a esferográfica.

Filosofia é um método científico de raciocínio, através do qual se consegue juntar mais um problema a uma possível solução.

Antes de ir ao longe, convém pensar no transporte. 

A unha encravada não é uma boa prova da existência de Deus. 

Deus ouve, mas não fala.

Há em mim um desconhecido que me persegue e que pensa que sou eu.

A vida tem duas vias: uma que vai e outra que não volta.

Andam mal os versos de pé quebrado.

José Alberto Braga (JAAB) nasceu em Braga, Portugal, no dia 17 de janeiro de 1944. Aos 15 anos emigrou para o Brasil na qualidade de “trabalhador agrícola”, atividade que nunca exerceu. No Rio de Janeiro, durante cerca de 25 anos, foi trabalhador de farmácia, office boy, bancário, bibliotecário e finalmente jornalista.

O ponto negro



Certo dia, um professor chegou à sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova-relâmpago. Todos acertaram suas filas, aguardando, assustados, o teste que viria.

O professor foi entregando, então, a folha da prova com a parte do texto virada para baixo, como era de costume. Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha.

Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro, no meio da folha. O professor, analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte:

− Agora, vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.

Todos os alunos, confusos, começaram, então, a difícil e inexplicável tarefa.

Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações em voz alta. Todas, sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações
por sua presença no centro da folha.

Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então começou a explicar:

− Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós. Ninguém na sala falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro. Assim acontece em nossas vidas.

Temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros. A vida é um presente da natureza dado a cada um de nós com extremo carinho e cuidado. Temos motivos para comemorar sempre! A natureza que se renova, os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos dá o sustento, os milagres que, diariamente, presenciamos.

No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro! O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo. Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente.

Tire os olhos dos pontos negros de sua vida. Aproveite cada bênção, cada momento que o Criador lhe dá. Tranquilize-se e seja feliz! Pense nisso! Que Jesus abençoe o seu dia!


(Autor desconhecido)

domingo, 24 de novembro de 2019

Homens tóxicos

Um alerta à mulherada!

8 comportamentos de Homens tóxicos
 que você precisa ficar atenta


Todas nós merecemos um relacionamento que nos encoraje, nos dê segurança e felicidade. Nunca pense que talvez você esteja destinado a sofrer pelo resto de sua vida com uma pessoa tóxica.

Alguns tendem a pensar que estar em um relacionamento imperfeito é melhor do que estar sozinho. Isso não é verdade, porque você nunca pode ser feliz em um relacionamento que simplesmente não funciona. E estando em um, você perde muitas oportunidades para encontrar o caminho certo.

Isso não significa que você deve terminar tudo só porque vocês tiveram uma briga. Naturalmente, todos os relacionamentos têm altos e baixos, mas você deve se concentrar na visão geral. Você está feliz a maior parte do tempo? Vocês brigam muito? Ele te trata como você merece ser tratada?

Muitas meninas começam a justificar o mau comportamento de seus parceiros e acham que elas merecem isso de alguma forma.

Elas têm muito medo de ficar sozinhas ou de fazer mudanças significativas em sua vida. Mas ninguém deve permanecer em um relacionamento tóxico porque no final ele irá destruir você.

Aqui estão 8 sinais que mostram o comportamento tóxico do seu parceiro:

1. Flerta com outras

Isso só indica que ele não respeita você ou não leva você a sério. Você deve encontrar um homem maduro, que aprecie você e tenha olhos apenas para você.

Um relacionamento saudável é baseado na confiança e se você não pode confiar nele, vale a pena estar com ele?

2. Te insulta

Tenta te fazer sentir insegura, te chama de louca ou psicopata. Pode dizer que você é estúpida ou muito burra. Claro, todos nós temos nossos momentos ruins quando estamos nervosos, mas ele não deve te tratar assim. Nunca!

3. Não sabe beber pouco

Ele age como um adolescente que não conhece seus limites? Ele sai todas as noites e chega em casa de manhã cedo bêbado? Quando você tenta falar com ele, ele te faz calar a boca? Não fique com alguém assim!

4. Ele te faz chorar

Você deve estar com alguém que lhe traz mais felicidade do que lágrimas. Se você está constantemente triste e infeliz, então não vale a pena estar com ele. Naturalmente, haverá alguns desentendimentos e mal-entendidos, mas isso não deve acontecer a maior parte do tempo.

5. É imaturo

Ele é muito carente e só quer estar com você (embora isso não o impeça de flertar com outras garotas). Proíbe que você saia com seus amigos ou colegas de trabalho. Isso mostra que ele não confia em você e você deve pensar sobre o motivo por trás disso.

