segunda-feira, 29 de julho de 2019

A Verdade saindo do poço



Na imagem, a Verdade, com seu chicote,
à procura da Mentira para um acerto de contas...

A pintura “A Verdade saindo do poço” (1896)*, mostrada acima, é de autoria de Jean-Léon Gérôme, escultor e pintor francês, e está ligada a uma parábola do século XIX.

Segundo essa parábola, a Verdade e a Mentira se encontram um dia.

A Mentira diz à Verdade:

- Hoje é um dia maravilhoso!

A Verdade olha para os céus e suspira, pois o dia era realmente lindo. Elas passaram muito tempo juntas, chegando finalmente ao lado de um poço.

A Mentira diz à Verdade:

- A água está muito boa, vamos tomar um banho juntas!

A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e descobre que realmente está muito gostosa. Elas se despiram e começaram a tomar banho. De repente, a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge.

A Verdade, furiosa, sai do poço e corre para encontrar a Mentira e pegar suas roupas de volta.

O mundo, vendo a Verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e raiva.

A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo nele sua vergonha.

Desde então, a Mentira viaja ao redor do mundo, vestida como a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade, porque, em todo caso, o Mundo não nutre nenhum desejo de encontrar a Verdade nua.


* A pintura pertence às coleções do museu Anne de Beaujeu, em Moulins, na França.

De acordo com a Filosofia Hindu

Você nunca deve contar para ninguém essas sete coisas:


O famoso filósofo grego Sêneca disse há 2000 anos que: “Se você quer que seu segredo seja salvo, salve você mesmo”. Mas não se trata de manter algum segredo, e sim de que é preferível não divulgar certas coisas pessoais.

Estamos nos referindo aos ensinamentos dos sábios da Índia que basearam sua filosofia em reflexões sobre o nosso ser interior.

Esses segredos têm uma conexão direta com nossas fraquezas ou com nossas realizações, que em resumo, é como outra fraqueza propriamente dita.

O aspecto fundamental do pensamento hindu é sua natureza prática. Desde a sua criação, há aproximadamente 4000 anos atrás a. C., o pensamento dos sábios hindus foi centrado em resolver os problemas fundamentais de nossos dias, seja, sua sabedoria nasce da tentativa de alcançar uma vida melhor.

O que queremos compartilhar hoje é um guia de sete aspectos da vida que, de acordo com a sabedoria hindu, cada um deve guardar para si.

1) Não revele seus projetos:

Nós nunca devemos contar os nossos projetos para o futuro a outras pessoas. Esses planos são muito íntimos e devem ser mantidos em segredo.

Isso porque nenhuma ideia é perfeita e tudo o que você planeja fazer ou especificar pode ser vítima de críticas e até de sabotagem por pessoas invejosas que se ressentem de não ter uma ideia igual ou que simplesmente encontram defeitos onde não há.

Espere até que seus projetos sejam finalizados para falar sobre eles.

2) Não divulgue seus atos de caridade:

Não há nada mais detestável do que alguém que se orgulha de ter sido generoso ou de ter desenvolvido um ato de caridade.

Fazer algo de bom para alguém é extraordinário e sabemos que precisamos de mais pessoas caridosas, mas não é necessário revelar ter sido generoso. Em vez disso, o ato deve ser mantido como um tesouro precioso.

3) Não divulgue seus atos heroicos:

Se você teve uma atitude corajosa ou realizou um ato de heroísmo, não é necessário gritar para os quatro ventos.

Diariamente, de todos que assistiram nossos atos, normalmente receberemos um merecido reconhecimento, mas para outros que não os tenha visto, o reconhecimento deve ser pessoal e usado para auto-admiração.

4) Não divulgue as intimidades:

Algumas questões são muito pessoais, assim, devem permanecer sempre para si mesmo e limitar-se a submetê-las a uma reflexão introspectiva e pessoal.

Seus problemas em relação a sono ou comida, são questões que você deve reservar para si mesmo e não há sentido em revelar.

Vamos encontrar a harmonia interior por nossos próprios meios.

5) Não divulgue seu conhecimento espiritual:

Não se esqueça de que estamos falando de preceitos de sábios da Índia que colocam a espiritualidade em um lugar muito alto e de grande reconhecimento.

Espiritualidade é algo que devemos manter para nós mesmos, porque é considerado um tesouro que tem a ver com a forma como vemos o mundo.

Suas ideias, seus pensamentos, sua análise da vida e da espiritualidade não podem ser compartilhadas por todos, então é preferível manter tudo isso em si mesmo para evitar ser questionado em um aspecto tão profundo e pessoal.

6) Não divulgue seus problemas familiares:

Dizem que “todo lar é um mundo”, e em todo mundo pessoal tudo o que acontece ali deve permanecer ali.

Compartilhar os conflitos que existem em uma casa, em uma vida familiar ou na vida de um casal pode parecer uma forma de alívio, mas, em muitos casos, reproduzir problemas pessoais com várias pessoas cria a imagem de que elas são mais do que realmente são e que nunca poderão ser resolvidos.

Basicamente, os outros podem fazer julgamentos sem conhecer o problema em profundidade. Isso não combina com você.

Esses conflitos só podem ser resolvidos dentro do ambiente em que se encontram e mantê-los para si ajuda a reforçar o vínculo que os une.

7) Não divulgue tudo o que ouve:

Ouça as histórias que os outros nos dizem ou mesmo as que ouve sem querer ouvi-las. Quem não testemunhou o argumento de um casal ou uma conversa íntima só de estar perto e por acaso?

Levar para casa os problemas que ouvimos dos outros ou comentar negativamente sobre é um desperdício de energia que podemos usar para gerar algo negativo para nós mesmos.

“Indo para casa com um fardo negativo, não se constrói nada de bom.”

