(com explicação)
A
cultura nacional está repleta de histórias e mitos antigos que povoam o nosso
imaginário coletivo. Confira, abaixo, as mais famosas lendas e personagens do
folclore brasileiro, com um comentário acerca das suas simbologias e origens:
1. Lenda do Curupira
Um
dos personagens mais célebres do nosso folclore, o Curupira é uma criatura que habita
as florestas e vive para proteger a fauna e a flora do local. A lenda nasceu na
tradição indígena e fala sobre um menino (ou, em algumas versões, um homem de
estatura baixa) com cabelos de fogo.
Para
defender todas as formas de vida que habitam os seus domínios, ele é conhecido
por ter os pés ao contrário. Isso lhe garantiu a fama de “enganador”: suas
pegadas indicam o caminho errado para os caçadores ou qualquer ser humano que
pretenda invadir ou destruir as matas.
2. Lenda da Cuca
Muito
célebre na cultura popular, a Cuca é uma terrível bruxa que, muitas vezes, é
representada com cara e garras de jacaré. A lenda é usada na educação infantil:
através de antigas cantigas de ninar, a personagem serve como ameaça, para que
as crianças caiam no sono e se comportem bem.
Associada
à magia, aos sonhos e à noite, a história tem origens no folclore português e
chegou ao Brasil durante o período da colonização. Assim, teria sido inspirada
na figura da Coca, um dragão malvado que é morto por São Jorge durante a
procissão religiosa do Corpo de Cristo, uma tradição que ainda se mantém,
atualmente, na região do Minho.
3. Lenda do Boto
A
lenda faz parte do folclore indígena e, assim como outras do mesmo universo,
está ligada às águas, muito presentes nas regiões de origem, integrando seus
cotidianos e modos de vida. O boto-cor-de-rosa é um golfinho fluvial que habita
o rio Amazonas, em torno do qual se inventaram muitas histórias. Em algumas
versões, ele usa um chapéu para esconder o buraco na cabeça, que identifica a
sua natureza mágica.
Segundo
os relatos, em algumas noites, ele consegue sair do rio e se transformar
num homem cheio de encantos. Nessas madrugadas, passeia em busca de moças
que seduz, mas após o encontro amoroso, retorna à sua forma natural e regressa
à água.
Muitas
vezes, essas mulheres acabam engravidando e gerando os “filhos do Boto”, ou
seja, crianças que nasceram de pai desconhecido.
4.
Lenda do Saci-pererê
Também
conhecido só como Saci, ele habita as florestas e é famoso pelas travessuras
que pratica. Com apenas uma perna, caminha aos pulos, fumando um cachimbo
e usando um gorro vermelho que lhe confere poderes mágicos.
Em
algumas versões, é encarado como uma criatura maléfica, mas noutras é apenas um
garoto que gosta de brincar com os humanos e confundi-los: entra nas casas e
esconde os objetos ou muda os seus lugares, atrapalha o trabalho, etc.
A
lenda se originou na mitologia indígena, do Sul do Brasil, ganhando nomes e
descrições diferentes. Com o tempo, foi sendo alterada como resultado do
processo de colonização, ganhando influências africanas e europeias.
5. Lenda da Iara
A
lenda da Iara, ou Mãe d’Água, nasceu entre os povos indígenas brasileiros.
Trata-se de uma sereia bela e sedutora que habita o rio Amazonas. Com os
seus encantos, ela atrai os homens para o fundo das águas, fazendo com que se
apaixonem e morram afogados.
A
história também foi sendo transformada ao longo dos tempos, ganhando outros
contornos e versões. Inicialmente, a figura terá surgido na forma masculina, o
Ipupiara, uma criatura mitológica que provocava naufrágios e se alimentava dos
pescadores.
6. Lenda do Tutu
Associado
à figura do Bicho-papão, o Tutu é uma criatura monstruosa que pode assumir
várias aparências. Assim como a Cuca, a lenda está presente nas canções de
ninar e é usada para educar as crianças, integrando a herança cultural
portuguesa que chegou ao país durante o período colonial.
Conhecido
pela sua força e brutalidade, muitas vezes o personagem é representado como um
porco-do-mato selvagem e ameaçador. A figura também foi influenciada por
elementos africanos: por exemplo, o nome “Tutu” teria sido inspirado num termo
do quimbundo, “quitutu”, sinônimo de “ogro” ou “monstro”.
