terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Te pego na saída

 Carpinejar

 

Na escola, não provocava nenhum amigo. Longe de mim brigar. Queria distância de discussão, engolia a seco desaforos, evitava encarar qualquer um durante muito tempo. 

Magrinho e franzino, com inferioridade física, mantinha-me fiel ao meu roteiro de discrição: residência, sala de aula, residência. 

Isso jamais seria suficiente. Eu estudava no meio de um faroeste. 

Um esbarrão involuntário no corredor, ou não dar cola, ou humilhar alguém com chapeuzinho no futebol, ou brincar com uma menina desejada pelos vilões já servia para fazer desafetos entre os mais velhos. 

Conviviam na mesma turma alunos com diferença de três anos. Os repetentes se mostravam muito mais fortes do que a minha faixa etária. 

Partia deles a ameaça que deixava todo mundo em pânico, com cabelo em pé: “Te pego na saída”. 

Não tinha como escapar da sentença. Uma tensão elétrica corria de mesa a mesa, uma euforia de coliseu, um sadismo coletivo. Todo mundo ficava sabendo, e ninguém deixava fugir. Paredões humanos impediam a covardia, até porque existia um único acesso de saída da escola. 

“Pegar na saída” representava brigar no fim da aula, fora dos muros da instituição, sem diretora para apartar, sem professor para socorrer, sem pais para garantir algum arrego. 

Não havia como conversar, adiar, buscar atenuantes ou mesmo se desculpar com antecedência. Uma vez dito, nada mudava o fatalismo do encontro, o terrorismo psicológico. 

A escola inteira ligava o cronômetro e passava telefone sem fio, avisando que ninguém deveria ir para casa: teria surra antes do almoço. 

Você virava um alvo. 

Quando fui ameaçado por um colega do fundo da sala, pela goleada astronômica do meu time em cima do dele durante o recreio, suei frio, sofri horrores. Ao longo daquela manhã, não conseguia prestar atenção no conteúdo, minutos demoravam horas, eu me sentia observado por olhares de piedade e compaixão. Eu me via um menino morto, desprovido de chance de um golpe redentor ou um chute messiânico. 

Respirava fundo. Recebia bilhetes de quem torcia por mim, e recados das alas favoráveis ao agressor, antecipando que sangraria feio para aprender a lição. 

Esperava, instante a instante, que acontecesse algo sobrenatural. Rezava ao crucifixo em cima da lousa para o duelo ser cancelado. 

Se eu acredito em milagres, se eu acredito em Deus, a fé decorre dessa época. 

Perto de encerar o último período, a mãe de um aluno estranhamente bateu à porta e pediu licença para a professora. Tratava-se da mãe de quem jurava me espancar. Foi buscá-lo mais cedo para exame médico. 

A decepção tomou conta do ambiente, anulando o bookmaker do possível vencedor da pancadaria, suspendendo as apostas já feita com bolitas e figurinhas. 

Só eu vibrei, só eu festejei, só eu comemorei. Acabei esquecido. O ultimato durava apenas 24 horas. No dia seguinte, eram eleitos novos inimigos. 

(Do jornal Zero Hora, 30 de janeiro de 2024) 

P.S. Esta crônica do escritor Fabrício Carpinejar também está no livro de sua autoria: “Te pego na saída”, da Editora Edelbra.

 Observação: 

Em todas as escolas do meu tempo de estudante sempre havia um valentão que confiava muito no seu tamanho para ameaçar os baixinhos da sua turma e os de outras turmas. A escola inteira ficava sabendo que alguém iria bater, ou pensar que ia bater num fracote. Então, vi um caso singular. O desafiante, confiando na sua pseudovalentia, desafiou um aluno na saída da escola. Formou-se aquele corredor de duas fileiras de estudantes, com o aluno desafiado não tendo outra saída senão encarar a briga. O baixinho deixou que a iniciativa da briga partisse do valente, que deu o primeiro soco. O menino agredido se enfureceu e partiu com muita raiva para cima do valentão, que, atônito com a garra do garoto, não teve outra reação senão dar as costas e ir embora, humilhado. 

Um conselho que eu dou aos garotos que sofrem ameaças dos valentes de escolas. Se não houver outra saída, encarem a briga, não fujam da raia. Eles contam com a sua fragilidade e o seu medo para fugir do confronto. Usam as palavras para ameaçar e contam com a sua falta de reação para a briga. Eles sempre ganham no grito, mas se vocês reagirem, até mesmo com palavras fortes e decididas, olhar enfurecido, punhos cerrados, mostrando os dentes com fúria, eles baixam a guarda e, muitas vezes, não vão para o embate. São uns enganadores!

Agora... se você for um garoto moderno, pacífico, antenado nos jogos eletrônicos de videogames, poderá desafiar o valentão para um jogo online, onde você poderá usar todas as suas habilidades aprendidas na solidão do seu quarto e tudo ficará na santa paz...