Reflexões interessantes de tudo o que devemos manter para nós mesmos as vezes são essenciais para possuirmos uma boa saúde psicológica.


domingo, 28 de julho de 2019

O último Gre-Nal da Baixada

By Gremio1983


Estamos na semana que antecede a última partida do estádio Olímpico (Brasileirão de 2012). Não fosse isso um fato importante por si só, o jogo marca também o último clássico Gre-Nal na Azenha (Grêmio 0 X O Internacional). Certamente será bem interessante poder vivenciar um evento histórico, um marco na história do clube.

Diante disso, eu me pergunto, o que efetivamente será lembrado desse evento nos próximos anos? O que será esquecido? O que aconteceu em situações parecidas com esta?

Pesquisando um pouco eu acabei encontrando fotos e uma crônica do último Gre-Nal disputado no estádio da Baixada. O jogo foi realizado em novembro de 1953, e foi vencido pelo Inter, que aquela altura já era campeão citadino. O evento em si parece não ter gerado maior comoção na época.

Eu confesso que fiquei um tanto surpreso com a Baixada retratada nessas fotos. Sabia que era um estádio acanhado (segundo o relato o campo estava lotado com pouco mais de 8 mil pessoas), mas, além disso, podemos ver claramente que as arquibancadas careciam de alguma manutenção (assim como também vemos um curioso placar manual e torcedores com sombrinhas). Talvez seja um retrato fiel da época; talvez não seja. E o que será que as pessoas iram “enxergar” daqui a 50 anos nas fotos do Olímpico?


“O segundo tento marcado pelos rubros foi de autoria do winger esquerdo Canhotinho. Acima vemos um flagrante do Gre-Nal de ontem, apanhando justamente na metade do lance que terminaria nas redes de Sérgio. Canhotinho, que se vê à esquerda, aproveitou a oportunidade para consolidar a vitória de sua equipe. Na foto vê-se ainda Mirão, Sérgio, Hugo, Bodinho e Zé Ivo.”

(Folha da Tarde Esportiva – 02 de novembro de 1953)

Internacional Manteve a Invencibilidade!

A falta de técnica no Gre-Nal foi compensada pela combatividade dos jogadores

Com o clássico Gre-Nal do foot-ball porto-alegrense, encerrou-se ontem o campeonato do ano em curso. As tradicionais dependências do “fortim” da Baixada apanharam, por esta ocasião, uma grande assistência, que as lotou completamente, em que pese a tarde cálida, que não animava o afeiçoado deter-se várias horas sob um sol causticante.

Não obstante, o velho campo da Baixada reviveu uma de suas horas mais animadas; pois o público, presente, como dissemos, em grande número, manteve-se sempre entusiasta e vibrante.

O match em si, como soe acontecer nos confrontos entre as equipes do Grêmio e do Internacional, não foi dos mais brilhantes, no que tange ao aspecto técnico. Mas não faltou combatividade aos jogadores, de modo que, em momento algum, o cotejo entrou em monotonia.

O S. C. Internacional, que já ingressou em campo, com as honras de campeão, indiferente ao resultado do Gre-Nal, logrou triunfar mais uma vez, fechando assim com chave de ouro sua temporada oficial, durante a qual não sofreu nenhuma derrota. Encontrou ontem no Grêmio um adversário bem mais capacitado do que, no fundo, calculava; mas, mesmo assim, galgou bem o obstáculo, completando sua campanha com mais uma vitória, justa, sem dúvida, e merecida; tanto mais que seu adversário, superando-se a si mesmo, mais que lhe dignificou a conquista.

De fato, o Grêmio, que vinha de uma decepcionante derrota frente ao Cruzeiro, capacitou-se de sua responsabilidade, como participe nato do mais importante choque do foot-ball porto-alegrense, e, se bem não tenha conquistado a vitória, reabilitou-se em parte, atuando bem melhor do que nas vezes anteriores. Mormente sua defensiva, sem embargo das vezes que foi vencida, se constituiu num setor bastante sólido e eficiente, considerando-se ainda que atuou sem dois titulares: Orli e Pipoca. Pôde assim o quadro tricolor impor séria resistência aos comandos de Bodinho, fazendo que as ações durante grande parte da contenda se equilibrassem e desta maneira emprestassem ao clássico uma feição emocionante.

O Internacional fez jus à vitória particularmente por duas circunstâncias: contou além de uma defesa soberba e coesa, com uma linha, que se bem menos brilhante, muitas vezes mesmo tolhida pelo adversário, foi suficiente prática para aproveitar as escassas oportunidades que se lhes ensejaram. E nisso vai o melhor elogio de um setor que encontrou difícil barreira pela frente, mas, que a despeito disso, ainda fez prevalecer sua classe, construindo um triunfo laborioso, todavia brilhante.

Os primeiros cinco minutos do embate caracterizaram-se pelo equilíbrio das ações: ambos os bandos alternaram-se na ofensiva, ensaiando estabelecer o primeiro predomínio territorial. Numa de suas investidas, o Internacional marcou, mas o juiz anulou o tento por estar Jerônimo, seu autor, em posição ilegal. Sucedeu-se um período breve de mais insistência do Grêmio na ofensiva; mas o Internacional revidou energicamente, colocando em sério perigo ao arco de Sérgio. Houve, então, uma fase de indecisão, durante a qual os dois teams não conseguiam firmar-se no ataque, em face do melhor trabalho das defensivas. A partir do 20º minuto, o Internacional passou a apresentar mais agressividade, controlando melhor as ações e ameaçando mais amiudamente o último reduto tricolor. Aos 32 minutos, Canhotinho, depois de fintar Mirão, desejou atirar violentamente ao arco; mas falhou e o arremate se converteu num passe a Jerônimo, que recém ingressara na área: o insider encheu o pé e surpreendeu Sérgio, cujo salto sobre a bola foi tardo: estava marcado o primeiro tento da partida:

Internacional 1
Grêmio          0

Depois da conquista desse gol, quando se acreditou que o Grêmio reagiria, viu-se pelo contrário, mais animado e tranquilo, o Internacional a aumentar o seu volume de ações, procurando a todo pano consolidar a vantagem com novo tento.
Desta maneira, o restante do período pertenceu nitidamente aos rubros, cuja dianteira, contudo, não obstante o maior número de investidas, não conseguia suplantar a vigilância dos defensores da Baixada.