7. Lenda da Mula sem cabeça
A
célebre lenda fala sobre o espírito de uma mulher que foi amaldiçoada e
condenada a permanecer eternamente no corpo de uma mula que, em vez de ter
cabeça, tem apenas chamas.
Em
algumas regiões, o povo fala que consegue escutá-la galopando, durante as
madrugadas, com rapidez e violência. A figura surgiu na cultura europeia e se
tornou muito popular durante o período da Idade Média, estando presente em
diversas obras literárias dessa época.
O
pecado cometido por esta mulher pode variar, dependendo da versão, mas o mais
consensual é de que ela teria sido amante de um padre.
8. Lenda da Cobra-grande
Também
conhecida como Boiuna e Cobra Nonato, entre outros nomes, a personagem é muito
popular sobretudo nas regiões do norte e nordeste brasileiros. Trata-se de uma cobra
gigantesca que habita nas águas profundas do Amazonas e assusta todo mundo que
a vê.
A
lenda indígena terá nascido na região da Amazônia, mas foi sendo transmitida
para outras localidades e se transformando. Para alguns povos, ela era apontada
como a criadora dos rios, já que o seu corpo teria gerado os percursos na terra
por onde as águas corriam.
9. Lenda da Vitória-régia
A
antiga história tupi-guarani nasceu no norte do país e, assim como outras
lendas do mesmo imaginário, pretende explicar a origem de um elemento natural.
Neste caso, se refere às plantas com o mesmo nome que são comuns na Amazônia.
No
enredo, uma moça indígena, Naiá, está apaixonada pela Lua, chamada de Jaci. Nas
crenças do seu povo, as mulheres que Jaci amava eram levadas para o céu e
viravam estrelas.
Um
dia, quando se debruçou nas águas para beijar o reflexo da Lua, ela caiu e
morreu afogada. Jaci, triste com a notícia, transformou-a na bela planta
aquática, para que seu espírito se eternizasse naquele lugar.
10. Lenda da Pisadeira
A
lenda brasileira que nasceu entre a tradição popular está presente sobretudo no
interior de Minas Gerais e São Paulo. A Pisadeira é uma figura assustadora e
esguia, com dedos finos e unhas afiadas que passeia pelos telhados e observa os
humanos.
Quando
alguém come muito durante o jantar, ela invade o seu quarto e pisa no seu
estômago, provocando sensações perturbadoras como falta de ar e paralisia
momentânea.
Segundo
os relatos, quando acordam, as suas vítimas devem esfregar os pés um no outro
três vezes, para evitar que ela regresse para atormentá-las.
11. Lenda do Negrinho do
Pastoreio
A
lenda brasileira surgiu durante o século XIX e combina influências africanas e
cristãs, com um enredo que se passa nos duros tempos da escravidão. O
personagem é um menino negro que foi violentamente castigado pelo dono da
fazenda, quando um cavalo fugiu.
O
homem largou seu corpo numa estrada, pensando que ele teria morrido. Contudo,
no dia seguinte, viu o garoto totalmente recuperado, montando o cavalo que
sumiu e acompanhado pela imagem de Nossa Senhora. A partir daí, o povo começou
a pedir a ajuda do Negrinho do Pastoreio sempre que um objeto desaparecia.
12. Lenda do Corpo-seco
O
mito que veio da Península Ibérica para o Brasil também é chamado de Unhudo e
fala sobre um cadáver que ficou abandonado na Terra, após cometer um grave
pecado. Em algumas versões, ele teria assassinado a mãe e noutras seria um homem
extremamente cruel.
Conhecido
por assombrar os humanos e assustá-los, anda vagueando pelo nosso mundo, já que
o seu espírito não pode subir aos céus. Segundos os relatos, ele tem uma
aparência ressecada, com unhas e cabelos longos, que continuam crescendo depois
da sua morte.
13. Lenda do Lobisomem
O
monstro lendário, que integra a mitologia da Grécia Antiga, é um ser humano que
passa a assumir a forma de um lobo, durante a lua cheia. Em outras culturas,
surgiram diversas histórias semelhantes: homens que se transformavam em
predadores como leopardos, leões e tigres.