NSM

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Marido bem tratado

 

Uma mulher acompanha o marido ao consultório médico. Depois de ser atendido, o médico chama a esposa reservadamente e diz a ela: 

− Seu marido está com stress profundo. A situação é muito delicada, e se a senhora não seguir as instruções que vou lhe passar, seu marido, certamente, vai morrer. São apenas 10 instruções que salvará sua vida: 

01) Todas manhãs, prepare para ele um café gostoso e reforçado; 

02) Para o almoço, ofereça refeições nutritivas e um bom vinho tinto para ele; 

03) Para o jantar, prepare pratos especiais, tipo comida japonesa, italiana e francesa ou um bom risoto de camarão; 

04) Mantenha em casa um bom estoque de cerveja gelada; 

05) Não o atrapalhe quando ele estiver vendo futebol, nunca tire o controle remoto da mão dele; 

06) Pare de assistir a novelas, isso o incomoda muito; 

07) Não o aborreça com problemas do universo feminino, afaste-se das suas amigas fofoqueiras; 

08) Deixe-o chegar no horário que desejar, não se incomode com o bafo dele; 

09) Nunca o questione onde ele estava, deixe que ele fique com os seus amigos confraternizando até tarde da noite; 

10) Faça sexo com ele como e quando ele quiser. 

No caminho de casa, o marido pergunta o que foi que o médico lhe disse. 

E ela respondeu: 

− Ele disse que você vai morrer logo, logo... 

Professorinha

 Dimas Costa

Chinoca, meiga, trigueira,
Descendentes das missões,
Exigente nas lições,
Reclama e briga por tudo.
Mas eu fico sempre mudo
Ao ver aquela carita,
Quando repreende e grita,
Numa expressão sedutora.
Essa é a professora
Do colégio onde estudo. 

Que me importa com estudo
De história ou geografia,
Se eu gosto é da anatomia
Dessa prenda encantadora.
Eu que sou índio de fora
Meio matuto, por certo,
Vou decorando o alfabeto
Com muita dificuldade,
Porque só aprendo, é verdade,
Nas lições que ela me dá,
Que coisa mais linda não há
Do que os olhos da professora. 

Esses dias me surpreendeu,
Quando mui séria ensinava,
Que apaixonado eu a olhava
Sem escutar a sua fala.
E, por assim eu mirá-la
Acho que bem entendeu,
Pois de pronto enrubesceu
E tomando-me a lição,
Diz que por falta de atenção,
Me pôs pra fora da aula. 

Professora, professora,
Deixa de manha, mimosa!
Chinoca quando é dengosa
Ressalta mais o primor.
Desculpa, mas minha flor
Entende a minha paixão:
Deixa pra lá essa lição
E vem comigo, querida,
Viver as coisas da vida
Num recreio só de amor... 

Se tu quiseres mesmo
Unir-te em laços eternos,
Bota fora os cadernos
E vem seguir os meus passos.
Se larguemo pelos espaços
A procura de um cantinho,
Onde ergueremos um ninho
Debaixo do céu aberto,
E eu morro analfabeto
Só pra viver nos teus braços!

domingo, 28 de janeiro de 2024

Alunos espertos?

 

Dizem que o fato narrado abaixo é real e aconteceu em um curso de Engenharia de uma Universidade Particular de São Paulo, tornando­-se logo uma das “lendas” da faculdade…

Na véspera de uma prova importante, quatro alunos, duas moças e dois rapazes, decidiram chutar o balde, resolvendo que iriam viajar para a praia de qualquer maneira. 

Faltaram a uma prova valendo nota para o semestre e bolaram dar um “jeitinho”: voltaram à Universidade na terça, sendo que a prova havia ocorrido na segunda. Então, eles dirigiram-­se ao professor: 

– Mestre, fomos viajar para o enterro da minha avó, o pneu do carro do Marcos furou, não conseguimos consertá­-lo a tempo, tivemos mil problemas, e, por conta disso tudo, nos atrasamos, mas gostaríamos de fazer a prova que perdemos. 

O professor, sempre compreensivo,  falou: 

– Claro, sem problema, vocês podem fazer a prova hoje à tarde, após o almoço. 

E assim foi feito. Os rapazes correram para casa e racharam a cuca de tanto estudar, na medida do possível. Na hora da prova, o professor colocou cada aluno em uma sala diferente e entregou a prova.

Primeira pergunta, valendo 1 ponto: “Escreva algo sobre ‘Lei de Ohm’.” 

Os quatro ficaram contentes, pois haviam lido algo sobre o assunto. Pensaram que a prova seria muito fácil e que haviam conseguido se dar bem. 

Segunda pergunta, valendo 9 pontos: “Qual pneu do carro furou?”

Em tempo: a resposta de ser a mesma para os quatro!



Panteão dos Clássicos

Linguajar para profissionais

 Rui Barbosa

(...) 