Entretanto, aos 41 minutos, originou-se uma confusão diante do arco do Grêmio: Solis e Bodinho dela se aproveitaram, para alvejar, mas, em ambas as oportunidades, o couro foi devolvido, sendo que na segunda vez pelo arqueiro Sérgio, defendendo parcialmente: a bola derivou para a esquerda, onde Canhotinho, entrando oportunamente, entre dois defensores gremistas, logrou impulsionar a bola para dentro do arco estabelecendo o escore definitivo.

Internacional 2
Grêmio          0

No segundo período, viu-se o Internacional ainda predominando nas jogadas, durantes os primeiros minutos; mas a seguir o Grêmio repontou um pouco e carregou com alguma insistência sobre a área colorada. Nada de prática, porém, faziam os dianteiros do Grêmio, que não coordenavam as tramas, deixando-se desarmar pelos rubros com relativa facilidade.

Camacho e Paulinho, ainda no início dessa etapa, machucaram-se, retirando-se ambos por alguns instantes da cancha. O atacante gremista, contudo, não mais conseguiu recuperar-se. Foi deslocado para a ponta, onde passou a fazer mera figura. Jogou o Grêmio, assim, praticamente o restante do match com apenas dez homens válidos.

Podia por isso o Internacional, valendo-se dessa circunstância, assenhorar-se definitivamente do terreno e das ações, impondo ao adversário duro castigo. A dianteira colorada, porém, cada vez mais dominada pelos tricolores, não colaborou o suficiente para isso: de modo que o match foi-se arrastando, já agora com o Internacional mais preocupado em fazer passar o tempo, e conservar a vantagem inicial, do que mesmo alardear sua superioridade técnica.

Era virtualmente impossível, de resto, ao Grêmio, recuperar o terreno perdido; seu quinteto avançado já era uma peça nula, mas inoperante ficou depois que Camacho resumiu sua atividade a intervir em lances esporádicos.

O foot-ball, que já não era dos melhores, com Internacional agora a conformar-se com os 2×0 e o Grêmio impossibilitado de reagir, decaiu ainda mais; e teria resvalado definitivamente para a completa pasmaceira, não fosse a ação enérgica e laboriosa de alguns elementos, que não deixaram o jogo “morrer” de todo.

Não se registrou, porém, nenhum contraste nessa segunda fase, findando o match com o placar da fase inicial: 2×0, pró Internacional.

Ao terminar o cotejo, os jogadores, dando bonita demonstração de cavalheirismo, abraçaram-se amigavelmente, encerrando-se assim com exemplar cordialidade mais uma página do clássico eterno: o Gre-Nal.

Foi juiz do prélio o senhor Fortunato Tonelli, que em geral marcou bem as faltas, com erros de pequena monta. Às vezes, querendo resguardar sua autoridade, excedeu-se nas repreensões, desagradando a torcida e os jogadores. Mas conseguiu levar a bom termo sua espinhosa missão.

Na preliminar, bateram-se os quadros de aspirantes das duas agremiações. Alardeando grande superioridade técnica, os rapazes do Grêmio levaram a melhor, por um escore que não reflete sua inconteste supremacia nas jogadas: 1×0 […] Ao encerrar-se o match, demonstrando cabalmente o inconveniente, injustificavelmente não reprimido, de soltar rojões em campos de foot-ball, um deles estourou junto às vistas de um player gremista, somente por grande sorte não se registraram consequências lamentáveis.”

(Folha da Tarde Esportiva – 2 de novembro de 1953)

Ficha técnica da partida

Grêmio 0 x 2 Internacional

GRÊMIO:

Sérgio, Hugo e Noronha; Mirão, Laerte e Zé Ivo; Tesourinha, Bebeto, Camacho, Mujica e Torres.

INTERNACIONAL:

Milton, Lindoberto e Oreco; Paulinho, Salvador e Odorico; Luizinho, Solis, Bodinho, Jerônimo e Canhotinho.*

Data: 1º de novembro de 1953, domingo;

Local: Baixada, em Porto Alegre-RS;

Público: 8.955 (6.287 pagantes);

Renda: Cr$ 163.740,00

Árbitro: Fortunato Tonelli;

Auxiliares: Belo e Sroka;

Gols: Jerônimo aos 32 minutos e Canhotinho aos 41 minutos do primeiro tempo.

*****

*Dois anos depois desse Gre-Nal, em 1955, aos dez anos, eu assistiria ao meu primeiro clássico: com o time do Inter com os seguintes jogadores: Lapaz, Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Chinesinho.

Com exceção do goleiro Milton, do lateral Paulinho, do zagueiro Salvador, do meia Solis e do ponteiro Canhotinho, o restante do time jogou esse Gre-Nal inesquecível da minha vida.

NSM


O Fortim da Baixada

sábado, 27 de julho de 2019

Saudade Louca*

Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco


Nunca mais ouvi falar de amor,
Nunca mais eu vi a flor,
Nunca mais um beija-flor,
Nunca mais um grande amor, assim,
Que me fizesse um sonhador,
Levando a dor pra ter um fim.
Pra nunca mais
E nunca mais, amor,
Eu tive jeito de sorrir,
Eu tive peito de me abrir.
Ando louco de saudade... saudade,
Saudade ôôô...
Que é louca por você.
Ando louco de saudade... saudade.
Saudade ôôô...
Que é louca por você.

