Hugo Ramirez
Querência é tudo o que eu tenho,
O ranchinho onde eu nasci,
A vista da planície verde
Dos meus tempos de guri.
Baguais em pelo montados,
Tombos de prancha no chão,
Touro brabo atropelando
Em rodeio e apartação.
Crendices maravilhosas
Como outras iguais não há.
Assombração no Jarau,
Lobisime, boi-ta-tá...
Alma penada rondando
Por figueiras e umbuzais,
Negrinho do Pastoreio
Galopando nos baguais...
Churrascos todos os dias,
Antes da lida campeira,
E o chimarrão saboroso
Que torna a vida fagueira.
Correndo os anos, amores,
Peleias no partidor,
A chinoca e sinhazinha
Das serenatas de amor.
Depois de muito rolar,
Casar e sentar o juízo.
Quedar-se mirando o campo,
À sombra de um paraíso.
Doce prazer sem igual
Que me faz forte e feliz,
Como esses postes de cerca
Que pegam broto e raiz.
Eis a querência, o torrão,
Que o bom vaqueano palmilha,
Soprar do vento minuano
Corcoveando na coxilha...
Por onde quer que eu me vá,
Levo comigo o rincão,
Ronda de tropa ao ar livre
Pousando em meu coração.
Querência é tudo o que eu tenho,
O ideal que no peito eu trago,
O sangue da minha raça
E alma imortal do meu pago!
Hugo
Ramirez: nascido em Uruguaiana, no dia 12 de abril de 1922, o tradicionalista
participou de importantes momentos do tradicionalismo gaúcho, presidindo o
Movimento por duas gestões, nos anos de 1970 e 1971. Foi 3ª vice-presidente do
1° Congresso Tradicionalista, em 1954, e presidente do 50ª Congresso, ambos
realizados em
Santa Maria. Durante sua vida, atuou como jornalista,
advogado e educador, além de ter escrito mais setenta obras, com destaque para
o romance “Rio dos Pássaros”, título enaltecido pela Academia Brasileira de
Letras.
Também foi um dos idealizadores da Estância da Poesia Crioula, em 1957, presidindo a entidade por três gestões. Em sua trajetória tradicionalista, também foi fundador do CTG Galpão Campeiro, em Erechim, 13ª entidade a ser criada no Rio Grande do Sul. Atualmente, era conselheiro benemérito e conselheiro Vaqueano do MTG. Em 2003, foi condecorado com a Medalha do Mérito Tradicionalista Barbosa Lessa, a mais alta comenda do tradicionalismo gaúcho.
Faleceu
em Porto Alegre ,
onde residia, no dia 01 de agosto de 2007. Foi velado no 35 CTG e sepultado às
10 horas, do dia 02, no Cemitério João XXIII.
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