segunda-feira, 7 de junho de 2021

Antologia do besteirol

 Se não sabe nada sobre o assunto, não responda nada!

A reportagem é um pouco antiga, mas a questão da desinformação do povo é sempre atual. É da revista “Isto É”, de 1989, nela um radialista inventa perguntas absurdas, recebe respostas enlouquecidas e prova que o medo de parecer desinformado é maior que o do ridículo. 

As pessoas que transitam pela avenida Paulista, em São Paulo, são “entrevistadas” pelo radialista Luiz Flávio Guimarães, da Rádio Transamérica, no programa chamado Trans-Piração. A varinha de condão é um simples microfone, suficiente para transformar suas pergunta e afirmações enlouquecidas em realidades dignas de reflexão. 

Leia abaixo a pequena antologia de opiniões colhidas entre jovens, velhos, eles e elas, sobre temas criados por Luiz Flávio: 

Que acha do projeto do Ministério da Saúde de aumentar os impostos para pessoas que têm nariz maior e por isso consomem mãos oxigênio? 

− Tá certo, porque se não falta oxigênio pra gente.

− Não é certo isso aí. Tem pobre que não vai poder pagar. 

Da exposição e a visita de Leonardo da Vinci ao Brasil? 

− De repente ele vai ver esta pouca vergonha e vai falar lá fora, né meu?

− É bom, quanto mais cultura para o País, melhor. Inclusive eu conheço ele. A minha vó morou na mesma cidade e foi colega dele de infância. 

Do Ulisses Guimarães (quando ainda era vivo) posar nu para uma revista? 

- Depois da pouca vergonha que todos os políticos tão cometendo por aí, acho que sair nu na revista não vai fazer diferença nenhuma pra ele.  

− Achei muito feio. Vi ele pelado na revista e achei horroroso. 

Do namoro da Xuxa com o Nélson Ned? 

− Quero que o romance vá pra frente. Já estava sabendo faz tempo. A Xuxa é uma menina nova e o Nélson Ned um rapaz mais velho. Então, dá certo.

− Não sei. Até pode dar certo pra quem já namorou o Pelé... 

Do projeto dos vereadores de São Paulo de revogação da lei da gravidade? 

− Acho que vou ser prejudicado. Do jeito que tão as condições da gravidade, tá ruim. Gravidade no Brasil tá cada vez pior. 

Do São Paulo querer trazer para o time o Platão, jogador grego que era filósofo? 

− Se ele vier com o pique todo, com toda a raça pra jogar futebol, pode dar certo. Pelo jeito, acredito que deve ser um bom jogador. Eu já sabia porque acompanho nos jornais o dia-a-dia do futebol.

− Se ele se converteu pra jogador, que continue até vencer o contrato dele. Não temos nada a condená-lo. 

Do projeto do governador Orestes Quércia (quando era governador) de mudar o nome da cidade de São Paulo para Gotham City? 

− Estava sabendo pelo telejornal e pelo rádio, mas sou contra.

− Acho Gotham City o melhor nome que tem. 

De Villa-Lobos ter voltado a reger orquestra? 

− Fui assistir no Teatro Municipal. Superimportante. É um clássico, tem muito a ver.

− É importante para combater essa coisa internacional que tá pintando e influir um pouco na cabeça da juventude. 

Da ideia do Metrô de São Paulo de substituir o bilhete magnético por um selo na testa do usuário, com validade por um ano? 

− Tendo em vista que país do Terceiro Mundo tá tendo de sofisticar tecnologia, isso aí é uma tecnologia nova que tem de ser analisada friamente.

− Acho bastante válido. Dando certo ou não, tem de ter a iniciativa. O que falta ao Brasil é iniciativa, não ficar copiando.

− Acho mais fácil, não precisa ficar enfiando a mão no bolso toda hora. 

Do projeto do prefeito Marcelo Alencar (quando era prefeito da cidade) de vender o Cristo Redentor para pagar as dívidas do Rio? 

− Ele não tem um milímetro de brasilidade.

− Não pode. Vende o Bateau Mouche, não o Cristo Redentor.

− A questão é a dívida externa: nem Deus paga. 

Da Prefeitura de São Paulo ter liberado uma área do parque Ibirapuera para ser campo de nudismo? 

− Acho que, se a censura liberou tudo na televisão, é uma boa. Eu tiraria a roupa e ficaria nu lá mesmo. Apesar do Jânio Quadros fazer tanta loucura, essa é uma ótima ideia. Nota mil.  

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