O tempo voa e não perdoa,
Só magoa, só magoa, solidão.
Quem ama, chora,
Chora quem ama.
Quem diz que não ama,
Não sonha em vão.
Se a gente chora
É tem saudade
E até se atreve
Voltar atrás.
Que a velha frase:
O vento leve
Era até breve,
Não, nunca mais.

*Saudade louca está na internet num show de Arlindo Cruz, onde ele canta com a saudosa Bete Carvalho.


O sambista está em franca recuperação de um Acidente Vascular Cerebral. Ele foi o homenageado como tema da X9 Paulistana no carnaval de 2019.

Musical em homenagem a Arlindo Cruz em cartaz no Imperator

A peça “Quando a gente ama” realiza temporada no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, de 19 de julho a 4 de agosto de 2019, no Rio de Janeiro. O elenco, formado por Alexandre Moreno, André Muato, Cris Vianna, Édio Nunes, Lu Fogaça, Rodrigo França e Vilma Melo, canta os altos e baixos do amor, a partir do repertório do sambista Arlindo Cruz e parceiros na maior casa de espetáculos da Zona Norte do Rio. O público poderá ouvir grandes sucessos como Casal Sem Vergonha, O Show tem que Continuar e O Que é o Amor, entre outros. O texto é de João Batista e a produção é de Bruno Mariozz, da Palavra Z.


Uma gafe histórica na TV

Jogo das três pistas

Se é nordestina e é paraibana, não pode ser de Belém!


Flávio Bolsonaro, Sílvio Santos e Eduardo Bolsonaro

Programa Silvio Santos*, domingo, 14 de julho de 2019, 10 horas da noite. Eduardo Bolsonaro x Flávio Bolsonaro. Os dois devem responder perguntas fáceis para um tentar ganhar do outro, no Jogo das Três Pistas.

Silvio pergunta para Flávio, Senador pelo PSL:

- Não é de política, mas vocês também não estão por dentro, duvido: Cantora nordestina:

Flávio:

- Joelma.

Silvio, para Eduardo Bolsonaro:

- Está com sorte o seu irmão. Toca cinco segundos:

Ouve-se uma gravação de Elba Ramalho cantando:

Bate, bate, bate coração.
Dentro desse velho peito.
Você já está acostumado
A ser maltratado, a não ter direitos...

Eduardo, não responde, e devolve a pergunta ao irmão:

- Ele sabe...

Silvio, então, dá a terceira e última dica:

- Cantora nordestina, tocou cinco segundos, é paraibana!

Flávio:

- Fafá de Belém!

Sílvio, invocado com resposta:

- Ah! Que Fafá de Belém!!!

Outra pergunta a um dos irmãos:

− Quem foi ex-presidente** que proibiu o uso de biquíni em concursos de misses no Brasil?

Eduardo não sabe:

Silvio dá a segunda dica, só que agora é para Flávio Bolsonaro:

− Nasceu no Mato Grosso do Sul!

− Vou chutar, responde Flávio: Médici?

* Silvio Santos, ao convidar os dois filhos do presidente, tentou com isso fazer uma média com a família Bolsonaro. Só que o tiro saiu pela culatra, numa linguagem bem militar. Os dois foram expostos ao ridículo, errando perguntas fáceis sobre a política brasileira. Em algumas perguntas, o auditório, composto de mulheres do povão, sabia mais do que os dois políticos desinformados, sendo que um deles poderá até ser nomeado Embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.

** Jânio Quadros proibiu a realização de corridas de cavalo durante a semana, restringindo-as a domingos e feriados. Além disso, a presença de menores de 21 anos nos locais de corrida foi proibida. Também foram proibidos os desfiles de candidatas a miss com maiôs “cavados” em concursos de beleza, a exibição em anúncios na TV “de maiôs e peças íntimas de uso feminino” e até o uso dos biquínis nas praias. Isso são fatos históricos que pessoas bem informadas, principalmente políticos, deveriam saber.

NSM


quinta-feira, 25 de julho de 2019

Histórias do Coronel Militão Fagundes



Durante a II Guerra Mundial, afirmava serem tantos os casos de brigas, ferimentos e homicídios ocorridos no município onde tinha suas terras, que a maioria dos jovens da região para escapar de tamanha violência, preferira alistar-se na FEB e proteger-se na Itália.

***

Presidente do clube de futebol de sua cidadezinha, assim o coronel descreveu, no Largo dos Medeiros, as ocorrências em jogo realizado com equipe visitante:
-  ... Para alegrar a festança, contratei a banda de música. Mas pediram muito dinheiro para se apresentar o tempo todo. Aí propus pagar a metade do preço: tocariam apenas na hora da abertura dos portões, no intervalo do match e quando saísse um golo, mas tocaram tanto, que no final do jogo as clarinetas estavam rachadas e os tambores furados. Os metais de sopro ficaram em brasa; para resfriá-los, tiveram que pular o muro e fazer fila, a fim de trazer água em baldes do vizinho. O sujeito da corneta criou papada de tanto assoprar, o maestro ficou de braço duro e tiveram de dar oxigênio para o da tuba. O mais interessante aconteceu com o tocador de pratos: pegou resfriado de tanto vento que apanhou.

***

O coronel Militão narrava a seleto grupo, numa festa, como enfrentara certa cobra sucuri:
- ...Levantei a Winchester com todo o cuidado, fiz a pontaria, descansei lentamente o dedo no gatilho...
Nesse instante, chamaram-no ao telefone. Quinze minutos depois, quando Militão voltou, alguém lembrou:
- E daí, coronel, como é que terminou a história da Winchester?
- Onde é que eu estava mesmo?
- O senhor ia apertando o gatilho...
- Mas bah, tchê, nunca errei uma – exclamou Militão.
- Quando dei o tiro, foi pena pra tudo que é lado!