Dos que nascem argentários se fazem ordinariamente os pródigos inúteis e malfazejos. A cultura pertinaz e obstinada é que desentranha da gleba revessa as vegetações luxuriantes, as florescências maravilhosas, as frutificações opulentas, searas, pomares, rebanhos, metrópoles, nações, estados, prole imensa desse casamento perene, abençoado por Deus, entre a terra e o trabalho. Trabalhai, pois, mas persistentes, incessantes, como o sol de todos os dias e o orvalho de todas as noites. Ouvireis discorrer de grandes e pequenas nacionalidades, de impérios poderosos e repúblicas desprezíveis. Tudo aí é atividade, ou indolência; tudo vai do trabalhar, ou não trabalhar. Não há senão povos, que trabalham, e povos, que não trabalham. Se nós trabalhássemos, não veríamos, no Brasil, com os seus dezesseis ou dezoito milhões de habitantes, um território capaz de alimentar a população da China e uma natureza bastante a fartar metade da Europa essa importação factícia e indizivelmente lamentável das questões da miséria, que açoitam, no velho continente, os países exaustos ou sobrepovoados. 

Mas o trabalho é rude, às vezes desabrido, ferrenho, desconversável: não lisonjeia os seus neófitos, não ameniza as suas durezas, não condescende com as nossas debilidades. Mas é preciso encará-lo serenamente. Não conheceis esses corações meigos, fracos, danosos, que um córtex de árvore enrugada e sombria oculta aos olhos vulgares? Insisti, familiarizai-vos; e acabareis vendo, afinal, como o sobrecenho se desfranze, a aridez se orvalha, o amargor se adoça, e de onde se ouriçava de obstáculos e antipatias a crespidão impenetrável, começam a soabrir inesperados favos, a abrolhar surpresas, a destilar mimos, a se tramar sutilmente de liames e carícias inefáveis a rede, que nos enlaça para sempre nas suas malhas. Fez-se carne da nossa carne: entrou da epiderme ao músculo, do músculo ao nervo, do nervo à medula, ao coração, ao tecido pulmonar, ao oxigênio do sangue, à célula cerebral, ramificando os fios imperceptíveis de vaso em vaso, entretecendo-os de fibra a fibra, atravessando-os de glóbulo em glóbulo, até se implantar em nós inseparavelmente, como a mais orgânica das nossas necessidades e o mais generalizado elemento da nossa vida. Eis o trabalho como o eu amo, como o eu sinto, como é mister, para regenerar o homem, para transformar os povos, para criar os moços. 

Somente a aquisição desta segunda natureza não se obtém sem o seu tirocínio especial um pouco árduo nos primeiros começos, mas logo depois cheio de salutares compensações. Evitai o perfunctório, o superficial, o atamancado. Ousai sempre o que meditadamente resolverdes. Ultimai sempre o que tentardes. Proponde-vos a tarefa, estreita, moderada, circunscrita, segundo o vosso alento; mas esgotai-a, limai-a, poli-a. Não vos fique dúvida, que não esquadrinheis; imperfeições, que não corrijais. Tende por igualdade dignos de consideração assim os máximos, como os mínimos defeitos; e não vos escape aresta, interstício, aspereza, macha, inarmonia. Não dissimuleis, em suma, com a vossa obra. Quando vos sair das mãos, seja, até onde puderdes, acabada. E, se destarte vos exercitardes algum tempo, tereis adquirido o grande hábito, o hábito salvador, o hábito do trabalho sério, educativo, fertilizante. Praticai-o assim que não vos arrependeres: será o criador da vossa fortuna, o ornamento do vosso nome, o consolo de vossa velhice. Mas, não começando nos anos juvenis, tarde será nos outros. Vegetareis então como o sapé das terras cansadas, entonado, exuberante, mas ocioso, bravio, daninho, símbolo da esterelidade e ostentada ao sol. 

*********

Coletânea Forense para Os Estudantes de Direito (*) 

(*) Fonte (Textos extraídos do livro): Sylvino Gonçalves. Rui Barbosa: coletânea forense para os estudantes de direito. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1959. 

Rui Barbosa foi a maior figura literária da sua geração. Ninguém o sobrepujou em cultura, profundidade de conceito, eloquência e pureza da linguagem. 

Advogado, jurisconsulto, jornalista, político, estadista, ensaísta e vernaculista, cuja obra cívica foi comparada à facúndia de Cícero com a vernácula expressão do padre Vieira. 

P.S. Rui Barbosa, o erudito, despetalava a flor do Lácio caprichosamente, glosa-se, até hoje, em todos os principais cursos de Direito do Brasil. E os casos se tornaram extravagantes, quando, por motivos alheios à própria vontade, o luminar descia da torre de marfim para contatos fortuitos com a plebe rudimentar.



sábado, 27 de janeiro de 2024

Por que “cacetinho”?

 

1ͣ versão 

A origem é portuguesa, pois em Portugal “cacete” é um nome comum para este determinado formato de pão, comprido e alongado. Por ser menor que o habitual dos pães europeus, acabou sendo incorporado na linguagem popular como “cacetinho”, lembrando também que povos lusófonos possuem tendência a abusar do diminutivo. 

Indo mais a fundo na etimologia, ela tem este nome em referência a uma rua em Paris que se chamava “Rue Cassette”, famosa no século 19 por ser a rua das padarias; então, eles traziam esse pão e falavam que era o “pão da Rua Cassette”, até essa denominação virar o nome do alimento propriamente dito. 

2ͣ versão 

Quando trouxeram a baguete para cá, era muito comprido, o que dificultou a venda. Então se fez uma miniatura da baguete, que é o pão francês. O nome de 'cacetinho' faz alusão ao formato da baguete, que é tipo um bastão, um cacete. A versão menor virou o “cacetinho”. 