6. Quer te dizer como se vestir

Isso mostra que ele está tentando controlar você. Ele quer lhe dizer o que fazer, o que vestir e com quem conversar. Mas lembre-se, você tem suas próprias opiniões, gostos e decisões. Não o deixe ditar como você deveria ser. Se você quiser pintar seu cabelo de rosa, faça isso.

7. Ele é abusivo emocionalmente

Ele grita com você com insultos desnecessários. Mesmo se você tentar consolar e fazê-lo se sentir melhor, ele usa você como um saco de pancada emocional. Isso não deveria ser assim.

Ele deve te tratar com amor e carinho e não te arrastar para suas emoções negativas.

8. Ele mente e você sabe!

Honestidade é a melhor política, e todos os relacionamentos são baseados nisso. Você não pode perdoar o tempo todo e acha que ele vai mudar. Se ele sempre mente para você (sobre coisas pequenas e grandes), então ele é muito infantil e desrespeitoso com você.

Um relacionamento com uma pessoa desonesta não tem futuro.

Meninas, pense bem no seu parceiro e no relacionamento que você tem. Se esses 8 pontos são muito familiares para você, então vá embora.

Não se apaixone por suas desculpas e não pense que você pode mudar uma pessoa tóxica. Você só pode mudar quando entende seus erros e quer ser uma pessoa melhor.


(Do blog Significado dos Sonhos Online)

P.S. Entendeu, agora, por que ocorre no Brasil tantos feminicídios? Medida Protetiva é apenas um papel, ele nunca irá proteger você, mulher, 24 horas do seu dia.


Luísa Mahin, a mãe do abolicionista Luís Gama

Participou da articulação de diversas revoltas e levantes de escravizados que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.


Nascida em Costa Mina, na África, no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida para o Brasil para ser escravizada. Participou da articulação de diversas revoltas e levantes de escravizados que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838).

Foi mãe de Luís Gama (1830-1882), um dos maiores abolicionista do Brasil. Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola, embora não haja documento que comprova a extradição.


Em 2019, o nome de Luiza Mahin foi inscrito no o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria pela Lei nº 13.816, de 24 de abril de 2019.

(Do blog GGN – O Jornal de Todos os Brasis)

P.S.1: Entre os pais de Luís Gama havia profundas diferenças. A mãe era uma negra quitandeira. O pai, um fidalgo português. Ela trabalhava. Ele, um estroina, jogava todo o dinheiro que lhe caía nas mãos.

P.S.2: Leia, neste Almanaque, “A História de Luís Gama”, publicada em 18 de agosto de 2017.

Almoço chauvinista*



− Mas querida, para que poluir o nosso almoço com uma discussão desnecessária? Explico pela última vez: nosso amor transcende a dialética de Hegel e a própria visão marcuseana. É assim como o existencialismo, nada sartreano, aliás, e do qual Camus teria muito a dizer. Meu amor está contido numa visão cosmológica, já apontada por Chardin, e que Russel humanizou, talvez, mas de modo materialista. Suponho que nos aceitemos dentro do ponto de vista estoico de Aristóteles, mas sem platonismo. Nosso amor é divino, sim, como quer Santo Agostinho, mas também muito humano e aqui Sartre tem razão. Que seja a última vez que desestruturo nossos sentimentos, como quer Lévi-Strauss. Finalmente, de uma vez por todas, espero que você compreenda que a decantada libertação feminina é uma utopia maior do que a de Thomas Morus.

E posto isto, querida, passe-me a salada, por favor.

*****

*Chauvinismo ou chovinismo (do francês chauvinisme, de Nicolas Chauvin, soldado de Napoleão tomado como tipo de patriota fanático) é o termo dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia. Associados ao chauvinismo frequentemente identificam-se com expressões de rejeição radical a seus contrários, desprezo às minorias, narcisismo, mitomania. Chauvinista masculino ou indivíduo chauvinista: atualmente, a palavra chauvinista pode ser encontrada em contextos diferenciados, geralmente, como sinônimo de machista.

Feminismo X Chauvinismo

Por via das dúvidas, o mágico casou com a domadora com separação de bens profissionais.

O triangulo amoroso, visto de qualquer vértice, nunca é reto.

Deus quer, o homem sonha, e a mulher dá xeque-mate.

Convite do amante nada romântico: “Querida, vamos fazer amor em decúbito dorsal?”

As feministas que me perdoem, mas a perda da virgindade também é uma tomada de posição.

O homem põe. E a mulher dispõe.

Argumento machista, tendência socrática: “Só sei uma coisa: é que minha mulher nada sabe”.

(Do livro “Breviário de assuntos inúteis”, de Jorge Alberto Braga)