***

Determinada ocasião, pespegou tamanha mentira que o ouvinte, farto de tudo aquilo, decidiu revidar:
- Pois o senhor sabe, coronel, uma vez eu também experimentei o revólver em um bem-te-vi pousado numa árvore. Mirei bem e, quando ele cantou “bem... eu, pá!, tirei o bico dele fora. O “...te vi” ficou preso na garganta, pois não teve por onde sair.
Militão suspirou fundo, olhou para o outro com ar triste e comentou, derrotado:
 - É, há homens que atiram muito bem...

***

Militão, em visita ao Rio de Janeiro, foi convidado para jantar solene na mansão de milionário a quem conhecera recentemente. Terminada a cerimoniosa refeição, passaram todos à confortável e espaçosa biblioteca. Não tardou muito e a conversa recaiu sobre a famosa coleção de moedas do anfitrião. Tinha ele todas as peças cunhadas no Brasil, desde a época colonial até os tempos atuais, inclusive o império. Tranqüilo e imponente, o coronel disse ser também numismata. Animado com a presença de um colega, o dono da casa perguntou:
- O senhor também coleciona moedas brasileiras?
- Não – respondeu Militão, sereno. – As minhas são de diversos países do mundo, bem antigas e variadas, algumas muito raras mesmo.
- E quais são elas? – interessou-se outro conviva.- O senhor certamente já leu a Bíblia, é claro – disse o coronel. – Pois saiba que tenho, por exemplo, um dos trintas dinheiros pagos a Judas para trair Cristo...

***

A pontaria do coronel era infalível. Sempre que via algum tico-tico pousado em cerca, cortava o arame a bala, justamente entre as patinhas do passarinho. Divertia-se depois com o bichinho tentando segurar as extremidades do fio recém-arrebentado...

(Renato Maciel de Sá Júnior. Anedotário da Rua da Praia)

Uma curiosidade do tricolor gaúcho

É do tempo da Baixada?

Texto de Ursula Petrilli Dutra*


Reprodução de painel no Memorial Hermínio Bittencourt**

**A rua à esquerda da foto, é atual Mostardeiro, a casa branca, no meio da foto, à direita da rua, existe até hoje, reformada, como na foto colorida ao final da matéria.

Digo sempre que sou como jogador de futebol: também posso trocar de time. Já fui gremista, colorada e, agora, recentemente, voltei a ser gremista.

Estou com dois livros do Grêmio emprestados para me inteirar um pouco mais sobre meu time. Um fala da vitória do Grêmio em uma Libertadores “de verdade”, (Grêmio Campeão Acima de Tudo) que é bem diferente das Libertadores dos últimos anos, de autoria de Eduardo Bueno e Fernando Bueno. E o outro é do Ruy Carlos Ostermann, Até a pé nós iremos. Quando cheguei no capítulo da Baixada, nesse segundo livro, lembrei que já havia lido algo parecido, mas na época não tinha dado muita importância, pois ainda era colorada.

O texto a que me refiro pertence a este blog. É um dos primeiros posts: O Moinhos em um agosto de 1904. O Grêmio, um ano após sua fundação, já tinha seu estádio, entre o Prado e o “Velho Tiro Alemão”, ao lado do Mato Mostardeiro. Hoje, o monumento na esquina da Avenida Goethe com a Rua Mostardeiro marca sua história. O vice-presidente do clube Oswaldo Siebel, após angariar fundos, por sugestão de Augusto Koch, levantou o primeiro pavilhão de madeira em 1910, tendo sido também o campo cercado com arame farpado.Nascia assim a possibilidade da cobrança de ingressos no Estádio da Baixada e o crescimento de um grande clube.

Incrível, entre as Ruas Dona Laura e Mostardeiro havia um estádio do Grêmio. E respondendo a pergunta do blogueiro Alessander, eu realmente não sabia que essa área foi um estádio de futebol. Vendo as fotos no livro me surpreendi mais ainda. Fiquei imaginando onde seria exatamente a Baixada. E ao olhar, na foto antiga, aquela casa branca na descida, pensei: será que é a mesma casa branca que tem na Mostardeiro hoje? Fui até lá e tirei uma foto para compará-las. O estilo é o mesmo, mas a atual é maior. Talvez tenha sido reformada. Não sei, mas a localização também parece ser a mesma.

Bom, fiquei muito impressionada ao saber que há um século havia um estádio do Grêmio no coração do Moinhos. E agora, só restou a dúvida: será que essa casa é do tempo da Baixada?


Do Blog do Moinhos ZH

* A casa branca da foto em preto e branco acima, no início da matéria, está situada no mesmo local. Algumas casas abaixo, à direita: localizava-se o antigo Fortim da Baixada.

* A casa branca localizada na Rua Mostardeiro, 475, é mesmo do tempo da Baixada dos Moinhos de Vento. Isso responde à questão levantada pela blogueira Úrsula Petrilli Dutra.

Em dezembro, ao deparar com o imóvel, Úrsula se questionou sobre a idade da casa que hoje tem vista para o Parcão. O estádio do Grêmio, que ficava entre as ruas Mostardeiro e Dona Laura, foi desativado no começo dos anos 50.*

*1954, foi inaugurado o novo Estádio Olímpico, na Av. Dr. Carlos Barbosa, bairro Azenha, Medianeira.


O Fortim da Baixada

10 lições de liderança

e motivação que você pode aprender com Rei Leão.


Se não assistiu à primeira versão, deve estar curioso com o falatório sobre a história. E já reparou nas inúmeras lições de liderança que o filme tem a oferecer?

Então, se você deseja ser um líder melhor para sua equipe e sua empresa, dê uma olhada nessa lista de valiosos ensinamentos antes de partir para o cinema.