3ͣ versão 

O autor do Dicionário de Porto-Alegrês, Luís Augusto Fischer, explicou que o nome está ligado diretamente ao pão baguete, aquele francês famoso. Ou seja, o antigo pão ‘cacete’ diz respeito justamente a essa palavra: para quem não sabe, esse é o sinônimo de um porrete ou pedaço de pau. Algo parecido com um cassetete.

Pois essa versão diminuída do que seria um ‘cacete’, no sentido de um pedaço de pau, acabou virando então a origem do nome cacetinho para pão no Rio Grande do Sul. 

O chefe de cozinha e pesquisador, Fabrício Goulart, vai mais longe. Segundo ele, as famílias mais ricas do estado mandavam seus filhos para estudarem na França. Com isso, muitos voltavam de lá inspirados pela culinária local e acabaram trazendo o pão baguete. 

Contudo, por ser estranho aos locais do Sul do Brasil, esse tipo de pãozinho acabou ganhando uma versão diminuída, o famoso pão cacetinho.

Pão francês 

Sendo mais uma entre as muitas coisas que no Brasil têm nomes remetendo para outros países, mas que nem sequer existem nesses países, a história conta que os padeiros Portugueses contratados em massa pelo Brasil, no século 19, ali introduziram o hábito do “pão fresco’ ‒ pão de produção diária ‒ em unidade individual.

Aí, com o seu astuto o seu “olho” comercial ‒ conhecendo bem o tão brasileiro “tique” de sobrevalorizar o que tem nome estrangeiro ‒ chamaram-lhe “pão francês”. 

Se bem que exija uma enorme dose de boa vontade para chamar pão ao que os brasileiros transformaram o pão “francês” introduzido pelos portugueses!

A Casa da Gritaria

 

‒ Que barulhada! exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das interjeições. Será algum viveiro de papagaios? 

‒ São elas. Aquilo lá dentro parece um hospício, porque as Interjeições não passam de gritinhos. 

‒ Gritos de quê? 

‒ De tudo. Gritos de Dor, de Alegria, de Aplauso... 

A Casa das Interjeições parecia mesmo um viveiro de papagaios. Assim que entrou, Emília viu passarem correndo dois gemidinhos de Dor: ‒ as Interjeições Ai! e Ui! Logo em seguida viu, a dar pulos, três gritinhos de Alegria: ‒ Ah! Oh! Eh! Depois viu três de nariz comprido, as Interjeições de Desejo: ‒ Tomara! Oh! Oxalá! E viu três num entusiasmo doido ‒ as Interjeições de Animação: 

‒ Eia! Sus! Coragem! E viu quatro de Aplauso, batendo palmas: ‒ Viva! Bravo! Bem! Apoiado! E viu quatro com caras de horror e nojo, que eram as Interjeições de Aversão: ‒ Ih! Xi! Irra! Apre! E viu algumas de Apelo, chamando desesperadamente alguém: ‒ Olá! Psiu! Alô! E viu duas de Silêncio, encolhidinhas, de dedo na boca: ‒ Psiu! Caluda! E viu uma bem velhinha, de Admiração ‒ Cáspite! 

‒ Que baitaquinas! ‒ comentou Emília, tapando os ouvidos. ‒ Já estou tonta, tonta... 

‒ E há ainda aqui ‒ disse o Verbo Ser ‒ esta pequena caixa com as Onomatopeias, ou Interjeições Imitativas de certos sons. 

Emília viu nessa caixinha as Onomatopeias Chape!, que imita o som do animal patinhando n’água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoc!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo. E viu Tchibum! ‒ que imita barulho duma coisa que cai n’água. E viu Trrrilin!, que imita som de esporas no assoalho. E viu Tique-Taque, som de relógio. E Toque-Toque, som de batida em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelotadas do bodoque de Pedrinho. 

‒ Sim, senhor! ‒ disse Emília, retirando-se. ‒ São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoada. Lá no sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ainda várias outras inventadas por nós. Tia Nastácia é uma danada para inventar Interjeições. Danada para tudo, aquela negra...

Imagem de Carta Capital 

(Do livro “Emília no País da Gramática”, de Monteiro Lobato)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Não deixe o velho entrar!

 

Esta é a resposta que o admirado e nonagenário ator Clint Eastwood (31.05.1930) deu ao cantor country Toby Keith, quando lhe perguntou qual era o seu segredo para se manter ativo e brilhante na sua idade. 

‒ Quando me levanto todos os dias não deixo o velho entrar. Meu segredo é o mesmo desde 1959. 

Mantenha-se ocupado. Nunca deixei o velho entrar em casa. Tive que arrastá-lo para fora, porque o cara já estava confortavelmente instalado, me dando um pé no saco a toda hora, não me deixando espaço para nada além de nostalgia. Você tem que se manter ativo, vivo, feliz, forte, capaz. 

Está em nós, na nossa inteligência, atitude e mentalidade. Somos jovens com independência. Você tem que aprender a lutar para não deixar “o velho entrar.” Aquele velho que nos espera, parado e cansado na beira da estrada para nos desanimar. 