A maldição poderia
ser causada por diversos fatores, segundo as variações da lenda. Ocorreria como
um castigo divino, com crianças que não eram batizadas ou com o sétimo filho
homem de um núcleo familiar.
Presente
em livros, filmes e videogames contemporâneos, na versão moderna da lenda, o
Lobisomem só pode ser morto com uma bala de prata.
14. Lenda do Mapinguari
A
criatura lendária, que habita a floresta amazônica, tem sido descrita, através
dos relatos, como um enorme monstro coberto de pelos vermelhos. Com apenas
um olho, ele tem garras e dentes afiados, caminhando pela região e devorando
tudo o que aparece.
Também
chamado de Isnashi, o personagem do folclore brasileiro teria sido um bravo
guerreiro que assumiu aquela forma para permanecer entre a natureza, depois da
sua morte.
Algumas
teorias apontam que a figura poderá ter sido inspirada na preguiça-gigante, um
animal pré-histórico.
15. Lenda da Macaxeira
Também
conhecida como lenda da Mandioca, a história de natureza indígena
vem explicar a origem da raiz tão usada na alimentação daqueles
povos. Havia, entre os tupis, uma menina chamada Mani que era muito amada por
todos.
Um
dia, ela ficou muito doente e seus pais fizeram tudo o que podiam para curá-la.
Mesmo assim, nada funcionou e Mani acabou falecendo e sendo enterrada na oca
onde morava.
Pouco
tempo depois, uma planta desconhecida nasceu no local, a Macaxeira ou
Mandioca, e suas raízes passaram a alimentar a população.
16. Lenda do Capelobo
Semelhante
à história do Lobisomem, esta é uma lenda indígena que surgiu no norte do país.
O Capelobo é um monstro que combina características humanas e animais, podendo
ter elementos de tamanduá, anta, cachorro, etc.
Bastante
popular nas regiões do Pará, Maranhão e Amazonas, a criatura vive nas matas e,
durante a noite, passeia perto das casas em busca de alimentos. Embora costume
comer bichos domésticos, também pode matar os caçadores da área e beber seu
sangue.
Segundo
os relatos, ele emite gritos que podem ser ouvidos durante as madrugadas e a
única forma de derrotá-lo é atingi-lo com um tiro no umbigo.
17. Lenda da Caipora
Semelhante
ao Curupira, a figura do imaginário tupi-guarani habita as florestas e protege
os animais dos caçadores. Dependendo da versão e da região, a personagem pode
ser representada como sendo um homem ou uma mulher.
De
estatura baixa, cabelos vermelhos e com grande agilidade, Caipora cavalga um
porco-do-mato e emite gritos para afugentar os seres humanos da região.
18. Lenda do Bicho-papão
Conhecido
por vários nomes, o Bicho-papão é um antigo ser mitológico que se manifestou em
diversas partes do mundo. Associado ao sentimento de medo, trata-se de um
monstro que é usado na educação infantil, para evitar comportamentos errados.
Como
o nome indica, o Papão tem a terrível fama de invadir as casas e devorar as
crianças que não obedecem às regras da sua família. Assim como a Cuca, a
personagem também está presente nas antigas canções de ninar da língua portuguesa.
19. Lenda do Papa-figo
Também
chamado de Homem do Saco, o personagem do folclore brasileiro é conhecido
sobretudo nos meios rurais. Por vezes, a criatura é descrita como um homem de
aparência comum, mas noutras versões tem dentes de vampiro e garras
pontiagudas.
Segundo
a história popular, ele sofria de uma doença rara e, para se curar, bebia o
sangue comia fígados de crianças que sequestrava com o saco que carregava
sempre. O intuito da narrativa é ensinar os mais novos sobre os riscos de conversar
com desconhecidos.
20. Lenda da Comadre
Fulozinha
Uma
variante da lenda da Caipora, a figura do folclore nacional está mais presente
na região do nordeste. Trata-se de uma guardiã da vida natural, descrita como
uma mulher indígena de cabelos muito compridos que monta um cavalo.
Conhecida
pelo seu assobio, muito temido, ela também prega peças nos humanos, como
trançar as crinas dos cavalos ou deixar os portões das fazendas abertos.
(Do blog O Pensador)