01. Grandes líderes são honrados
02. Liderança não é para sempre
03. Tudo está conectado
04. A liderança traz responsabilidade
05. Grandes líderes intervêm quando é necessário
06. Aborda erros com gentileza
07. Não se preocupa (tanto!)
08. Os líderes do passado são parte de você
09. Tem bom senso
10. Aceita a verdade

01. Grandes líderes são honrados:

→ Nas cenas de abertura de Rei Leão, os animais da savana vêm de longe para homenagear Mufasa pelo nascimento de seu primogênito Simba.

→ O exemplo ilustra não somente o respeito que o rei da selva inspira, mas como ele tem uma presença que atrai todos para perto de si.

→ O que você está fazendo para criar lealdade como Mufasa? Grandes líderes inspiram as pessoas à ação e honram sua liderança. Se coloque à disposição de sua equipe e procure maneiras de servir em vez de ser servido.

→ Somente esse tipo de liderança conquistará o respeito daqueles que você lidera.

02. Liderança não é para sempre:

→ No Rei Leão, entendemos como o tempo do rei como governante passa e, assim como a noite sucede o dia, outros virão para ocupar aquele lugar.

→ Esta é uma das lições de liderança que Mufasa deixa para Simba: ser líder não é uma condição eterna.

→ Bons líderes vêm e também se vão. Postos e títulos mudam, e você nem sempre será considerado o líder da sua organização.

→ Esteja pronto para sair de sua posição quando chegar a hora.

03. Tudo está conectado:

→ Mufasa explica ao jovem Simba que, embora os leões estejam no topo da cadeia alimentar, eles também fazem parte do círculo da vida. E isso os liga aos outros animais da selva. Os leões podem caçar os antílopes, mas os antílopes comem a grama que cresce quando os leões morrem.
Essa é a conexão que Rei Leão tem a ensinar: toda criatura desempenha um papel na vida das outras criaturas.

→ Essa é uma das maiores lições de liderança que um gestor deve aprender. Dentro de uma empresa, tudo e todos estão conectados. Um bom líder deve saber que cada área tem a sua importância e assegurar que cada um da sua equipe esteja realizando seu trabalho. Enquanto cada um cumprir seu papel, essa ligação existirá e será frutífera.

04. A liderança traz responsabilidades:

→ Simba mal podia esperar para ser rei, pois acreditava que isso lhe daria a liberdade de fazer o que quisesse. Mas ele pouco sabia o que significava ser rei de fato.

→ Ele queria a autoridade e poder que vêm com o título de rei, mas desconhecia a responsabilidade e o peso que a liderança traz consigo.

→ Jovens líderes frequentemente ignoram o fato de que não é poder que você ganha quando começa a liderar, mas a responsabilidade de cuidar daqueles que lidera e gerar resultados. Abrace esse compromisso para com seus colaboradores.

05. Grandes líderes intervêm quando sua presença é necessária:

→ Simba, manipulado por seu tio Scar, desobedece a seu pai e vai ao cemitério dos elefantes junto de Nala, sem saber que lá ele encontraria uma grande armadilha.

→ Frente a um bando de hienas prontas para devorar os dois pequenos leões, Simba tenta rugir, mas seu rugido é fraco. Ele tenta novamente e daí algo incrível acontece: um rugido muito mais alto faz as hienas se dispersarem. Logo você descobre que este rugido veio de seu pai, Mufasa.

→ O rei da selva interveio quando sua presença se fez mais que necessária, mesmo tendo que proteger alguém que o desobedeceu.

→ Como em Rei Leão, este é também seu papel como líder: intervir quando surge um grande problema. Esteja pronto para fazer isso sempre que necessário.

06. Aborde erros com gentileza:

→ É claro que Mufasa ficou chateado com Simba depois desse episódio no cemitério dos elefantes. Ele desobedeceu a ordens e fez algo muito perigoso. Mufasa poderia ter ficado fora de si, dizendo quão ele foi estúpido. Mas, em vez disso, ele optou por explicar o erro de Simba com gentileza, dizendo por que o leãozinho estava errado e quais as conseqüências de seu ato.

→ Liderança e motivação são aliadas. Líderes têm a oportunidade de confrontar as pessoas quando elas cometem erros. Entretanto, eles podem escolher entre ser grosseiros e depreciativos ao lidar ou abordar o erro de forma gentil, informando o que pode ser feito da próxima vez para evitar que o erro aconteça novamente.

07. Não se preocupe (tanto!):

→ Qualquer um que tenha crescido com Rei Leão sabe o significado de Hakuna Matata: não se preocupe.

→ No contexto das lições de liderança, sabemos que é impossível não nutrir preocupações. Entretanto, muitos gestores se preocupam excessivamente com cada pequena situação. Grandes líderes sabem que não precisam se preocupar com todas as micro situações da empresa, pois eles contrataram pessoas de confiança para ajudá-los na administração.

→Não seja um líder cheio de preocupação. Em vez disso, seja cheio de confiança e esperança.

 08. Os líderes do passado são parte de você:

→ Simba acredita que seu pai o abandonou completamente quando ele faleceu. Mas Rafiki, o sábio conselheiro da selva, lhe mostra a verdade. Mufasa ainda vivia em Simba, pois lhe ajudou a aprender como ser um bom líder, passando seu conhecimento e sua sabedoria para o filho.

→ Os líderes que você teve no passado continuam a fazer parte da sua vida. Sua capacidade de liderança e motivação pode – e deve – ser aprendida. Como no Rei Leão, você pode até pensar que perdeu um antigo líder e que seus conhecimentos lhe farão falta. Mas a verdade é que você ainda pode usá-los!