Não deixo entrar o velho espírito, o crítico, hostil, invejoso, aquele ser que perscruta nosso passado para nos amarrar com queixas e angústias remotas, traumas revividos, ou ondas de dor. 

É preciso virar as costas para o velho fofoqueiro cheio de raiva e reclamações, sem coragem, que nega a si mesmo que a velhice pode ser criativa, determinada, cheia de luz e proteção. 

Envelhecer pode ser prazeroso, e até divertido, se você souber usar o tempo, se estiver satisfeito com o que conquistou e se continuar tendo a ilusão, acrescenta Clint Eastwood, uma lenda com dez indicações ao Oscar, dos quais ganhou quatro estatuetas.*

Todos eles depois de terem ultrapassado o limiar dos anos sessenta. Isso se chama “não deixar o velho entrar em casa.” 

Essas palavras atingiram o cantor country Toby Keith tão profundamente que o inspiraram a compor a música “Don't let the old main in.” (Não deixe o velho entrar.), dedicado ao lendário ator. 

Do Faceboook de Fátima  

* Clint Eastwood já levou quatro estatuetas do Oscar para casa: melhor filme e melhor diretor por “Os Imperdoáveis” (1992) e melhor filme e melhor diretor por “Menina de Ouro” (2004).

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Vocabulário de um partideiro

 Martinho da Vila

Imagem da internet

Ê, partideiro,

Venha comigo versar,

Pode ser no infinitivo,

No plural ou singular. (bis)

 

Desembargar, perfilar, desestressar,

Manacás, jacarandás, jequitibás,

Velejar, ancorar, mergulhar,

O meu problema é que eu não sei nadar.

 

Igarapés, jacás, chipanzés,

Rodapés, parangolés, candomblés,

Macaé, Aperibé, Mucuriré,

Este lugar eu não sei nem onde é.

 

Ê, partideiro,

Venha comigo versar,

Pode ser no infinitivo,

No plural ou singular. (bis)

 

Juritis, colibris, bentivis,

Tambaqui, lambari, jaraqui,

Açaí, pequi, kiwi,

Na caipirinha ou até no daiquiri.

 

Vovós, bisavós, tataravôs,

Cotó, brocoió, bocó,

Forrós, catimbós, forrobodós,

Galinha branca deu pro galo carijó.

 

Ê, partideiro,

Venha comigo versar,

Pode ser no infinitivo

No plural ou singular. (bis)

 

Lundus, caxambus, maracatus,

Turiaçu, Grajaú, Bangu,

Urubus, anus, bacurus,

Carlos Lacerda mandou gente pro Guandu.

 

Ô da Vila, tá falando de Quem?

Carlos Lacerda, Xande, foi governador do Rio...

Ih! Ouvi falar, mas tô por fora

Sou da nova geração.


Frases de Jô Soares

 (16.01.1938 ‒ 05.08.2022)

“Sendo gordo e ter o apelido de poeta – acho que já era uma vitória.” 

“Tudo o que fiz e tudo o que faço sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre.” 

“Eu sou um chorão de marca maior com coisas comoventes, de tristeza, não.” 

“Na minha vida, tudo o que eu fiz foi tomando riscos. Só tenho consciência disso depois de a coisa feita.” 

“O humor foi minha maneira de ser diferente, em vez de ser diferente pelo fato de ser gordo.” 

“A vida continua… A vida é, sabe… É o que a gente veio fazer aqui.” 

“As minhas lembranças de infância são muito mais da época do colégio interno no Brasil, onde eu chorava muito, era uma coisa excessiva. Era uma coisa de sensibilidade quase gay. Se você não tivesse uma média de notas superior a 5, você ficava preso no fim de semana. Isso me desesperava, acho que isso que me obrigou, na época, a ser bom aluno. Eu tinha um medo de passar o fim de semana no colégio.” 

“A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa.” 

“Mulheres são as melhores drogas para se viciar.” 

“O ser humano aprende a falar com cerca de 3 anos, a ouvir, nunca.” 

“O material mais barato do mercado é o professor.” 

“Mas às vezes é bom sentir saudades, só a saudade mostra a verdadeira importância que uma pessoa tem em nossas vidas!” 

“A vida é como um quebra-cabeça. O importante não é ter todas as peças, é colocá-las no lugar certo.” 

“Eu sou o conjunto dessas pessoas [que trabalharam comigo] – e felizmente sou gordo o bastante pra que todas caibam no meu corpinho.” 

“São poucos os que se importam, os outros são só curiosos.” 

“Você escolhe seu caminho, seus valores, suas ações, elas definem quem você é.” 

“Encontre a pessoa que vai te dizer a verdade, mesmo que isso te deixe triste. Esse é o seu verdadeiro amigo.” 

“Pois, diante desse imenso ponto de interrogação que é o futuro de todos nós, reformulei minhas crenças: estou me dando o direito de não pensar tanto, de me cobrar menos ainda, e deixar para compreender depois.”  

“Hipótese é uma coisa que não é, mas a gente faz de conta que é para ver como seria se ela fosse.” 

“Não leve a vida tão a sério, quebre regras, perdoe rápido, ame de verdade, ria descontroladamente e nunca lamente nada que tenha feito.” 

