domingo, 24 de novembro de 2019

Almoço chauvinista*



− Mas querida, para que poluir o nosso almoço com uma discussão desnecessária? Explico pela última vez: nosso amor transcende a dialética de Hegel e a própria visão marcuseana. É assim como o existencialismo, nada sartreano, aliás, e do qual Camus teria muito a dizer. Meu amor está contido numa visão cosmológica, já apontada por Chardin, e que Russel humanizou, talvez, mas de modo materialista. Suponho que nos aceitemos dentro do ponto de vista estoico de Aristóteles, mas sem platonismo. Nosso amor é divino, sim, como quer Santo Agostinho, mas também muito humano e aqui Sartre tem razão. Que seja a última vez que desestruturo nossos sentimentos, como quer Lévi-Strauss. Finalmente, de uma vez por todas, espero que você compreenda que a decantada libertação feminina é uma utopia maior do que a de Thomas Morus.

E posto isto, querida, passe-me a salada, por favor.

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*Chauvinismo ou chovinismo (do francês chauvinisme, de Nicolas Chauvin, soldado de Napoleão tomado como tipo de patriota fanático) é o termo dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia. Associados ao chauvinismo frequentemente identificam-se com expressões de rejeição radical a seus contrários, desprezo às minorias, narcisismo, mitomania. Chauvinista masculino ou indivíduo chauvinista: atualmente, a palavra chauvinista pode ser encontrada em contextos diferenciados, geralmente, como sinônimo de machista.

Feminismo X Chauvinismo

Por via das dúvidas, o mágico casou com a domadora com separação de bens profissionais.

O triangulo amoroso, visto de qualquer vértice, nunca é reto.

Deus quer, o homem sonha, e a mulher dá xeque-mate.

Convite do amante nada romântico: “Querida, vamos fazer amor em decúbito dorsal?”

As feministas que me perdoem, mas a perda da virgindade também é uma tomada de posição.

O homem põe. E a mulher dispõe.

Argumento machista, tendência socrática: “Só sei uma coisa: é que minha mulher nada sabe”.

(Do livro “Breviário de assuntos inúteis”, de Jorge Alberto Braga)


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