09. Tenha bom senso:

→ Simba não queria voltar para seu povo por orgulho e teimosia. Ele temia o julgamento que os animais da selva poderiam fazer dele. Mas Rafiki, mais uma vez, agiu com sabedoria e o convenceu a voltar. Ele bateu na cabeça de Simba com seu cajado para mostrar como os eventos do passado influenciam o presente e que Simba precisava assumir seu reinado.

→ Líderes, às vezes, são muito teimosos e refratários aos conselhos. Procure ouvir a voz da consciência que Rafiki representa e agir com bom senso em vez de ficar preso a valores e ideias antiquadas.

10. Aceite a verdade:

→ Durante anos, Simba viveu com a crença de que ele havia matado seu pai, até que finalmente Scar revela a verdade: ele matara Mufasa. Simba estava pendurado em um penhasco quando essa verdade foi revelada e ela lhe deu força para se erguer e confrontar o assassino de seu pai.

→ A verdade dá coragem para defender o que é certo e a força para continuar quando os tempos parecem duros demais. Esteja disposto a ouvir e aceitar a verdade, pois é ela que trará bons frutos em momentos de maior dificuldade. Uma das grandes lições de liderança é reconhecer o que é verdadeiro: isso lhe ajudará a não perder o ânimo.

(Do Runrun Blog)



quarta-feira, 24 de julho de 2019

Raciocínio empresarial



Critério é Critério
  
Chegaram 700 currículos à mesa do diretor de uma grande multinacional.
Ele diz à secretária:
− Pegue os 30 que estão no topo da pilha e chame-os para serem entrevistados. Jogue os restantes na máquina fragmentadora.
− O senhor está louco? São 670 pessoas! Talvez os melhores estejam lá!
Ele responde:
− Eu não preciso de gente sem sorte ao meu lado.

Pedido de Aumento.

O jovem empregado vai à sala do diretor da empresa onde trabalha:
- Senhor diretor, vim aqui para lhe pedir um aumento. E adianto já que há quatro empresas atrás de mim.
Com medo de perder aquele promissor talento, o diretor dobra-lhe o salário... As empresas valorizam os funcionários quando eles recebem outras propostas.
- Mas mate-me uma curiosidade. Pode dizer-me quais são essas quatro empresas?
- Sim, senhor. A da luz, a da água, a do telefone e o meu banco!
  
Raciocínio Rápido
  
Para testar o caráter de um novo empregado, o dono da empresa mandou colocar R$ 500,00 reais a mais no salário dele.
Passam os dias, o funcionário não relata nada.
Chegando no outro mês, o dono faz o inverso: manda tirar R$ 500,00 reais.
No mesmo dia, o funcionário entra na sala para falar com ele:
− Doutor, acho que houve um engano e me tiraram R$ 500,00 reais do salário.
− É? Curioso que no mês passado eu coloquei R$ 500,00 a mais e você não falou nada.
− É que um erro eu tolero, doutor, mas dois, eu acho um absurdo!

Na minha família não!

Diretor de uma grande empresa pergunta a um jovem, que trabalhava na sua firma e que, casualmente, também era namorado de sua filha:
− O garoto está namorando a minha filha por amor ou pela sua polpuda herança?
− É claro, senhor, que é por amor!
− Não vai namorar mais. Eu não quero bobo na minha família.

Sem explicação

O patrão chega na empresa e diz ao empregado:
− Você está despedido!
E o empregado retruca:
− Por quê? Eu não fiz nada.
E o patrão revida:
− Por isso mesmo que você está demitido.



terça-feira, 23 de julho de 2019

Quem é o lateral?

Transcrição completa

Texto e interpretação de José Vasconcellos*


José Vasconcelos: − Alô!
Interlocutor: − Alô!

José: − Alô?!
Interlocutor: − Desculpa incomodá-lo, mas é que me disseram que o senhor entende demais de futebol!

José: − Olha quem disse isso pro senhor deve tá mais por fora que água de coco, bicho!
Interlocutor: − Peraí, peraí, água de coco fica por dentro do coco!

José: − Mas o coco é meu, eu boto a água onde eu quiser! Tá querendo saber como é que se forma um time de futebol, é isso?
Interlocutor: − É, gostaria que o senhor me dissesse o nome dos jogadores e as suas respectivas posições no gramado.

José: − O senhor sabe, pelo menos, quantos jogadores formam um time?
Interlocutor: − Sei.

José: − Ótimo, então nós vamos analisar a lista dos onze, e as suas respectivas posições no gramado. Olha, pra começar, Quem é um dos laterais, Qual é o centroavante, Não Sei, o armador.
Interlocutor: − Mas o senhor é o treinador!

José: − Eu sou o treinador.
Interlocutor: − E sabe o nome de todos os jogadores!

José: − É claro! Sou eu quem os escalo!
Interlocutor: − Ótimo! Então me diga: quem é o lateral?

José: − Quem é o lateral!
Interlocutor: − É isso que eu tô perguntando!

José: − Pois é.
Interlocutor: − Eu quero saber quem é o lateral!

José: − Quem é o lateral, é isso aí.
Interlocutor: − É isso que eu tô perguntando.

José: − E é isso que eu tô respondendo!
Interlocutor: − Não, não! Você não está me respondendo!

José: − Como não?
Interlocutor: − Você está me perguntando quem é o lateral!

José: − Não, não, eu estou lhe afirmando: Quem é o lateral!
Interlocutor: − Quem?

José: − É, Quem, esse é o nome do lateral!
Interlocutor: − Você não está entendendo!

José: − Como não estou entendendo?!
Interlocutor: − O lateral?

José: − O nome dele é Quem!
Interlocutor: − É quem?

José: − É Quem, esse é no nome do lateral! Quem!
Interlocutor: − Sabe de uma coisa, eu já estou ficando nervoso!

José: − Mas não tem por que ficar nervoso bicho! Eu tô explicando tudo pra você, ficar nervoso por quê?
Interlocutor: − Muito bem, muito bem. Então eu quero saber qual é o lateral.