“Não viva em função da opinião de outras pessoas. Elas não sabem o que realmente se passa pela sua vida.” 

“O sorriso de quem ama é lindo. Mas o sorriso de quem sofre é ainda mais lindo, pois além de sofrer têm a capacidade de sorrir.” 

“Foi uma lição para toda a vida, uma dessas iluminações que clareiam o caminho: o humorista precisa ter toda a liberdade possível e impossível, não pode sofrer preconceitos e restrições na sua maneira de pensar.” 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Oração paterna

Esta é uma oração escrita pelo general Douglas MacArthur, um militar e escritor estadunidense, destacado comandante do exército americano durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Senhor, dá-me um filho que seja forte bastante para saber quando é fraco, e corajoso o bastante para enfrentar a si mesmo quando tiver medo; um filho que seja orgulhoso e inflexível na derrota inevitável, mas humilde e generoso na vitória. 

Dá-me um filho cujos desejos não tomem o lugar das obrigações; um filho que Te conheça e que saiba que o conhecimento de si mesmo é a pedra fundamental de toda a sabedoria. 

Guia-o, eu Te suplico, não pelos caminhos das facilidades e do conforto, mas sob a pressão e o aguilhão das dificuldades e dos obstáculos; que aprenda a manter-se ereto nas tempestades e saiba ser compassivo para com os que fracassam. 

Dá-me um filho de coração puro e objetivos elevados; um filho que saiba dominar-se antes de procurar dominar os outros, um filho que aprenda a rir, mas que não desaprenda de chorar; um filho que tenha os olhos para o futuro, mas que nunca se esqueça do passado. 

E, depois que lhe tiveres concedido todas esses dons, dá-lhe, eu Te rogo, compreensão bastante para que seja sempre um homem sério, sem, contudo, se levar muito a sério. Dá-lhe humildade, Senhor, para que possa ter sempre em mente a simplicidade da verdadeira grandeza, a tolerância da verdadeira sabedoria, a mansidão da verdadeira força. 

Então, eu, seu pai, ousarei murmurar: “Não vivi em vão!” 

Por General Douglas Mac Arthur

Irretocável

 Silvana Duboc

Tenho cabelos vermelhos, pintados, para esconder os fios brancos. Não me lembro exatamente em que ano eles começaram a branquear... 

Tenho algumas rugas em volta dos olhos, mas também não me recordo quando elas começaram a aparecer. 

Tento disfarçá-las, tantas novidades no campo da dermatologia, achei por bem aproveitá-las. 

Do corpo não cuido quase, só recentemente entrei para uma academia por ordem médica. Ele me disse que na minha idade preciso de exercícios... Mas falto mais do que vou, não gosto de fazer ginástica. 

Das minhas unhas cuido semanalmente, penso que elas são uma porta de visita. Unhas maltratadas causam uma péssima impressão! 

De uns dois anos pra cá descobri os cremes e aí compro um aqui, outro ali e no final não uso nenhum, mas compro, só de olhá-los na prateleira já percebo que as rugas se retraem. 

Sou assim, vaidosa, mas não sou em excesso, penso que sou na medida certa, na medida correta para uma mulher. Enfim os anos passam e as marcas que eles deixam em nós, não temos como conter. Nem pretendo isso! 

Acho que cada marca, que meu corpo carrega, tem uma linda história. Às vezes me pego na frente do espelho descobrindo uma nova ruguinha e já me coloco a pensar o que a causou. Depois reencontro com outra que já está lá vincada há anos e me recordo quando ela apareceu. 

Poderia enumerar também a história de cada fio de cabelo branco.  Foram filhos, maridos, amigos que colocaram eles ali. Não quero me desfazer de nenhuma dessas marcas, apenas amenizá-las, acho que mereço isso. A vida me deve isso. 

Atualmente a parte que merece mais a minha atenção, tem sido a cabeça. 

Tento, todos os dias, colocá-la no lugar, equilibrá-la, alimentá-la com sonhos e alegrias. Corpo e mente caminham juntos. 

Se um estiver em estado lastimável, o outro provavelmente vai se deteriorar. 

Não escondo minha idade. Não adiantaria falar que tenho trinta e cinco e apresentar uma filha de vinte e sete. Portanto eu confesso: tenho quarenta e oito anos*.  Metade deles bem vividos, a outra metade muito sofrida. Mas é exatamente aí que está o encanto da minha idade. Conheci de tudo um pouco, das lágrimas aos sorrisos e ambos me fizeram ser essa pessoa que sou hoje. 

Ficaram as rugas no rosto e na alma, mas também ficaram sorrisos em ambos.  Minhas rugas mais bonitas são aquelas marcas de expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o coração chorava. 

******* 

* Idade em que a escritora escreveu esta crônica.


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O sabonete

  

Um garoto pobre, com doze anos de idade, vestido e calçado de forma humilde, entra na loja, escolhe um sabonete comum e pede ao proprietário que o embrulhe para presente. 

- É para minha mãe ‒ diz, com orgulho.

O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou com piedade para o seu freguês e, sentindo uma grande compaixão, teve vontade de ajudá-lo. Pensou que poderia embrulhar, junto com o sabonete comum, algum artigo mais significativo. Entretanto, indeciso, ora olhava para o garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja. Devia ou não fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não. 

O garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse duvidando de sua capacidade de pagar. Colocou a mão no bolso, retirou as moedinhas que dispunha e as colocou sobre o balcão. O homem ficou ainda mais comovido quando viu as moedas, de valor tão insignificante. Continuava seu conflito mental. Lembrou de sua própria mãe. Fora pobre e, muitas vezes, em sua infância e adolescência, também desejara presentear sua mãe. Quando conseguiu emprego, ela já havia partido para o mundo espiritual. 

O garoto, com aquele gesto, estava mexendo na profundeza de seus sentimentos. Do outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava logo o sabonete? Impaciente, ele perguntou: 

- Moço, está faltando alguma coisa? 

- Não ‒ respondeu o proprietário da loja ‒ é que, de repente, me lembrei de minha mãe, que morreu quando eu ainda era muito jovem. Sempre quis dar um presente para ela, mas, desempregado, nunca consegui comprar nada. 

Na espontaneidade de seus doze anos, perguntou o menino:

- Nem um sabonete?

O homem se calou. Refletiu um pouco e desistiu da ideia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete com o melhor papel que tinha na loja, colocou uma fita e despachou o freguês, sem responder mais nada. A sós, pôs-se a pensar. Como é que nunca pensara em dar algo tão pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera que presente tinha que ser alguma coisa significativa, tanto assim que, minutos antes, sentira piedade da singela compra, e pensara em melhorar o presente daquele garoto. Comovido, entendeu que, naquele dia, tinha recebido uma grande lição. Junto com o sabonete do menino, seguia algo mais importante e grandioso, o melhor de todos os presentes: o gesto simples de amor!

 (Autor desconhecido)


Diferença entre preço e valor

 

Hoje, um vendedor de rua, com seu carrinho, passou por mim vendendo bolo de pote. 

‒ Quanto custa cada pote? 

‒ Cinco reais, senhor, e têm de vários sabores. 

‒ Está bem, quero um. 

‒ Obrigado, senhor, que Deus lhe devolva em dobro. 

‒ Obrigado digo eu, ótimo trabalho para você e que venda muito!

‒ Não curto esses “bolo de pote” ‒ comentou um colega. 

‒ Eu também não ‒ respondi. 

‒ Ué, então por que você comprou? ‒ Esses 1, 2, 5 reais que você gasta por dia comprando essas coisas na rua você estaria melhor investindo na bolsa ‒ brincou. 

Respondi para ele

‒ Quando eu compro o bolo de pote, biscoito, bombom, bala de goma, mandiolate, pão das pessoas na rua, eu penso que estou investindo em sonhos. Não tem retorno financeiro, mas é sempre uma alegria vê-los feliz. 

Se você nunca precisou trabalhar vendendo nada, faça esse esforço mental: um sol de 45º, andando o dia todo e só recebendo “não”. Desanimador, não é mesmo?

Agora imagine quando uma venda é realizada, quando um cliente aceita comprar o seu produto, é um combustível, você vai ficar até vender todos, vai fazer no outro dia e vai tentando ser cada vez melhor. 

Com o dinheiro das vendas, o vendedor de bolos sustenta a família, gasta no mercado do seu Zé, faz a economia girar e ainda segue acreditando no próprio potencial. 

Sempre que possível, invista em sonhos, que a vida lhe devolve em dobro. Positivo!



segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Vacilou, perdeu a mulher...

 

Vacilão 

Composição de Zé Roberto 

Aquilo que era mulher,
Pra não te acordar cedo, saía da cama na ponta do pé.
Só te chamava tarde, sabia teu gosto.
Na bandeja, café, chocolate, biscoito, salada de frutas,
Suco de mamão.
 

No almoço era filé mignon
Com arroz à la grega, batata corada,
Um vinho do bom.

No jantar era a mesma fartura do almoço
E ainda tinha opção.

É, mas deu mole, ela dispensou você. 

Chegou em casa outra vez doidão,
Brigou com a preta sem razão,
Quis comer arroz doce com quiabo,
Botou sal na batida de limão.

Deu lavagem ao macaco,
Banana pro porco, osso pro gato,
Sardinha ao cachorro, cachaça pro pato.

Entrou no chuveiro de terno e sapato, não queria papo.
Foi lá no porão, pegou três-oitão,
Deu tiro na mão do próprio irmão,
Que quis te segurar.

Eu consegui te desarmar, foi pra rua de novo,
Entrou no velório pulando a janela,
Xingou o defunto, apagou a vela,
Cantou a viúva, mulher de favela,
Deu um beijo nela.

O bicho pegou, a polícia chegou,
Um coro levou, em cana entrou,
E ela não te quer mais, bem feito!
 

P.S. A gravação dessa música, na voz de Zeca Pagodinho, está na internet.


Histórias para o seu coração

 

Tudo passa... 