José: − Não, Qual é o centroavante, Quem é o lateral!
Interlocutor: − Mas eu não quero saber quem é o centroavante, pô, eu quero saber quem é o lateral!

José: − Pois é, Quem é o lateral!
Interlocutor: − Positivamente, você deve estar me gozando!

José: − Por quê?
Interlocutor: − Eu já tô começando a ficar confuso, pô!

José: − Mas quem tá fazendo confusão é você, bicho!
Interlocutor: − Não, não, não, eu não tô fazendo confusão coisa nenhuma! Eu só estou querendo saber apenas, qual é o lateral!

José: − Qual é o centroavante!
Interlocutor: − Mas eu não estou perguntando quem é o centroavante!

José: − Mas Quem não é o centroavante, Quem é o lateral!
Interlocutor: − Não sei!

José: − Esse é o armador!
Interlocutor: − Quem é o armador?

Jose: − Não, Quem é o lateral, Não Sei, o armador!
Interlocutor: − Olha, se você não sabe quem é o armador, nem quem é o lateral, positivamente você só pode estar me gozando!

José: − Por quê?
Interlocutor: − Ora, mas eu pergunto as coisas e você, ao invés de me responder, tá me perguntando!

José: − Não, senhor! Você está me perguntando, eu tô lhe respondendo! Quem é o lateral, Não Sei o armador, Qual é o centroavante.
Interlocutor: − E como é que eu vou saber se você não me explica direito?

José: − Ô, bicho, assim não vai dar, hein! Assim não vai dar!
Interlocutor: − Me diz uma coisa: O seu time tem um atacante?

José: − Naturalmente.
Interlocutor: − E como é o nome dele?

José: − Naturalmente!
Interlocutor: − Naturalmente, o quê? Eu quero saber quem é o atacante?

José: − Quem é o lateral, Naturalmente é o atacante!
Interlocutor: − Muito bem, muito bem, naturalmente, quem é o atacante!

José: − Não, Quem é o lateral!
Interlocutor: − Não sei!

José: − Esse é o armador!
Interlocutor: − Então como é que é o nome do atacante?

José: − Naturalmente!
Interlocutor: − Naturalmente, por quê?

José: − Não, Porque é o artilheiro!
Interlocutor: − Quem?

José: − Não, pomba! Quem é o lateral?
Interlocutor: − Vai começar tudo de novo!

José: − Ai, meu Deus!
Interlocutor: − Escuta, o seu time teu um volante?

José: − Claro que tem, todo time tem que ter um volante!
Interlocutor: − Então me diga: de todos os seus jogadores, qual é o volante?

José: − Mas você é duro de entender! Qual é o centroavante!
Interlocutor: − Não sei!

José: − Esse é o armador!
Interlocutor: − Quem é o armador!?

José: − Não pomba, Quem é o lateral!
 Interlocutor: − Calma, calma! Eu tenho certeza que nós vamos nos entender!

José: − Claro que nós vamos nos entender, é lógico que nós vamos nos entender!
Interlocutor: − Mas eu não tô entendendo coisa nenhuma!

José: − Porque você burro, pô, eu tô explicando e você não quer entender!
Interlocutor: − Seu treinador de araque! Se eu for jogar no seu time, eu vou entrar em campo hoje, pegar a bola ontem, e só vou entregá-la amanhã, tá?

José: − É isso aí, bicho, é isso que você tem que fazer, passar a bola pra frente, é isso aí!
Interlocutor: − Então, quem vai ficar com a bola?

José: − Naturalmente! Quem não pode ficar com a bola, Quem tá lá atrás!
Interlocutor: − E como é que eu vou saber quem está lá atrás?

José: − Quem está lá atrás é Porque, Quem é o lateral!
Interlocutor: − Então eu passo a bola pra qual?

José: − Qual é o centroavante!
Interlocutor: − E como é que eu vou saber?

José: − Ele tá lá na frente!
Interlocutor: − Quem tá lá na frente?

José: − Qual tá lá na frente, Quem não pode estar na frente, Quem tá lá atrás! Quem é o lateral!
Interlocutor: − Não sei!

José: − Ah, esse é o armador!
Interlocutor: − Quem é o armador?

José: − Não, pomba, Quem é o lateral!!!!!!
Interlocutor: − Naturalmente, naturalmente, eu pego a bola de quem, passo a bola pra qual, não sei por que, levo a bola pra casa e só devolvo amanhã, tá?

José: − Ô, bicho, até que enfim você entendeu a coisa, agora sim!
Interlocutor: − Mas eu não tô entendendo bulhufas!

José: − Não, esse não tá jogando, não! Foi barrado!
Interlocutor: − Quem?

José: − Quem é o lateral. Bulhufas é que foi barrado!
Interlocutor: − Quer saber de uma coisa? Seja quem ou qual for, não sei se você vai querer saber, naturalmente, porque eu vou quebrar a sua cara agora, e não amanhã, tá?

José: − Mas vem quebrar a minha cara, palhaço, vem, burro, cretino, idiota! Uma coisa tão fácil e o cara não consegue entender! É por isso que não dá pra ser técnico no Brasil!

*****

Transcrição do vídeo para texto por Filipe Silvello

P.S. O vídeo desse monólogo de José Vasconcellos com voz dele mesmo, foi feito no Programa do Jô Soares, está na Internet com o titulo: Quem é o lateral?.


* José Thomaz da Cunha Vasconcellos, 20 de março de 1926, Rio Branco, Acre, a 11 de outubro de 2011, São Paulo, capital, foi o primeiro comediante a fazer comédia estilo Stand Up no Brasil.

P.S. Este texto foi inspirado no diálogo de Abbott & Costello: Who's On First: Tradução: Quem está na primeira base, disponível na internet.