Certo dia, um sacerdote percebeu a seguinte frase em um pergaminho pendurada aos pés da cama de seu mestre: “ISSO TAMBÉM PASSA, e com a curiosidade inerente de cada ser, resolveu perguntar: 

- Mestre, o que significa essa frase em cima de sua cama dizendo: “ISSO TAMBÉM PASSA”? 

E o mestre sem titubear lhe respondeu: 

- A vida nos prega muitas peças, que podem ser boas ou não tão boas assim, mas tudo significa aprendizado. Recebi esta mensagem de um anjo protetor num desses momentos de dor onde quase perdi a fé. Ela é para que todos os dias antes de me levantar e de me deitar possa ler e refletir, para que quando tiver um problema, antes de me lamentar eu possa me lembrar que “ISSO TAMBÉM PASSA”, e para quando estiver exaltado de alegria, que tenha moderação e possa encontrar o equilíbrio, pois “ISSO TAMBÉM PASSA”. 

Tudo na vida é passageiro assim como a própria vida, tanto as tristezas como também as alegrias, praticar a paciência e perseverar no bem e nas boas ações, ter simplicidade, fé e pensamentos positivos mesmo perante as mais difíceis situações é saber viver e fazer da nossa vida um constante aprendizado. É ter a consciência de que todas as pessoas erram, de que o ser humano ainda é um ser imperfeito em busca da perfeição e por isso ainda sofre, é saber que se muitas vezes nos decepcionamos com pessoas é porque esperamos mais do que elas estão preparadas para dar, dentro de seu contexto e grau de compreensão. 

Deste modo, meu amigo, toda vez que olho para essa frase, meu coração se aquieta e a paz me invade, pois sei que ISSO TAMBÉM PASSA. 

Tudo depende de mim!

Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. 

Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer às águas por lavarem a poluição. 

Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. 

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria... ou posso ser grato por ter nascido, ou agradecer por ter trabalho. 

Posso sentir tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por  ter um teto para morar.  Posso lamentar decepções com amigos... ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. 

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu  quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.

“Tudo depende só de mim.”

Convide o amor para entrar na sua casa. 

Uma mulher saiu de sua casa e viu três homens com longas barbas brancas, sentados em frente ao seu quintal. Ela não os reconheceu. Então ela disse: 

- Acho que não os conheço, mas devem estar com fome. Por favor, entrem e comam algo. 

- O homem da casa está? − perguntaram... 

- Não, ela disse, está fora. 

- Então não podemos entrar − eles responderam. 

À noite, quando o marido chegou, ela contou-lhe o que aconteceu. 

- Vá e diga que estou em casa e convide-os a entrar. 

A mulher saiu e convidou-os a entrar. 

- Não podemos entrar juntos – responderam. 

- Por que isto? − Ela quis saber. 

Um dos velhos explicou-lhe: 

- Seu nome é FARTURA. Ele disse apontando um dos seus amigos e mostrando o outro, falou: 

- Ele é o SUCESSO e eu sou o AMOR. E completou: Agora vá e discuta com seu marido qual de nós vocês querem em sua casa. 

A mulher entrou e falou ao marido. Ele ficou arrebatado e disse: 

- Que bom! Neste caso vamos convidar a FARTURA. Deixe-o entrar e encher a nossa casa de fartura. 

A esposa discordou: 

- Meu querido, por que não convidamos o SUCESSO? 

A cunhada dele ouvia do outro canto da casa. Ela apresentou sua sugestão: 

- Não seria melhor convidar o AMOR? Nossa casa estará então cheia de amor. 

- Atendamos para o conselho da minha cunhada, disse o marido para a esposa, Vá lá fora e chame o AMOR para ser nosso convidado. 

O AMOR levantou-se e seguiu em direção a casa. Os outros dois levantaram e seguiram-no. Surpresa a senhora perguntou-lhes: 

- Apenas convidei o AMOR, por que vocês dois entraram? 

Os velhos homens responderam juntos: 

- Se você convidasse a FARTURA ou o SUCESSO, os outros dois esperariam aqui fora, mas se você convidar o AMOR, onde ele for iremos com ele. Onde há AMOR, há também FARTURA e SUCESSO! 

“Um dia...” 

Um dia, Jesus e o diabo estavam conversando e Jesus perguntou ao Diabo o que ele estava fazendo com as pessoas aqui na terra. Ele respondeu: 

- Estou me divertindo com elas, ensino a fazer bombas e a matar; a usar revólver; a odiar umas às outras; a casar e a divorciar; ensino a abusar de criancinhas; ensino jovens a usar drogas; a beber e a fazer tudo o que não se deve! Estou me divertindo muito com elas... 

Jesus perguntou: 

- E depois, o quê você vai fazer com elas? 

- Vou matá-las e acabar com elas. 

Jesus perguntou: 

- Quanto você quer por elas? 

O diabo respondeu: 

Você não vai querer estas pessoas, elas são traiçoeiras, mentirosas, falsas, egoístas e avarentas! Elas não vão te amar de verdade, vão bater e cuspir no Teu rosto, vão Te desprezar e nem vão levar em consideração o que Você fizer! 

- Quanto você quer por elas, diabo? 

- Quero todas Tuas lágrimas e todo o Teu sangue! 

‒ Trato feito! 

E... Jesus pagou o preço da nossa liberdade!